XVII - Corra

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Hayley

O prédio está inundado em um silêncio assustador. Não vejo mais os guardas ou médicos andando de um lado para o outro  e Anne não vem até minha cela faz quatro dias. Joey voltou para sua cela ao meu lado há dois dias, mas está agindo de uma forma diferente, como se algo estivesse ocupando sua cabeça, o que deixa tudo ainda mais estranho e eu ainda mais preocupada.

Isso tudo seria um completo inferno para mim se não fosse...

— Butão — escuto Sam falar de sua cela.

— Butão? Com tantos outros países com "B" você só consegue pensar em Butão? — questiono fazendo uma careta.

— Gosto de geografia, fazer o que? — ele declara.

— Joey? — chamo atenção de meu colega indicando que é sua vez.

Estamos jogando adedanha tem mais ou menos 10 minutos e sinto que isso conseguiu distrair nossa cabeça de toda essa confusão. No entanto, apesar de não demonstrarmos, estamos todos apreensivos.

— Botsuana — Joey diz de forma casual.

— Ah qual é! Agora vocês estão apenas brincando com a minha cara — reclamo irritada por estar perdendo.

— Cor... — Sam fala um pouco mais alto tentando voltar para o jogo e me impedir de desistir de jogar — Branco!

— Bege! — grito logo em seguida, pensando que não haveriam mais cores.

— Bonina — Joey fala, quase se gabando.

— Eu te odeio — falo de forma emburrada.

— A culpa não é nossa se você... — Sam começa a falar, até que é interrompido por um barulho de porta sendo aberta.

Escuto passos pelo corredor e a porta de Joey é aberta. Não!

— Joey? — grito aflita e me levanto quando entendo que vão o levar.

Sam também parece protestar, porém ambos sabemos que não há nada que possamos fazer. Joey é levado e o local volta a ficar em um completo silêncio. Me jogo na cama e encaro a parede.

— Vai ficar tudo bem Hayley — Sam tenta me tranquilizar.

— Não, não vai — digo quase em um sussurro.

Percebo que há cada vez menos pessoas presas aqui. Os que restaram são provavelmente os que deram resultado, o que significa que vão continuar nos testando até o final. Algo me diz que o teste final vai selecionar aqueles que são o que eles querem de verdade. E aqueles que não passarem, serão descartados.

                                       ...

Poucos minutos se estendem como se fossem horas e então horas de estendem como se fossem dias. Não saber o que está acontecendo com Joey me deixa tensa.

— Eu tenho uma irmã, sabia? — Sam fala quebrando o silêncio — Claire.

— Ela... — começo a questionar, apoiando minha cabeça em minha mão e fechando os olhos.

— Não... ela ainda está lá fora. Sei disso. Também sei que ela está me procurando — ele diz soando confiante, mas sei que há uma espécie de incerteza em seu tom.

— Como ela é? — pergunto tentando me distrair com a conversa.

— Eu gostava de dizer que o cabelo ruivo dizia jus a sua personalidade. Claire tem um temperamento forte e é do tipo que não leva desaforo para casa. Ela é forte, corajosa e confiante. Também é bem mandona é muito irritante — ele solta uma risada — É engraçado como sinto falta até de nossas brigas.

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