Gandhi uma vez disse que tudo o que você fizer na vida será insignificante, mas é muito importante que você faça. Como quando alguém entra em sua vida e de certa forma você deseja deixar sua impressão digital naquela pessoa para que mesmo depois que partir você permaneça nela como uma lembrança. Naquele momento eu sentia que Jake havia deixado sua impressão digital em mim e ela certamente seria uma marca permanente.
Nos longos minutos que se seguiam nós continuávamos a nos encarar ou apenas eu fazia aquilo forçando-o a imitar meu ato. De repente o celular dele tocou me arrancando do meu transe e fazendo com que ele removesse as mãos do meu ombro para olhar o aparelho.
- Entre, já te encontro lá dentro. - Falou me dando as costas.
- Ok.
Começo a caminhar lentamente esperando conseguir ouvir algum trecho da conversa sei que não era certo espionar ninguém, mas ficaríamos quites já que ele sabe tudo sobre mim.
- Eu não vou voltar agora. - Jake falou com a voz exaltada me fazendo parar. - Me arrepender? ha! Você que deveria estar envergonhado.
A pessoa do outro lado da linha parecia deixá-lo mais furioso a cada frase.
- Diga aos ternos que não vou voltar - Fez uma pausa - Não agora, e por favor não me ligue enquanto eu estiver aqui.
Ternos? Quem seriam eles e por quê Jake estava associado a eles?
Começo a morder a unha do meu polegar enquanto caminho deixando ele e sua conversa para trás evitando ser flagrada escutando tudo. Quando chego a porta da oficina respiro fundo e encaro meu reflexo na tela escura do celular verificando se meu rosto agora se encontrava normal.
- Richyyy. - Entrei quase correndo na oficina.
- O que foi? - O vejo sair de baixo de um carro com o rosto sujo - O homem sem rosto te perseguiu até aqui?
- Ha ha ha muito engraçado - coloquei as mãos na cintura - O único que tinha medo dele aqui é você.
Ele se levantou vindo em minha direção com os braços abertos e completamente sujo.
- Não ouse fazer isso. - Agarrei a primeira ferramenta que encontrei - Eu já te machuquei antes e posso fazer de novo.
Levantando as mãos em sinal de rendição ele se afastou de mim pegando uma flanela tentando diminuir a sujeira nas mãos.
- Viu o carro lá fora?
- Sim, ele parece em perfeito estado - Olhei para porta - Está funcionando bem?
- Sim. Sempre dou umas voltas pela cidade com ele, tenho tempo de sobra pra isso.
Olho ao redor da garagem e pela primeira vez desde que havia chegado ali notei que não tinha tantos carros como lembrava que havia no passado. Três, não, dois carros estacionados ocupavam o meio da oficina.
- Tenho que pagar pelo tempo que o carro ocupou a garagem?
- Se você tiver o suficiente para pagar por cinco anos, então vamos até o escritório.
A sua frase saiu em tom de piada, me fez rir, mas me lembrou o quão falida eu estava naquele momento. Sem um emprego, tendo apenas o suficiente para preencher a geladeira da minha casa e não surrupiar algumas coisas da casa dos meus pais durante a noite. Vovô havia me deixado uma parte da herança e eu agradecia todos os dias por isso.
- S/N? - A voz de Jake me trouxe de volta s realidade.
- Ah terminou a ligação?
Ele confirmou com um aceno antes de caminhar lentamente até onde eu estava com Richy.
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A garota dos olhos de esmeralda - Duskwood
RomanceA família de S/N sempre passara seus verões em duskwood. Caminhadas ao longo das margens do lago e correr sem destino pela floresta era uma das diversas brincadeiras que a menina fazia com seus amigos de verão. Mas tudo muda quando um inesperado aci...