Ligações

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O cheiro de solo molhado entrava pelas minhas narinas e a brisa daquele final de tarde agitava meus cabelos bagunçados, coloquei meu rosto sobre os braços apoiados na janela do Corolla prata sentindo os últimos raios de sol aquecerem a pele delicada de meu rosto. Abro meus olhos virando na direção de Jennifer sorrindo cansada pra ela.

- Você está parecendo um zumbi! - Disse me olhando rapidamente antes de voltar a atenção para estrada - Deveria usar as férias para descansar também.

- Preciso aproveitar meu tempo com Hannah e Richy. - Mexi no cinto que passava pelo meu pescoço de maneira desconfortável - Só vou vê-los no próximo ano.

- Como o Richy está? - Perguntou exibindo um sorriso malicioso em seus lábios - Deveria chamar ele para sair, ele parece muito lerdo para tomar alguma atitude.

- Eu não quero sair com ele. - Vi meu rosto tão vermelho quanto um tomate pelo retrovisor do carro - Somos apenas amigos.

Ela não falou nada apenas sacudiu a cabeça de maneira negativa dando um sorriso leve enquanto eu mais uma vez voltava a admirar a paisagem...

Me sentei abruptamente, a mão sobre meu peito ofegante. Tateando na escuridão procurei meu celular no criado mudo, com os dedos ainda trêmulos sobre a tela do celular tentei fazer a chamada, e me pareceu uma eternidade até que ela completasse e alguém atendesse.

- Mãe! - Apertei o telefone com força, como se em vez do aparelho pudesse abraça-lá.

- Sua mãe está dormindo - Minha vó cochichou - São quatro e cinquenta da manhã, querida.

Soltei um suspiro empurrando os cabelos para longe do rosto.

- Vovó... desculpa... Eu não vi as horas. Só queria... falar com vocês estou aqui e parece um pouco solitário.

Ouvi seus passos pela casa e uma porta sendo aberta suavemente.

- S/N, deveria voltar. - Pude ouvir um suspiro - Não deveria estar aí sozinha, pelo menos não depois de tudo.

- Eu estou bem, vó, juro. - Ou ficaria, em algum momento - Estão batendo na porta, vou ter que desligar.

- Seja prudente, querida, e volte para casa logo.

Eu ri, garantindo que iria me cuidar antes de desligar e procurar pela cabeceira da cama os botões para ligar a luz. Não encontrei e me lancei para fora da cama o que foi uma péssima ideia, meu cérebro parecia pesar cerca de uma tonelada e ondas violentas me jogavam de um lado para o outro. Todo remédio que havia ingerido parecia ter desaparecido completamente do meu corpo.

Gemendo me arrastei até a porta.

- Srta. S/N, está tudo bem? - Era a senhora da noite passada.

- Sim, claro. - Apoiei a cabeça latejante na porta - Porque não estaria?

- O hóspede do quarto ao lado ligou para recepção. Ele a ouviu gritar como se lutasse por sua vida - Fez aspas com os dedos.

- Ah - Que merda. Era por isso que eu nunca dormia com ninguém. E por isso que havia me mudado para pequena casa de funcionários vazia nos fundos da nossa casa.

Me concentrei mais uma vez na senhora ali vestindo um vestido na cor vinho, inventando que havia me assustado com uma barata. O que foi um erro, afinal ela começara um discurso sobre como o hotel havia sido detetizado há três dias e que ligaria para empresa responsável exigindo explicações.

Quando finalmente consegui me livrar da senhora, já eram cinco e vinte da manhã e dormir certamente estava fora de cogitação. Então me arrastei até o banheiro repassando mentalmente o pouco que havia planejado para fazer naquele dia.

A garota dos olhos de esmeralda - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora