Fluffly Blood • jjk + pjm

Capítulo 20

"O amor é uma força, uma energia, que se manifesta na alma como um sentimento de lembrança de algo que a alma já teve, mas perdeu."

-Platão

Rio alto enquanto era empurrado no campo de dentes de leão, caindo e levando o moreno junto de meu corpo. Eu gostava desses leves momentos entre nós dois, quando ninguém mais podia interromper ou até mesmo falar disso aos nossos pais. Era um momento nosso.

-JungKook! Seu idiota, minha mãe vai me matar quando ver o que você fez. - Gargalho e o ajudo a levantar, limpando sua roupa.

-Hoseok, a tia não liga. Você sabe. - Dou uma piscadela e o vejo sorrir, fazendo todo meu corpo se eletrizar. Meu coração palpitava tão forte. Afasto minha mão e sorrio. - Vem, vamos voltar. - Sua cabeça balançou positivamente e caminho entre as árvores, indo em direção à casa dele. Hoseok era de longe meu melhor amigo, mas era inegável, eu o amava. Amava com todo o cerne do meu corpo, e sabia que nunca poderia dizer.

Quando viro para trás, o vejo ser arrastado por dois soldados nazistas, lutando e gritando por liberdade. Meus pés travaram assim que um fuzil encaixou em minha têmpora.

-Conhece esse garoto? - Fico em silêncio, eu queria me soltar e correr até aquele militar, empurrá-lo e fugir para a floresta. Meus olhos encheram-se de lágrimas vendo-o ser baleado na testa.

Corro por entre as árvores assim que desvencilhei-me dali, meu peito ardia e toda vez que tropeçava em um galho no chão, levantava e corria cada vez mais forte. Eu não sabia onde eu estava indo, não sabia mais quem eu era, não sabia o que fazer. Não sabia o que será da minha vida sem ele. Era assustador, sentia como se eu fosse morrer se parasse de correr. Eu precisava dele. As lágrimas vertiam-se pelo meu rosto, desesperadas e incessante. O que eu poderia fazer? O que eu podia mudar? Nada. Estava tudo feito. Eu o perdi.

Levanto meu rosto em direção ao céu, vendo aqueles rastros feitos pelos mísseis, a fumaça proveniente das explosões. Paro na entrada de uma vila e caio de joelhos, as chamas refletiam em meus olhos apavorados. Estava tudo acabando, o céu queimava e os gritos tornavam-se cada vez mais rasos.

Ergo o rosto com as marcas de lágrimas manchadas de poeira. Fecho os olhos, abrindo os braços e desistindo da vida naquele momento. Eu não tinha motivos para viver. Abro os olhos novamente, vendo alguma coisa passando por entre o fogo, os olhos escarlate.

Abro a boca para gritar, mas quando olhei para cima, vi um dos aviões com dois homens mirando em meu peito.

Sento na cama soltando um suspiro assustado, olhando para o lado, tateando meu corpo e me abraçando logo em seguida. Meus olhos focaram no Jimin adormecido ao meu lado e jogo a franja para trás. Levanto e caminho para o banheiro. Olho para o espelho, vendo meus olhos oscilando entre o preto e o vermelho enquanto suor escorria no meu rosto.

-Que porra é essa?! - Jogo água e engulo em seco, puxando o ar e não sabendo o que fazer com ele. Eu não respirava há anos.

Envolvo meu corpo em meus próprios braços, tremendo levemente. Eu nunca mais sonhei.

-Kooko? - Ouço uma voz preocupado e olho para Jimin com uma expressão de quem estava perdido. - Teve um pesadelo? - Aproximo-me dele e o abraço com força, escondendo meu rosto em seu pescoço, o puxando para perto. - Ei, fala comigo...

-Você não pode ir, não, não. Eu não vou perder você, não vou fazer de novo. Não. Definitivamente não. Você fica aqui, onde eu posso proteger você, ninguém vai te machucar, ninguém. - Digo entrecortado por causa do desespero, o tateando e apalpando até convencer minha mente que ele era de verdade.