Febre Dourada - Cedric Diggory

Cap. XLII - De volta ao normal

Nota da autora 1) Sugestão de música: Cigarette Daydreams - Cage the Elephant.

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Duas semanas, quatorze dias e algumas horas. Esses eram os números decorados por Cedric Diggory desde o nascimento do pequeno Ravi. Mas, como contabilizar em algarismos numéricos os momentos que eles tiveram?

Como o primeiro banho, no qual Ravi deu o seu primeiro sorriso. E Cedric fingiu engasgar para esconder o choro de emoção. Ou quando Siena acordou de madrugada com o choro estridente do bebê, mas Cedric já estava de pé ao lado do berço pensando em uma maneira de acalmá-lo.

Fora impossível contabilizar em duas semanas a coleção de instantes que Siena, Cedric e Ravi formaram. Tudo que eles sabiam era que o bebê viera para completar a relação e uni-los ainda mais.

Siena nunca amou Cedric tanto quanto naqueles últimos dias. Era difícil para ela explicar o motivo, talvez exista algo de extraordinário em ver o seu amor se transformar em pai. Ou talvez fosse o dom de Ravi em tornar a atmosfera sempre mais calma e iluminada.

O seu próprio sol, Cedric brincava ao vestir o bebê com um macacão amarelo. Siena sorriu de canto de boca e apreciou a vista. Os ombros de Cedric estavam mais largos ou era impressão dela? De alguma maneira, Cedric havia se tornado ainda mais atraente.

Os cabelos do lufano estavam bagunçados e suas bochechas rosadas. Siena pousou o olhar no rosto de Ravi e concluiu que a criança era uma cópia perfeita de Diggory. Desde a cor de olho até a bochecha com covinha. O coração da jovem deu um pulo de emoção. Ás vezes ela se pegava pensando em como se arrependeu de afastar Cedric no início da gravidez.

Mas, Siena sempre sentiu que precisava se proteger. Então talvez não fosse sua culpa, apenas um mecanismo de defesa. O importante era que ela, Cedric e Ravi haviam formado a sua família em meio ao caos da juventude, os estudos em Hogwarts e o Torneio Tribruxo.

-Você acha que é uma boa ideia?

Cedric repetiu a pergunta com graça na voz. Ele já havia percebido o olhar demorado de Siena nos seus músculos. Siena piscou algumas vezes, pois não tinha ideia do que Cedric falava. Ah sim. Ela havia sido pega no flagra por Diggory.

-Claro que sim.

Siena respondeu com indiferença. Suas bochechas queimaram e ela tentou se concentrar em dobrar as roupas recém-lavadas do bebê na cama do casal. Cedric balançou a cabeça em concordância e estreitou os olhos em um tom debochado.

-Viu só, Ravi? Sua mãe acaba de concordar em deixar você sob os cuidados de Daliah.

Cedric murmurou para o bebê com uma voz doce. Imediatamente, Ravi gargalhou. Um fio de baba escorreu pelo seu queixo molhando o macacão amarelo. Cedric fungou uma risada e limpou o queixo do bebê.

Siena revirou os olhos com graça, pois ainda não concordava em deixar Ravi... Sob os cuidados de ninguém. E Cedric sabia disso.

-Tudo bem, eu não estava prestando atenção.

Siena respondeu em um tom de redenção ao se aproximar de Cedric e do bebê. Cedric tombou a cabeça e aconchegou Ravi nos seus braços para alinhá-lo.

-Nós percebemos.

Cedric rebateu em um tom leve ao lançar uma piscadela para Siena. Ravi fez o mesmo. Siena colocou as mãos no quadril e franziu o cenho:

-Desde quando você e Ravi estão jogando no mesmo time?

Siena se referiu ao macacão amarelo de Ravi com o desenho do time de Quadribol da Lufa-lufa. Cedric suspirou, pois o presente havia sido escolhido pelos seus melhores amigos do time.

-Desde que o Ravi decidiu que será apanhador.

Cedric respondeu ao morder os lábios. Siena gargalhou baixinho e estendeu a mão para uma pilha de roupas sujas do bebê. Ok. A sua rotina consistia em procurar por roupas sujas pelo quarto... Que estava uma bagunça. Isso ainda precisava ser melhorado.

Claire e Amos haviam deixado claro que Siena e Cedric precisavam tomar responsabilidade pelas coisas do bebê. E isso significava... Pensar em tudo. Calcular os horários das sonecas de Ravi, a quantidade de mamadeira, os banhos, médicos, exames... Era muita coisa.

Cedric percebeu o olhar cansado de Siena pelo quarto do casal.

-Amanhã eu volto para o estágio no Ministério da Magia.

Cedric comentou com a voz baixa, pois o pequeno Ravi já fechava os olhos para a sua soneca da manhã. Siena engoliu em seco. Como seria... Ficar o dia todo com Ravi? Cedric parecia ser o único capaz de acalmá-lo nos ápices dos choros. O pensamento fez com que Siena estremecesse de medo.

A rotina da família Diggory era agitada e Siena não queria atrapalhá-los ao pedir ajuda.

-Você não precisa se preocupar. Eu vou dar conta.

Siena respondeu com pressa. Cedric mordeu o lábio inferior e deu mais uma olhada no quarto bagunçado. Siena sempre fora... Muito independente. E por isso, pedir ajuda era algo que nunca estava nos seus planos.

-Tudo bem, mas se você precisar de alguma coisa pode me avisar. Eu venho imediatamente.

Cedric ponderou sob o olhar desconfiado de Siena. A jovem deu de ombros e recolheu uma pilha de toalhas sujas de leite de cima da cômoda de Cedric. Internamente, Siena reclamou sobre o quarto de Cedric ser tão pequeno. Talvez se eles tivessem uma casa só para eles... As coisas fossem mais organizadas.

Siena pensou em falar sobre isso com Cedric algumas vezes, mas achou melhor evitar o assunto por enquanto. O pouco que Cedric ganhava no estágio quase não era suficiente para as despesas do bebê. Claro que Siena tinha uma herança grande por parte de Dumbledore... Mas, ainda não se sentia confortável em reivindicar o valor dos galeões.

-Tem certeza que está tudo bem?

Cedric perguntou com um sussurro. O jovem havia deitado na cama e colocado Ravi deitado sob o seu peitoral. O bebê havia dormido agarrando o dedo de Cedric. Siena sentiu a tensão ser dissipada pela cena.

-Sim, eu estou bem.

Siena mentiu para esconder a preocupação pelo dia seguinte. Uma grande parte da personalidade de Siena ansiava pela perfeição: desde notas exemplares até diversos cursos avançados e atividades extras. Siena sempre se destacou academicamente.

Mas, será que a sua perfeição a atrapalharia no papel materno? A jovem sentiu que não precisava se culpar tanto ou se preocupar. Pois, Ravi ainda estaria seguro sob os seus braços. Mas, uma dúvida pontava na sua cabeça toda vez que ela imaginava como seria estar sozinha com o bebê recém-nascido.