Capítulo 37

2K 212 18
                                    


— Quando Pietro fez três anos, seu pai começou a viajar a trabalho. Ele dizia que precisava ficar rico para dar uma vida digna aos meninos dele. No caso vocês. — Pietro assentiu, vidrado na mulher.

— Por ele ficar até meses, fora, eu me sentia sozinha por não poder acompanhá-lo, porque eu precisava cuidar de vocês, que eram muito pequenos. Eu me sentia mal, por isso. Ele me deixou sobre o cuidado de seu melhor amigo Simon. Simon começou a se aproximar demais, e eu fragilizada, ele era um bom amigo,.era o que eu achava... Quando você, Andrew, fez seis anos, lembra que ficou triste por seu pai não estar na festa? O Simon que partiu o bolo com você.

— Eu lembro, desse traidor. — Eu disse hostil, lembrando que esse maldito Simon havia roubado meu pai.

— Pois é... depois da festa eu estava passando mal, muito enjoada. Descobri que estava grávida. — Engoli seco. 

— Sem eu perceber, Simon começou a colocar ideias na cabeça de Pablo, o fazendo desconfiar de mim. Pablo era muito possessivo e ciumento, Simon se aproveitou dessa fragilidade dele e começou a dizer que eu estava demonstrando interesse por ele. Até que um dia ele preparou uma armadilha para mim. — Apertei o copo com força, imaginando toda a cena.

— Eu tinha acabado de colocar vocês para dormir, fui para meu quarto, tomei um banho. Enrolada na toalha ouvi a porta abrir, acreditei que fosse o pai de vocês chegando da viagem, já que ele disse que
chegaria naquele dia. Mas não era, era Simon.

— Filho da puta... — Pietro murmurou.

— Eu fiquei perplexa, pedi para que ele saísse do meu quarto, mas ele fez ao contrário. Começou a retirar a blusa, se declarar para mim. Disse que Pablo estava me traindo nessas viagens e que ele não era homem para mim. Eu fiquei pasmada, quando Simon me mostrou uma foto de uma mulher abraçada ao seu pai. Antes que eu pudesse raciocinar tudo, Simon me beijou, retirando a minha
toalha. Nesse mesmo momento, o pai de vocês entrou no quarto e entendeu tudo errado. Acreditou que eu era amante de Simon.

— Esse Simon é um maldito! Sempre foi! — Declarei e a mulher assentiu.

— O pai de vocês, explosivo como era, não quis me ouvir. Acreditou na cegueira do ciúme. Agrediu Simon feito louco, que logo correu fugindo dali, me deixando sozinha para explicar o mal-entendido e depois Pablo me colocou para fora de casa apenas com a roupa no corpo. Eu me desesperei... eu disse que não ia embora sem vocês. Sem os meus filhos,
que eu não ia embora sem ele me ouvir. Mas ele disse que enquanto viajava feito louco, para conseguir me dar boa vida, eu o traía com o seu melhor amigo. Que ele não deixaria... — A mulher fez uma pausa, com o choro querendo tomar conta de seu corpo. Mas ela fechou os olhos e respirou fundo, voltando a ser forte.

— Que não deixaria os filhos irem embora com uma vagabunda. Que a partir do momento que eu o traí, eu não poderia reivindicar nada. Então ele me mandou eu me vesti, me puxou pelo braço e me jogou na rua. Eu gritava para ele me ouvir, para ouvir que era tudo um mal-entendido, mas ele não quis saber, nem deu tempo de avisar que teríamos mais um filho. Naquele tempo a lei para o amparo de uma mulher era muito leiga. Eu não pude fazer nada...

— Mãe...— Pietro sussurrou, com olhar emocionado.

— Eu fiquei na rua passando fome, frio, e medo de violência durante 4 dias. Até que um homem que acreditei ser bondoso que é o padrasto de Melissa, me estendeu a mão, me deu um emprego de faxineira em sua casa. Acabamos nos envolvendo quando eu havia completado dois meses, dois meses e meio de gestação. Para ele não se iludir,
eu contei que fui vítima de uma cilada, contei que esperava um bebê  e contei que eu tinha mais dois filhos. O homem disse que assumiria meu filho, que era para eu pensar na gravidez e esperar o bebê nascer que ele iria me ajudar a ter vocês de volta. Eu mandei muitas cartas. Não foram poucas, quase todos os dias eu escrevia ao Pablo, pedindo uma chance de me explicar, avisando que eu estava grávida de um filho dele, até quando fiz a ultra para saber o sexo, eu mandei a cópia do ultrassom para o Pablo, avisando que teríamos uma menina. As cartas sempre voltavam intactas sem ser abertas... Elas estão aqui comigo. — A mulher mostrou as cartas. Meu peito bateu forte, quando Pietro pegou algumas, abrindo as cartas pela primeira vez e lendo.

— Quando eu percebi que as cartas voltavam, eu achei estranho e decidi procurar ele e vocês. Quando cheguei na casa em que vivíamos, ele havia vendido e eu não sabia para aonde ele havia ido e levado vocês. Eu me desesperei, a única esperança que tinha de saber de vocês havia morrido. Pensei em ir na polícia, mas o padrasto de Melissa me aconselhou a ter calma, era capaz de Pablo arrumar provas contra mim e perder de vez a chance da guarda de vocês. Então eu desisti e esperei Melissa nascer para saber o que fazer. Acabei desenvolvendo uma depressão profunda e Peterson decidiu me levar para passar um tempo na Inglaterra, na terra da família dele. — A essa altura meu coração estava em frangalhos.

Será que ela sofreu tanto? Será que pelo ciúme e idiotice do meu pai, veio o meu sofrimento. Fechei os olhos lembrando do dia em que acusei Emily injustamente de traição, por ter entendido tudo errado uma mensagem do Stephen. Apertei os olhos meneando a cabeça sem acreditar. Eu estava fazendo o que o meu pai fez...

—Meu Deus! Mãe, a senhora sofreu todos esses anos, calada... Por que não nos procurou agora? O cassino é famoso. O Andrew é famoso, com certeza, ouviu falar dele em algum lugar. — A mulher sorriu triste e me encarou. Tanto ela quanto Pietro estavam com os olhos marejados.

— Acaba que eu me envolvi com trabalho na Inglaterra e Melissa vivia doente, tomando meu tempo. Eu não tive tempo de procurá-los. Quando ela cresceu, virou uma menina forte, eu tentei procurá-los. Quando fui ao cassino a uns dois anos... Mas seu irmão Andrew, não quis me ver. Disse aos seguranças que eu era uma louca, que a mãe dele havia falecido. — Levantei-me cansado de tudo aquilo. Pietro se levantou transtornado.

— Eu não posso acreditar que você foi
capaz disso, Andrew! — Pietro vociferou me acusando e eu fechei os olhos.

— Eu sempre soube de uma versão, Pietro. A que nosso pai me contou quando numa manhã acordei, procurando a nossa mãe e ela simplesmente não estava lá! Eu tive meus motivos para não vê-la!

— Não percebe? Você agiu feito o papai, nunca pensou em escutar a nossa mãe, acreditando no que ele dizia. Você sempre age feito ele, viu o que você fez com a Emily?

— JÁ CHEGA! — Gritei nervoso, arremessando o copo longe, com as mãos trêmulas. A mulher veio em minha direção e me abraçou. Nesse momento fiquei estático. Foram muitas informações, e eu nunca havia recebido um abraço materno na vida. Ela alisou meu rosto, olhando no fundo dos meus olhos.

— Meu filho... fique calmo. Você não teve culpa das circunstâncias da vida. Nenhum de nós tivemos culpa da armadilha do destino. — Permaneci em silêncio, como se estivesse em estado de choque. Antonella me soltou e estranhamente senti um vazio.

Ela foi até Pietro e o abraçou que retribuiu o abraço. Sem perceber, meus olhos ardiam e as lagrimas já desciam, esses anos todos odiando uma mulher que somente sofreu pela ignorância do meu pai...

Eu fiz exatamente como ele, tanto quanto não quis ouví-la quando me procurou, quanto o que fiz com a Emily...

A Prometida: Uma Proposta Irresistível 2 - Completa Onde histórias criam vida. Descubra agora