Niragi odiava aquele lugar.
Ele nunca foi lá muito fã de hospitais, ainda mais por ter visitado tantas vezes em sua adolescência por causa de braços e costelas quebradas ou um que outro corte profundo que necessitava mais do que um simples band-aid.
Talvez fosse por essas más recordações que ele odiava estar ali naquele momento.
Ele havia passado por mais uma cirurgia plástica para reconstruir sua aparência depois das queimaduras sofridas no acidente. E ele só queria poder ir para casa de uma vez.
Mas não, ele estava ali naquele quarto branco tedioso envolto em camadas e mais camadas de bandagens e ele ainda tinha um colega de quarto esquisito e irritante que desaparecia de repente.
Para piorar, sua pele estava comichando e ele não podia fazer absolutamente nada.
Com raiva, ele tacou longe a bandeja de comida que estava no apoio da cama. A bandeja metálica ressoou quando chocou no chão, o conteúdo do prato se espalhou e o suco de laranja se derramou.
--- ENFERMEIRA! HEY, SUA PUTA VACA DE BRACO! EU PRECISO DE AJUDA! --- Niragi gritou, mas apesar das funcionárias passando do lado de fora do quarto, ninguém entrou para ver o que ele queria, o que apenas fez Niragi ficar ainda mais irritado. --- Bando de vadias de merda. Muito ocupadas trepando com os médicos na sala do descanso, imagino. Babacas. A gente paga pelo serviço e não recebe porra nenhuma... --- Niragi tagarelou sozinho no quarto, encarando a janela.
Seus olhos vasculharam o quarto procurando alguma coisa que ele pudesse usar para aliviar sua coceira, mas não havia nada ali. E o fato dele estar com curativos até mesmo em suas mãos tornava impossível ele fazer o trabalho por conta própria. Frustrado, ele apenas tentou desfocar sua atenção para outra coisa, esperando que passasse seu problema se ignorasse o comichão.
Alguns instantes depois de seu pequeno surto, a porta se abriu e ele girou a cabeça para ver quem vinha ali.
Uma garota pequena, bonita, de cabelos em um desbotado tom de lilás, usando um jaleco branco.
--- Uma garota bonita, finalmente. Já é hora de brincar de médico?
Ele olhou bem para a garota enquanto ela se aproximava dele.
Sua forma pequena dava uma breve ilusão dela ser frágil e inocente, mas toda a inocência de sua forma parava ai. Porque só de se olhar em seus olhos, via-se que a garota não tinha nada de inocente. Havia uma sombra em seus olhos. Uma sombra perversa e, até mesmo, cruel de algum segredo que apenas ela tinha a chave de revelar. Seu semblante refletia inteligência e perspicácia, dando uma impressão de ser fria, um tanto orgulhosa e demasiadamente segura de si.
--- Olá, Niragi
Aquela voz.
Algo na voz da garota fez um estalo de familiaridade soar na mente dele que estreitou os olhos tentando se recordar de onde ele podia conhecer aquela garota.
Com certeza não era dos tempos do colégio e, mesmo que fosse, não teria como ele a reconhecer quando ele estava todo enrolado como uma múmia.
Foi então que um lampejo de memória passou diante de seus olhos. Ele com aquela mesma garota que havia acabado de entrar no que parecia ser um quarto de hotel, fumaça nebulava o lugar enquanto eles transavam.
A memória passou como um raio rompendo o céu em uma tempestade, tão rápida que mal deu tempo para Niragi recordar que lugar era aquele. Porque ele tinha certeza de nunca ter tido grana o bastante para pagar o que parecia ser uma suíte de luxo como aquela. Então ele não sabia dizer se aquilo era apenas um sonho ou se ele apenas havia se esquecido de tal momento de sua vida.
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𝐖𝐢𝐜𝐤𝐞𝐝 🃏 Alice in Borderland
FanfictionKōshin Haigha é a Lebre de Março, e talvez ela seja mais louca e perigosa que os jogos de Borderland. "--- 𝘈𝘲𝘶𝘦𝘭𝘦𝘴 𝘵𝘳ê𝘴 𝘤𝘢𝘳𝘢𝘴 𝘴ã𝘰 𝘰𝘴 𝘮𝘦𝘭𝘩𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘥𝘰 𝘨𝘳𝘶𝘱𝘰 𝘮𝘪𝘭𝘪𝘵𝘢𝘳, 𝘦 𝘢 𝘨𝘢𝘳𝘰𝘵𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘴𝘵á 𝘤𝘰𝘮 𝘦𝘭𝘦�...