Informante

588 61 44
                                    

— Você está mexendo com gente grande, Rivaille... — A mulher de cabelos negros falava enquanto dirigia um carro luxuoso, com Levi no banco de passageiro.

— Estou pouco me fodendo para isso, se o dinheiro estiver na minha conta eu mexo até com o presidente. — Ele dizia enquanto acendia um cigarro.

Adaga de Prata deu um riso, balançando a cabeça negativamente.

— Faz quase um mês que você está nessa operação, nenhuma pista?

— Por que está tão interessada assim? — Ele arqueou as sobrancelhas enquanto soltava a fumaça pela boca e colocava os pés no painel do carro caro, recebendo um olhar mortal, mas pouco se importou. — Está com medo do seu grande império ficar em segundo lugar com essa encomenda misteriosa que eles estão exportando? Irá para fora, países vizinhos de acordo com as guias que você está fazendo... É coisa grande.

— Meu império ainda está intacto, só não quero meu nome envolvido em coisas nojentas. — Ela sorriu minimamente e Levi gargalhou.

— Puta hipócrita você. Desde quando você tem valores e princípios? Seus negócios hoje valem milhões e matou quantos para passar por cima disso? Preciso dizer quem você matou quando nos conhecemos? — Ele virou-se para ela com um sorriso venenoso.

— Rivaille, Rivaille... — Ela riu, venenosa igual, estacionando o carro. — Diferente de você, eu tenho algumas coisas que prefiro não me envolver por sororidade e... Empatia? Não sei se essa palavra existe no meu vocabulário. — Ela deu de ombros, pegando o cigarro dos dedos de Levi e dando um trago, assoprando no rosto dele. — Diferente de você, eu ainda poupo inocentes... Nossas mãos estão sujas de sangue, mas é o nosso lema, não é? Os fins justificam os meios.

Levi ficou quieto por um momento enquanto pegava o cigarro de volta e tragava. Novamente se viu de volta em uma noite nada muito agradável de uma das suas últimas operações. Os olhos piedosos, o choro e gritos saindo descontroladamente, quatro tiros fatais e sangue nas mãos. Aquela foi uma missão complicada e descobriu da pior forma que as emoções quando o acometiam faziam o peito doer de uma forma terrível. Nunca foi de sentir muitas coisas, se envolver emocionalmente ou deixar-se sentir sentimentos bons e novos; ele não era assim. Desde que entrou para aquele mundo – praticamente obrigado por não ter outra alternativa – depois da morte do tio, não conseguia sentir muitas coisas; exceto aquela noite.

Aquela noite sentiu mais do que deveria. O peito doía, a angústia o sufocando e um grito de dor que nunca escapou de sua garganta.

Não tinha por quem ou pelo que lutar. Era tudo por ele e para ele. Já havia tido tantas identidades, feito tantos teatros, se infiltrado em tantos locais que se perguntava como ainda conseguia lembrar seu nome verdadeiro e quem era, de fato.

— Sem arrependimentos, não é? — Ele falou enquanto jogava o cigarro pela janela, dando de ombros.

— Me surpreendo sempre com o quanto você não esboça nada. Você é uma máquina pronta para matar quem quer que seja. — Adaga falou ao ver que não conseguiu atingí-lo da forma que queria.

— Só agora você se surpreende? — Ele virou-se, sorriso cínico nos lábios. — Somos farinha do mesmo saco. Eu passo em cima de quem quer que seja para conseguir o que eu quero, prova disso está nisso aqui nessa conversa.

Ela sorriu, inclinando o corpo de forma sensual para próximo dele, agarrando a camisa preta que Levi vestia.

— Nossa ambição é grande, eu gosto de como os seus olhos transmitem isso tão bem... — Ela encarou os olhos felinos azuis, tão predatórios que amolecia qualquer um que encarasse aqueles orbes cinzentos. — Já disse que tenho inveja de quem já provou cada pedaço desse corpo?

Love Shot (ERERI - RIREN)Onde histórias criam vida. Descubra agora