Sempre que estou só.

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A figura do lago e das árvores ao seu redor começavam a surgir no papel, Jennifer ao meu lado lia algum livro que não me parecia ser tão interessante, mas vez ou outra arrancava uma risada dela me fazendo questionar se não deveria começar a ler mais, as minhas visitas periódicas a biblioteca na maioria das vezes eram apenas para dormir ou ler algo da Agatha Christie.

- S/N.

A voz do meu pai surgiu da varanda de nossa casa chamando a atenção de nós duas. Ele estava usando suas típicas calças cáqui de verão. Sempre tão formal, até mesmo nas férias, meu cérebro alertou.

- Sim, papai?

- Hannah e Richy estão aqui .

Saltei da grama onde estava sentada e limpei meu shorts antes de correr em direção a casa encontrando meus amigos parados me esperando.

- Só um segundo, vou guardar isso e já volto.

Corri pelas escadas até meu quarto, joguei de qualquer maneira meu caderno de desenho sobre a cama e voltei para o corredor onde escutei murmúrios vindo do quarto de hóspedes. Me aproximei da porta encostando meu ouvido nela.

- Tão apaixonados...que medidas precisam ser tomadas. Sou uma Hanson, não somos carente, não erramos.

A voz da minha mãe saia de maneira abafada, às vezes ela se trancava e murmurava palavras sem sentido e nós sempre ignoravamos. Afinal, papai dizia que nenhum Hanson era louco o que nãoparecia ser verdade.

Me afastei da porta lentamente até alcançar a escada e descer correndo.

Abro meus olhos sentindo meu rosto apoiando sobre a superfície fria e plana do que constatei ser o piso do banheiro. Ergo meu tronco me apoiando sobre o cotovelo em seguida agarrando a privada utilizando-a como apoio para ficar de pé.

Pego o frasco de comprimidos sobre a pia e jogo quatro ou cinco na mão antes de lançá-los em minha boca bebendo um pouco de água da própria torneira.

- Droga, droga, droga.

Volto para o quarto e começo a vasculhar a calça que havia usado no dia que encontrei Alan e lá encontro o cartão com seu número. Pego meu celular pronta para digitar seu número, mas uma parte do meu cérebro me alerta interrompendo minha ação.

- Ele não vai te falar nada, S/N, não seja boba. - Falei para mim mesma caminhando de um lado a outro- Vamos, pense.

Olho novamente para tela do meu celular e ligo para única pessoa que conseguiria o que eu preciso nesse momento.

_ Finalmente me procurou.

_ Preciso que você consiga o endereço do delegado Alan Bloomgate.

_ E isso é sobre aqueles papéis de ontem, certo!?

_ Exatamente. Agora poderia conseguir isso pra mim, Jake?

_ Só me dê um minuto.

Sem encerrar a chamada escuto as teclas do seu computador serem pressionadas várias vezes. Ele é realmente útil, pensei enquanto ia até o banheiro para lavar meu rosto e escovar os dentes.

_ Encontrei e já te mandei uma mensagem com o endereço.

_ Obrigada.

_ Te encontro em um minuto.

_ Dessa vez eu vou sozinha, não quero meter alguém na confusão de invadir a casa de um delegado.

Desligo não dando a ele oportunidade de argumentar, afinal, ele certamente me convenceria a levá-lo.

A garota dos olhos de esmeralda - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora