Fluffly Blood • jjk + pjm

Capítulo 24

"Não há nada que não se consiga com a força de vontade, a bondade e, principalmente, com o amor."

-Cícero

Não achei que iria chegar tão cedo assim o inverno, mas ele estava precipitando logo na minha janela. Eu acompanhava Jimin que jazia completamente ansioso, eu não entendia o porquê suas pupilas se contraiam quando olhavam para mim, muito menos quando sibilava em minha direção e logo em seguida ele pedia por minha presença, esfregando-se em meu braço enquanto choramingava por atenção. O que esse felino queria de mim? Queria que eu ficasse mais tempo com ele, mas queria também que eu me afastasse de si.

-JungKook, pode comprar aquele bolinho que me trouxe da outra vez? Aquele recheado com chocolate... - Meu olhar cai sobre si mesmo, aquele bolinho que comprei na vinda quando soube que estava grávido?

-Mas meu querido, não há onde comprar mais isso. É inverno, eu comprei ainda no verão isso, precisa esperar mais duas estações para ter o comércio de volta. - Sua boca fechou-se em um bico grande. - Posso fazer para você, não garanto somente que haverá os ingredientes necessários para a receita.

O vejo concordando diversas vezes com a cabeça e respirei fundo, preparando-me para enfrentar a nevasca que começava a piorar pela região, a casa era bem construída para abrigar-nos do frio, mas mesmo assim era complicado manter ele dentro da casa, afinal era o dono de uma rebelião de híbridos. Eu o amava com todo meu cerne, inclusive quando fazia-se de teimoso perante minhas ordens ao batalhão, nenhuma medida de segurança referia-se a ele. Isso era frustrante, contudo, era isso que fazia eu me apaixonar perdidamente por si.

Saí finalmente, indo em busca de cacau ou qualquer coisa que eu pudesse encontrar no vilarejo mais próximo. As lojas estavam fechando e eu estava ficando cada vez mais esgotado. Não tinha cacau essa época do ano. Dei-me por vencido, pegando apenas farinha e mais alguns ovos, poderia fazer com as frutas colhidas antes da estação invernal prevalecer pela terra. Gostaria que fosse mais fácil realizar seus desejos alimentícios, porém, sempre tinha uma nova surpresa. Ou era guizado ou uma receita antiga que fiz meses atrás para si, coitado de mim se não o agradasse! Já ouviria que meus filhos teriam cara de cervo com frutas vermelhas.

Voltei aos meus aposentos, guardando o chapéu na porta de entrada e estranho o silêncio que prevalecia naquela residência que normalmente era cheia de híbridos. Os que estavam dentro de casa estavam em silêncio, parecendo respeitar alguma coisa que estava acontecendo no andar de cima. Assim que ouvi um grito, não tardei para correr escadas acima, indo ao meu quarto e encontrando aquele cheiro de sangue fresco. Tampei meu nariz para observar melhor. Meu ômega deitado, com outro entre suas pernas, toalhas úmidas e uma bacia de água. Meu marido estava dando à luz ao meu filho e eu tive a audácia de chegar agora?!

Largo tudo que tinha em mãos, caminhando ao lado do pequeno e segurando sua mão com firmeza. Sinto suas garras sendo cravadas em minha palma, mas isso não importava agora. O teste de resistência era brutal, aquela vontade de devorá-lo subindo à minha mente, turvando minha cabeça o suficiente para minha boca salivar e minhas presas formigarem. Eu não podia render aos meus impulsos mais primitivos, como se fossemos presa e caçador novamente. Não iria sucumbir, isso era inimaginável e mesmo assim se passava na minha mente a todo momento. Tinha que resistir a todo custo. Liberei minha prisão mental assim que ouvi o gemido de dor e senti o aperto em minha destra. Posicionei a mão sobre sua barriga, beijando sua testa e fechei meus olhos, rezando para todas as lendas ouvidas e lidas estarem erradas. Era possível que um filho de vampiro nascesse sem sacrificar a mãe, tinha que ser possível.

-Ele entrou em trabalho de parto assim que você saiu, faz pouco tempo que dilatou o suficiente - Ouço o ômega ressaltar, certo, ao menos não foi um descuido meu. Isso explica toda ansiedade e confusão que o felino estava. - Respira fundo e empurra, Jimin. - A respiração cortada foi puxada e logo solta, vinda de um grunhido animalesco de Jimin enquanto sua cérvix abria o suficiente para contrair e fazer força.