10. "confiança"

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L A L I S A

Segunda feira. É incrível como duas palavras podem provocar tanta dor e sofrimento no nosso psicológico. Principalmente para alguém que passou o final de semana inteiro trancada dentro de um quarto, sem ver ninguém, e que queria continuar assim até ao fim dos seus dias. Esse alguém sou eu.

Normalmente depois de um acontecimento negativamente marcante na minha vida, eu quero simplesmente fingir que eu não existo. Primeiramente, porque eu realmente queria poder não existir, e segundo porque detesto o jeito como todo mundo falha na tentativa de tentar esconder o sentimento de pena em relação a mim, e como agem forçadamente para tentar que eu me sinta melhor. Sei que a intenção não é má, mas me faz sentir ainda pior do que se todo mundo fingisse que eu não existo.

Então, para evitar esse sensação irritante, eu simplesmente me tranquei no meu quarto desde que cheguei em casa naquela sexta-feira, o dia da festa.

Assim que eu entrei no quarto naquela noite e me enterrei em meus pensamentos sobre o que tinha acontecido, um sentimento de culpa imenso me invadiu assim que eu lembrei do olhar horrivelmente assustado de Jennie na minha direção, o qual eu consegui enxergar de relance quando ela saiu com Chaeyoung. E a culpa se intensifica ainda mais quando eu lembro de todas as promessas que fiz para ela, quando a prometi que ela estaria segura, fiz ela confiar em mim, trazer seus melhores amigos para a minha festa, e no final acabei sendo eu a maior ameaça da noite para ela.

Mas a verdade é que eu não sou vidente, nem tenho qualquer tipo de poder sobrenatural para saber que Im Jaebum iria aparecer naquele lugar para me assombrar. Sempre existe uma possibilidade de algum membro de uma gangue que não simpatize tanto com a gente decida aparecer para destabilizar, mas eu não perco o controle com esses pequenos rebeldes indisciplinados. Mas com aquele homem, eu perco.

É impossível manter o controle com o assassino de seu pai na sua frente.

- Lalisa? - consigo escutar a voz de Chaeyoung depois de algumas batidas leves na porta. - Você vai vir para a escola?

Engulo em seco, engolindo meus pensamentos junto, e pego minha bolsa e a chave da porta, destrancando e abrindo a mesma, encontrando minha melhor amiga, já pronta para dar meia volta e ir embora sozinha.

- Vai para onde sem mim? - pergunto, fazendo a mesma se voltar para trás, surpresa por ouvir minha voz.

- Porra! - ela larga sua bolsa no chão, e pula em mim, me abraçando pelo pescoço.

- Me larga, ou eu vou asfixiar! - falo, embora rindo junto com ela.

- Cala a boca, sua filha da puta, você não imagina a preocupação que você me deu esses dias! - ela soca meu braço.

Isso que eu gosto na Chaeyoung. Embora eu não goste de sentir que as pessoas têm pena de mim, como referi antes, Chaeyoung é diferente. Ela expressa sua preocupação de um jeito agressivo, com insultos e palavras de baixo calão. Eu amo isso nela.

- Desculpa, eu prometo que não irá acontecer de novo. - Eu espero.

- Bom mesmo, porque se acontecer, eu dou a porra de um tiro nessa fechadura e entro no seu quarto na força do ódio. - ela fala visivelmente irritada, me fazendo rir.

- Nesse caso, a fechadura nova vai cair na sua conta. - falo, descendo as escadas na frente dela, escutando seus passos logo atrás.

- Pipipi popopo. - ela zoa, recebendo meu dedo do meio de volta.

O caminho para a escola é calmo, preenchido apenas com conversas normais, e também cantando as músicas que passam no rádio. Chaeyoung me conhece e sabe que a última coisa que eu quero é conversar sobre o que aconteceu, então sei que ela não vai tocar mais nesse assunto, e a agradeço mentalmente por isso.

ᴅᴜsᴋ ☾ ᴊᴇɴʟɪsᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora