Capítulo 19

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"O amor é filho da pobreza e da riqueza: da pobreza, porque constantemente pede, e da riqueza porque constantemente se dá. Ao toque do amor, todo homem se torna um poeta"

-Platão.

Já fazia três semanas que eu estava preso nesse congresso. Pergunto-me qual o pior delito à lei consegui cometer nesses últimos sessenta anos. Só há vigia, o tempo inteiro os vampiros sentem essa necessidade de manter o controle absoluto sobre tudo. Não é porque somos mais velhos que detemos toda a sabedoria adquirida, temos sim mais experiência, mas manter-se preso em sua época de transformação, é, no mínimo, prepotente. O mundo muda, nós também devemos mudar.

-Alguma notícia? Nota? Qualquer coisa… Preciso voltar para casa. - Digo à recepcionista que apenas me encarou e vasculhou alguns papéis.

-Chegou uma carta para você. - Franzi o cenho e pego o envelope que era de papel seda, tinha a marca do meu carimbo cravada na cera bordô, da vela da minha biblioteca.

Caminho rapidamente aos meus aposentos, estava preocupado, exautado. Eu estava com os nervos aflorados por culpa de toda essa ladainha na Assembleia. O que custa dar um veredito rápido? É um assunto que eles tratam tem séculos. Ainda querem ser superiores, enquanto nem uma tarefa básica conseguem realizar.

Abro com cuidado a carta, percebi que tinha duas folhas, com grafias totalmente diferentes. Peguei a grafia que parecia que estava descendo uma ladeira, porque era a caligrafia em aprendizado do Jimin. Fico feliz que ele esteja estudando por conta própria, ele deve estar realmente querendo ler. Isso era uma graça. Se me mandou cartas, sinal que está tudo bem.

Era uma carta curta, mas era tão fofa!

"Oi (JnKok) JungKook!

Yoongi está me ajudando a escrever os nomes. Quando você vem pra casa? Estou com saudades e já está acabando o doce de abóbora.

Beijinhos,
Jimin."

Sorrio passando a ponta dos dedos sobre o desenho que ele mesmo fez de eu e o mesmo. Era uma graça, encheu meu coração de saudade quando botei os olhos ali. Como pode existir uma criatura tão bela e gentil como si? Era impossível, eu, logo eu, ter tanta sorte assim. Parece até mesmo que esperei todo esse tempo por ele, eu reviveria tudo o que passei apenas para poder estar com ele dessa forma.

Era amor.

A outra carta já era maior, com a grafia meio deitada, típica de Min. Sinceramente, ele nunca me mandou nenhuma carta, então estava meio assustado por estar recebendo uma. Para estar me encaminhando, é porque alguma coisa aconteceu.

"Jeon,

não sei como está o andamento do sabe Deus o que você foi fazer, mas preciso que volte imediatamente. Quando disse aquelas coisas, em essência, estava rezando para não ser verdade, porque sabia que ia ser algo que tanto eu, quanto você, nunca vimos na nossa vida. Eu sou velho, mas você é ainda mais. Faz um pouco mais de duas semanas que você não dá notícias, Jimin está passando muito mal, quase nem sai da cama em certos dias de maior enfermidade, imagino o que pode ser, porém, não tenho certeza se é e nem falarei para não o preocupar ainda mais. Notícias assim precisam ser ditas pessoalmente. Volte logo e o mais rápido possível.

Att,

Yoongi.

P.S: Jimin mandou você trazer carne de coelho e mais doce de abóbora."

Meu gatinho está passando por uma enfermidade e estou preso aqui, neste aprisionamento. Tenho que voltar, voltar para seus braços, seu calor e seu amor. Nada importa tanto quando o assunto é Jimin, ele é o que me motiva, preciso de si como força vital e aural. O que temos é forte e sei disso, entretanto, se eu não estiver presente, o que adianta todo o amor que tenho por-si quando congestionado, preso, coagulado? Se há amor, há presença, mesmo por meio de pequenos gestos, onde ali, eles realmente desabrocham. Como eu posso, minha maior prioridade é estar em seu lado na doença, cuidar de sua temperatura e manter seu estado febril em temperatura saudável. É por isso, e outras coisas, que preciso estar lá.

Fluffly Blood • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora