Amnésia? Traumatismo craniano? Falta de vitaminas no cérebro? Nada faz sentido quando eu penso no porquê a Lalisa não me reconhece. E nesse momento, enquanto estou aqui, sentada na frente de sua cama no seu quarto de hospital, ela me encara com um olhar que eu não consigo decifrar. Não mais.
— A gente se conhece da escola, né? — ela pergunta. Apenas assinto, sentindo um nó na garganta, que me fará explodir em lágrimas, se eu tentar falar. — Chaeyoung me contou tudo, sobre como você me ajudou. Eu nunca poderei te agradecer o suficiente.
— Lembre de mim.
— Quê?
— Se quer me agradecer, por favor, lembre de mim... — sinto uma lágrima, finalmente caindo do meu olho.
Lalisa me encara durante algum tempo, mantendo contato visual comigo, para quebrá-lo alguns segundos depois, encarando o chão.
— Eu não posso...
— Quê? — encaro ela, confusa.
— Quero dizer... Eu não consigo. — ela se auto corrige. — Eu... Já tentei pensar em algum outro momento em que eu te vi, mas nada me ocorre.
— Como isso é possível, Lalisa?! — meu tom de voz aumenta ligeiramente, não sendo capaz de esconder meus nervos. — Como você pode simplesmente esquecer de uma única pessoa, assim, do nada?! Que tipo de amnésia é essa?
Ela engole em seco, voltando a me encarar. — Eu não sei...
— Pois então, tem de existir uma explicação! Isso não faz absolutamente nenhum sentido!
— Não grite comigo, por favor... — ela pede, quase sussurrando, me fazendo perceber que talvez esteja descontando meus nervos do jeito errado.
— Eu... Me desculpa. — me aproximo dela. — Desculpa, de verdade... Eu só estou tentando entender, porque tudo isso soa impossível.
— Talvez isso... seja bom?
— Bom?
— Sim... — ela encolhe os ombros. — Talvez a gente possa começar de novo. Finja que não me conhece, e vamos construir nossa amizade de novo. Ainda mais forte. — ela sorri fracamente.
Fecho os olhos, suspirando. — Eu adoraria fazer isso, Lali... Mas não há tempo.
— Hm? — ela me olha, confusa.
— Eu vou precisar te contar umas coisas muito loucas agora. E eu não tenho tempo para você duvidar de mim, então por favor, confie em mim. Eu sei que estou te pedindo muito, tendo em conta que você não me conhece mais, mas é realmente importante.
— Como assim? O que está acontecendo?
— Você lembra do que aconteceu com você? Sobre toda essa história do assassinato que você não cometeu?
Ela me encara. — Como você sabe que eu não cometi?
— Porque... — faço uma pausa, tentando encontrar o melhor jeito de continuar minha frase. — Porque eu tenho uma sensibilidade diferente das outras pessoas.
— Sensibilidade?
— Sim, mas outro dia a gente conversa sobre mim. Nesse momento, o que importa é você.
— Jennie...
— Você tem algo dentro de você que te levou a assassinar aquele professor. Algo que não é normal, e também não é bom. Essa coisa está em você para te fazer mal e te machucar. E ela precisa sair.
— Eu não...
— Lalisa, me escuta. Eu não quero te assustar. Mas eu conheço pessoas que podem te ajudar. Pessoas com conhecimentos muito melhores do que os meus nesse assunto!
— Não...
— Essas pessoas são da minha confiança, e conhecem o processo que é necessário para tirar essa coisa de você. Se você confiar em mim nisso, tudo pode voltar ao normal!
— Eu não posso fazer isso!! — a de franja eleva o tom de voz repentinamente, me fazendo encolher ligeiramente.
Ela respira fundo, fechando os olhos com força durante algum tempo. Me aproximo dela com medo de que algo de mal esteja acontecendo, mas então, ela volta a me encarar, com um olhar totalmente diferente de antes. Um olhar frio e duro, que realmente me assusta. — Você está louca?
— Quê?
— Que tipo de conversa de malucos é essa?
— Lalisa...
— Eu não te conheço de lugar absolutamente nenhum, e você entra aqui, falando um monte de merda, me dizendo que eu estou possuída? É isso?
Sinto o nó na garganta voltando a se formar. — Eu sei que é difícil de acreditar, mas...
— Jennie. — ela me interrompe. — Eu não estou bem. Acabei de tentar me matar, porque me sinto pior do que nunca. Se você pudesse me poupar dessas suas histórias de fantasia loucas que você lê antes de dormir, seria a maior ajuda que você poderia me oferecer.
Encaro ela, minha visão se tornando turva imediatamente após escutar suas palavras duras, e que eu não estou acostumada a escutar vindo dela.
— Agora, vá embora. — ela fala.
— Mas...
— Eu preciso descansar. Saia daqui.
Engulo em seco, assentindo derrotada. Me levanto caminhando até a porta, porém me volto para trás, antes de abrir a mesma.
— Me perdoa... Eu só queria te ajudar.
Ela não volta a me olhar, apenas mantendo seu olhar congelante na parede na sua frente.
Apenas desisto, abrindo a porta e saindo daquele quarto enjoativamente branco, caminhando pelos corredores da mesma cor. Todas as lágrimas que eu segurava antes têm finalmente a minha permissão para cair, me fazendo desabar.
Paro de andar, me encostando na parede mais próxima e escorregando para baixo. A única prova de que existe um chão para mim nesse momento, é o fato de eu estar sentada nele, porque o que eu senti foi o mesmo abrindo e abandonando meus pés, assim que ouvi o discurso duro de Lalisa.
Tudo o que eu queria, era ajudar ela a se livrar do que a atormenta, fazer de tudo para provar sua inocência e ver seu olhar brilhando de felicidade de novo.
Mas agora, quando eu olho para a possibilidade de isso acontecer, ela está mais longe do que nunca. Tudo o que a gente tinha se desmoronou a partir do momento em que ela perguntou meu nome hoje.
E o meu maior medo é que aquilo que se destruiu não possa voltar a ser construído. Nunca mais.
*
EAI VADIAS!!
pois eu estou aqui, DE VOLTA, pra dar um rumo nisso aqui, tal como vocês pediram, e me deixaram muito muito feliz!!
obrigada por todo o apoio, mesmo eu indo e voltando, alguns de vocês ficaram e isso significa muito para mim :)))
espero que vocês gostem e fiquem comigo para mais alguns capítulos, até a gente dar um conclusão na história dessas duas. eu prometo que vou fazer de tudo para superar as expectativas de vocês.
um beijo gigantesco! amo vocês <3
Inês ❣️
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ᴅᴜsᴋ ☾ ᴊᴇɴʟɪsᴀ
Fanficonde jennie kim tem o mesmo sonho todas as noites, com a mesma garota. quando no primeiro dia de aulas, jennie vê a garota do sonho entrando pela porta da sua escola, ela percebe que aquilo não pode ser apenas uma coincidência.