Thomas
— Por acaso perdeu o juízo? — pergunto após escutar a garota tentar sair pela porta da frente pela terceira vez — Aquele errante só pode ter batido sua cabeça com força, porque eu realmente não consigo encontrar outra explicação.
— Não vou mais perder meu tempo aqui esperando mais errantes aparecerem ou mais dos seus amiguinhos chegarem — ela diz, visivelmente irritada.
— Ótimo então! Abra a porta! Vamos ver quanto tempo dura lá fora no escuro e com um monte daqueles monstros por aí — falo sem paciência.
A ruiva pensa por alguns segundos. Estamos aqui a quase duas horas. Entramos na primeira loja que achamos no caminho. Ficamos um tempo esperando para ver ser mais errantes apareciam, porém parece que eles já se foram. A garota quer sair daqui e começar a nossa longa jornada até a OISH porque ela acha que se ficarmos esperando, mais problemas vão aparecer. Eu certamente discordo. Minha perna dói e a dor está se tornando mais intensa. Estou seriamente achando que se amputassem minha perna seria melhor. Fecho meus olhos quando uma pontada de dor percorre o local onde levei o tiro.
— Qual é o seu problema? Não está me ouvindo? — a garota pergunta inclinando o corpo na minha frente.
— Eu acho que a cidade inteira está te ouvindo — respondo coçando minha testa.
Estou começando a me arrepender de ter salvado a vida dela. No momento era mais uma questão de sobrevivência, visto que na minha condição eu não teria chance de permanecer vivo sozinho, contudo agora ela vai acabar matando nós dois falando desse jeito e tentando sair daqui.
— Não podemos arriscar ficar aqui mais um tempo. Os oficiais da OISH estão perto e vão acabar nos encontrando — ela fala andando de um lado pro outro.
— Vai começar — digo revirando os olhos.
— O que? — ela pergunta parando e se virando pra mim.
— Você, andando de um lado pro outro pensando em mais uma ideia terrível que vai acabar com nós dois mortos.
— Olha aqui, eu não sobrevivi esse tempo todo pensando em ideias e fazendo escolhas terríveis. Não sei se você percebeu, mas não está em posição te tomar decisões aqui, e digo mais, só está vivo porque eu ainda preciso de você, mas isso pode acabar mudando se continuar a agir dessa forma.
— Me explica uma coisa, por um acaso suas ótimas escolhas foram o que levaram seu irmão a ser pego pela OISH? — digo levantando a sobrancelha.
— Não fale do meu irmão.
— Você não tem ideia de onde ele está.
— Vou encontrá-lo.
— Não vai conseguir. Nem sabe como ele está.
— Ele está bem!
— Ele está morto!
Nessa hora a garota se joga na minha direção e coloca a faca no meu pescoço se apoiando na minha perna a arrancando um grito de mim.
— Nunca mais diga isso — ela fala devagar e com raiva.
Fecho meus olhos sentindo uma dor insuportável na perna. A garota percebe e se afasta olhando para o lugar onde levei um tiro.
— A quanto tempo isso está assim? — ela questiona observando o sangue que escorria por minha perna.
— Não sei. A uma hora talvez. Quem sabe mais — digo sentindo minha perna ficar dormente.
— Não podemos sair daqui — ela fala decepcionada.
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Jogo de Sobrevivência
Teen FictionE se o mundo que conhecemos não existisse mais? E se boa parte da população mundial estivesse morta e aqueles que restaram estivessem em guerra? O mundo não é mais o mesmo. Após um vírus se espalhar, pessoas começam a se transformar em monstros qu...