13. "o que você é?"

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- Muito bem, alunos, podem começar a prova. - Seokjin anuncia enquanto se senta atrás da mesa do professor.

Respiro fundo e encaro a folha do enunciado, lendo a primeira pergunta.

"Explique de que modo a socialização pode ser instrumento de reprodução dos modelos sociais vingentes."

Engulo em seco. Melhor passar para a próxima, talvez eu saiba responder.

"Relacione socialização com controlo social."

Tá, eu não vou saber responder nenhuma dessas perguntas. Talvez eu deveria realmente ter aceitado a ajuda de Lalisa e não ter afastado ela, porque agora eu estou sentindo o efeito das minhas atitudes.

Ergo meu olhar para verificar se Seokjin está focando em mim, apenas para ver ele com as pernas cruzadas em cima da mesa, e o celular em suas mãos.

"Sua incompetência vai me render uma boa cola, seu idiota."

Sorrio vitoriosamente, enquanto pego meu celular do bolso, discretamente, desbloqueando e abrindo as mensagens com a garota de franja, sentada algumas mesas na minha frente.

- Trocando mensagens com a Lalisa de novo, Jennie Kim?

A voz do Kim mais velho se faz presente na sala, me fazendo arregalar os olhos e guardar o celular de volta no bolso imediatamente. Lalisa se volta para trás, me encarando, visivelmente confusa.

"Filho da..."

- Celular. - pulo com o susto de sua voz firme, agora na frente da minha mesa. - Na minha mão, agora.

Suspiro, pegando e celular e colocando na mão dele.

- Pense bem se for fazer essa brincadeira uma terceira vez. Porque na terceira vez, você vai pegar ele na diretoria. - ele sorri sarcasticamente.

Aperto a caneta na minha mão com toda a força que eu tenho, encarando aquele sorriso irritante que permanece no rosto do Kim durante alguns segundos. O homem volta a se sentar do mesmo jeito de antes, pegando seu aparelho.

Antes de voltar a me focar na minha prova, decido checar se Lalisa por algum acaso não está olhando para mim nesse momento, para talvez, milagrosamente, conseguir me ajudar por gestos.

Mas minha respiração prende-se, involuntariamente, no mesmo segundo em que eu coloco a vista em cima da de fios negros. Lalisa não parece nem um pouco importada com nada além de sua prova, porém, bem perto dela, na frente de sua mesa, está aquela mulher. Aquela velhota, de novo.

Suas vestes são as mesmas das últimas duas vezes que eu a vi, mas seu semblante não carrega uma expressão tão feliz e tranquila como antes. Agora, sua expressão facial é mais carregada, cheia de preocupação e talvez... tristeza?

Meu coração pula com toda a força possível dentro do meu peito, assim que a velha decide se aproximar de mim e da minha mesa. Apenas me mantenho imóvel e sem piscar, aguardando os próximos passos ou palavras dela.

Tenho certeza de que ela não é real, humana e de que não possa me tocar, ou me machucar, e também acredito que não é isso que ela quer, nem nunca foi. Por isso, apenas observo a mesma.

- Você precisa se preparar... - o tom de voz da mulher soa tenso, quando ela fala. - Você precisa ficar do lado dela nesse momento de dor.

Momento de dor? Ficar do lado dela? Ela, quem?

- Me escute... - a velha toca minha mão com a sua, e assustadoramente, eu não sinto nada. - Por favor, Juliette, eu sei que você está aí dentro... Não abandone ela... Eu prometo que vai ficar tudo bem.

ᴅᴜsᴋ ☾ ᴊᴇɴʟɪsᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora