"Quando adestramos a nossa consciência, ela beija-nos ao mesmo tempo que nos morde."
-Friedrich Nietzsche.Deito o ômega na cama e caminhei até a janela, fechando as cortinas com cautela enquanto pensava de um modo a tratá-lo, suas costas tinham feridas profundas ainda e não podia deixá-lo com perigo de requerer uma infecção por conta de maus cuidados. Apenas consegui conter a hemorragia, mas era incerto o resultado adquirido ao tardar. Sendo assim, não demorei a buscar as ervas caseiras e ataduras para criar curativos, esperava que isso fosse o suficiente. Sua pele clara estava manchada com um vermelho escuro misturado com a lama presente no local anterior. Nunca perdoar-me-ia caso ele ficasse doente, algo o qual é muito provável.
-Está com o cenho franzido, tente relaxar um pouco, ele não vai morrer. - Yoongi disse ao ver minhas mãos trêmulas, há anos que não sinto isso, estava desesperado em consertar algo fora do meu alcance, ter poder sobre a morte não significa que tenho poder sobre quem vai morrer ou viver, apenas decido quem morre, entretanto, nesse momento eu gostaria muito de poder escolher a vida dele. - Está me ouvindo, Jeon?
-Eu tenho que impedir algo, pode fazer silêncio só por alguns segundos? - Digo frustrado e respiro fundo, rasgando o resto da camisa dele, olhando suas costas vertendo sangue, em um fluxo menor ao de antes, mas ainda sim preocupante. - Consegue me ouvir? Vai ficar tudo bem, eu prometo. - Sussurro mais para mim do que ao Jimin que estava desacordado, depois de pegá-lo no colo, por conta do movimento de andar acabou perdendo a consciência de novo. Pego pedaços de algodão, molhando o mesmo na solução com algumas plantas medicinais, uma mistura de cúrcuma, limão e alecrim, esperava que desse tudo certo, ainda bem que o outro está desacordado, assim seria mais simples para desinfectar tudo. Passo em seus machucados, tomando cuidado para limpar toda a área das feridas, eram marcas de garra e isso fazia minha alma toda atormentar-se em agonia, em uma raiva a qual nunca presenciei, um ódio maior ainda ao que eu tinha por mim mesmo. Pego as ataduras e com cuidado eu enrolo em todo o tronco, deixando o laço sobre seu peitoral, doeria muito se eu o deixasse deitado de barriga para cima, mas poderia fazer mal caso ficasse de barriga para baixo.
Sentei na cama, apoiando minhas costas na cabeceira e peguei seu corpo, o deixando deitado de frente em meu corpo, o abraçando de modo suave e deitando meu rosto em seu ombro, fechando brevemente meus olhos. Seu corpo estava voltando a ficar quente e isso era o mais puro alívio, pois sabia que estava vivo e seu sangue circulava em todo seu coração, o qual ainda batia em um ritmo calmo e constante. Não teria morte súbita e isso era completamente incrível, faço carinho em seus fios, emaranhando meus dígitos ali, sentindo toda a maciez que sua pele sempre permitia-me, era aconchegante e lembrava-me do ursinho que eu tinha quando era apenas um pequeno camponês, o qual admirava-se com tudo, até mesmo com um dente de leão voando pelos arredores das plantações, era inspirador e traz-me uma estranha calmaria.
-Por que fizeram isso com ele? - Pergunto enquanto meu polegar esfregava-se na orelha esquerda do pequeno amortecido sobre meu colo, sentia que assim poderia o proteger, precisava dessa sensação ou enlouqueceria. - Por que os caçadores perseguem híbridos? São tão frágeis e dóceis, não consigo entender e isso não entra em minha mente. - Abri os olhos, encarando o Yoongi que estava de braços cruzados no canto do quarto.
-Você não sabe? - Ergo o rosto, deixando a cabeça do pequeno aninhada na curvatura de meu pescoço e o ombro, o ajeitando com cuidado. - Cortam nossas orelhas e cauda, para vender. Quanto mais rara a espécie, mais caro. Jimin deve ser uma espécie diferente, incomum eu diria. Já conheci muitos felinos, mas igual à ele nunca vi antes, as orelhas dele são muito pontudas e peludas, além que pode parecer estranho, mas ele é maior que a maioria dos ômegas. Está batendo no seu queixo, não é? Outros ômegas alcançariam no máximo o seu peito, não passam disso. - Não tive contato com outros ômegas, por serem de menor número, a maioria estava escondida, assim como Jimin disse. - Se não pegam as orelhas, nos prendem e mandam para as fazendas, onde temos filhotes como condenados, os quais são vendidos e quando o ômega fica muito debilitado, morre antes de ter a última ninhada. A média de vida é de 25 anos, nunca conheci um híbrido que vive mais do que isso.
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Fluffly Blood • jjk + pjm
FanfictionEm uma sociedade na qual a venda de humanos metade animais era legalizada, existia um vampiro. Antiquado e amadurecido pelo tempo, vivendo despercebido por todos aqueles em sua volta, fingindo um emprego, uma família e principalmente quem era de ver...