Claire
Sombra. Graças a Deus. Depois de horas e horas andando no Sol, finalmente conseguimos nuvens grandes o bastante para impedir que a luz solar chegue até nós. Minha respiração está pesada, minha garganta seca e tenho quase certeza que um marimbondo acabou de me picar.
— Ajudaria se parássemos um pouco. — escuto Ethan que anda ao meu lado comentar.
— Não vamos parar. Não até chegarmos a Keystone. — digo decidida.
— Não vamos chegar a Keystone se morrermos no meio do caminho.
— E você não vai chegar a lugar nenhum se continuar dando palpites desnecessários— respondo irritada.
— Tá certo, não tá mais aqui quem falou. — ele diz com as mãos pra cima.
Então andamos por mais uma hora. Talvez mais, não sei. Como gostaria de ter um relógio em uma hora dessas. Passamos por uma casa branca com uma placa que dizia: "Seja bem vindo". Paro assim que percebo que aquele era o início de um condomínio de casas. Ethan continua andando sem perceber que eu parei e após alguns passos ele se vira na minha direção com uma expressão interrogativa. Me aproximo aos poucos da casa com passos curtos procurando por algum errante próximo e tentando inutilmente ver o que há dentro do lugar.
— Pensei que não perderíamos tempo parando assim. Mas parece que... — ele para de falar quando eu o calo com um olhar.
Caminho até a porta da casa e olho pela pequena janela de vidro que tem nela. Bato na madeira três vezes e espero para ver se algum errante aparece. Nada. Abro a porta com cuidado e adentro a casa olhando para trás e vendo que o garoto me acompanha. Vou até a cozinha primeiro ainda com cautela e começo a abrir os armários e a geladeira em busca de algo útil. Encontro uma lata de ervilha escondida bem no canto e um recipiente com o que parece ser picles na geladeira. Ele provavelmente não está bom, mas na hora da fome qualquer coisa pode servir.
Depois de ter certeza que chequei toda a cozinha, vou até a sala onde o garoto está jogado no sofá.
— O que está fazendo? — indago incomodada com o fato dele não estar ajudando.
— Descansando. Não sei se você se lembra mais eu levei um tiro na perna e não aguento mais dar nem um passo.— ele aponta para sua perna a colocando para cima do sofá.
— Não vamos ficar aqui por muito tempo. Vou verificar o resto da casa e podemos comer, mas vamos sair logo depois.— falo enquanto ando pelo corredor que deve levar aos quartos.
Não levou muito tempo para conferir toda a casa. Ela é pequena e infelizmente não tem muito que possamos usar. Fico aliviada quando volto para a sala e avisto Ethan ainda deitado no sofá. Não que ele tenha muitas condições para fugir no estado em que ele se encontra. Me sento na poltrona ao lado do sofá e pego a lata de ervilha que eu achei. Abro ela com a minha faca e cutuco o garoto entregando a lata para ele. Ethan pega a lata se levantando.
— Não vai comer? — ele pergunta.
— Tenho o resto da lata de milho que abri de manhã. Não coma tudo. Isso vai ser seu jantar.— aponto para a lata em suas mãos.
Comemos em silêncio. Fico o tempo todo envolta por meus pensamentos. Repasso o plano de novo e de novo na minha cabeça. Pode dar certo. Pode mesmo? Tudo que consigo pensar é em encontrar Sam. Vou fazer de tudo para vê-lo novamente.
Da última vez que nos vimos estávamos em um pequeno shopping de uma cidade que nem me lembro o nome. Tínhamos acabado de revistar o primeiro andar. Estávamos com sorte de ter achado um lugar grande assim para vasculhar. Meu irmão brincava com uma bola que ele tinha achado em uma loja de brinquedos e eu subia a escada rolante.
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Jogo de Sobrevivência
Roman pour AdolescentsE se o mundo que conhecemos não existisse mais? E se boa parte da população mundial estivesse morta e aqueles que restaram estivessem em guerra? O mundo não é mais o mesmo. Após um vírus se espalhar, pessoas começam a se transformar em monstros qu...