XI- Tectunque

23 2 0
                                    

Thomas

Nós não vamos morrer. Era o que eu dizia em minha mente enquanto tentava formular um novo plano para sairmos dessa sala vivos. Os errantes eram fortes e empurravam cada vez mais, jogando seus corpos contra a porta e nossa barreira, que estavam prestes a ceder.

— Não vamos conseguir sair daqui.— a garota dizia com uma cara preocupada.

— Vamos sim. Eu não sobrevivi a suas várias ameaças, tentativas de me matar e outras maluquices para chegar aqui e morrer— falo com raiva fazendo mais força.

Olho para trás e observo o local. Não adianta colocar mais nada na porta, e nós claramente não vamos conseguir matar todos esses errantes. Percorro o cômodo com o olhar, vejo cadeiras, mesas, um armário, um esqueleto falso, cortinas, janelas...

— Vamos sair pelas janelas!— grito para a ruiva e ela me olha, mudando sua expressão de apavorada para uma pensativa.

— Como?— ela pergunta.

— Preciso que você segure a porta enquanto eu abro a janela. Quando eu fizer isso você solta e corre até ela. Não deve ser muito alto então conseguiremos pular. Eu atiro nos errantes que estiverem atrás de você te dando cobertura— digo sentindo meus pés escorregarem e me perguntado se essa é mesmo uma boa ideia. Muitas coisas podem dar errado.

A garota parece pensar. Ela não confia em mim. Claro que não. Entretanto ela não tem muito tempo já que uma pequena fresta começa a se abrir na porta. O vidro que tem na porta que dá uma visão da sala pra quem esta do lado de fora se quebra e uma mão passa por ele tentando nos pegar. Não temos mais tempo.

— Tudo bem!— ela grita e coloca mais força na porta para compensar quando eu sair.

Aceno com a cabeça e solto a porta, correndo o mais rápido que eu consigo até a janela. Abro a tranca que tem nela e a puxo com força. Subo na janela e olho para baixo. Não é tão alto, mas também não é baixo. Pelo menos lá em baixo não é cimento e sim grama. Dá pra pular.

Olho para a garota que está me encarando e de repente uma ideia passa pela minha cabeça. Essa é a minha chance. Ela está ocupada demais com os errantes e não vai ter tempo de correr atrás de mim. E se eu não estiver lá para dar cobertura ela vai ter muito com o que se preocupar. Ela pode morrer? Talvez. Mas eu não me importo. Quando a salvei da primeira vez foi mais por um impulso, mas me arrependi amargamente. Desse vez não vou repetir o erro.

Ela parece perceber no que eu estou pensando e me olha com raiva e medo.

— Não. — a garota fala alto.

— Sinto muito. — é tudo que consigo dizer antes de fechar a janela e pular para fora do prédio.

Caio com força no chão e sinto uma dor no meu pé, e logo depois uma dor enorme na minha coxa onde levei o tiro. Não vou conseguir me levantar e correr. Mas que merda de carma instantâneo. Olho para cima e percebo que a garota ainda não está na janela, o que me dá mais um tempo para fugir. Junto todas as minhas forças e me levanto com muita dificuldade sentindo a grama um pouco molhada em minhas mãos.

Quando vejo já estou correndo, com muito custo, mas correndo. Consigo chegar até uma pequena mata que fica ao lado da escola e entro nela. Depois de correr mais alguns metros, eu paro e apoio minhas mãos na perna, inclinado meu corpo para descansar. Fecho os olhos e espero minha respiração acalmar e minha coxa parar de latejar. Só então eu paro e penso que eu não tenho nada. Nem comida, nem água e nem arma. Só tenho minha mochila vazia, já que a garota passou tudo que estava nela para sua mochila. Balanço a cabeça negativamente pensado na burrice que acabei de cometer.

Jogo de Sobrevivência Onde histórias criam vida. Descubra agora