XXVII

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Romana

Após aquele velho metido ir embora, o clima do almoço se tornou tenso. Eu poderia ver os dedos de Massimo segurando os talheres com força, provavelmente ele estava segurando sua raiva, o velho arrumou um novo motivo para a gente se brigar.

Bernardo termina de comer e o levo para escovar os dentes. Eu não conseguia ver meu pequeno garotinho como chefe de uma máfia.

Peço para Eugênia colocar Bernardo para dormir e vou atrás de Massimo, que já havia saído da mesa.

Ele estava sentado em uma das cadeiras do quiosque, olhando para o mar e acendendo um cigarro. 

Caminho até ele mas antes que as palavras pudessem sair da minha boca, ele levanta sua mão como um gesto para não fazer o que eu obviamente iria fazer.

- Não comece! - Solta a fumaça de seu cigarro.

Puxo uma cadeira e sento na sua frente, ele apenas me observava.

- É nosso filho! E você vai escutar querendo ou não. - Ele respira fundo e solta o ar com força, como um touro.

- Diga!

- Não vou deixar nosso filho entrar pra essa loucura! Ele é uma criança, Massimo, não tem nem noção do que é a morte...

- Eu não posso mudar a tradição, Romana! Você acha que eu quero isso para nosso filho também? - Alterado, ele se levanta da cadeira e passa as mãos em seu cabelo. - São as leis... Eu não posso e nem tenho como mudar elas. Quando ele completar 15 anos, voltamos a conversar sobre isso.

- Se realmente não quisesse que ele fosse Don, não teria me engravidado. Tudo o que você passou quando era criança, o Bernardo vai passar e como eu fico nessa história? - As lágrimas invadem meus olhos. - Você está sendo egoísta em deixar para depois e sem ao menos conversar com a famíglia, você é o Don! 

O celular de Massimo toca mas ele dispensa a chamada.

- Ele vai ter quinze anos, Romana. Não vai ser mais uma criança! - Traga seu cigarro. - Bernardo tem 3 anos, muitas coisas irão acontecer até lá e eu farei de tudo para proteger você e ele. - Solta a fumaça e se aproxima de mim. - Eu prometo, não vou deixar nada acontecer com vocês! 

Abraço Massimo e ele retribui. 


" Era uma noite de tempestade, as ondas do mar eram gigantes e rigorosas, se escutava o vento forte e trovões do lado de fora. Olho no relógio e são 3:30 da manhã, Massimo dormia serenamente mas acordou quando a porta do nosso quarto abriu e Bernardo correu para a cama.

- Estou com medo, quero dormir aqui!

Assim que Bernardo terminou de falar, tiros foram disparados do lado de fora e olho para Massimo.

- O que foi isso? - Pergunto abraçando Bernardo.

- Eu vou lá ver. - Fala olhando seu celular. - Não tem nada no meu celular, podem ter cortado as redes de sinal, fiquem aqui! - Ele pega sua arma e sai do quarto.

- Mamãe, o que está acontecendo?

- Nada, meu bem! Vamos ficar quietinhos tá bom? - Dou um beijinho no topo de sua cabeça e o abraço.

Eu olhava para a janela e orando para que estivesse tudo bem, foi quando um relâmpago clareou o quarto e pude ver a silhueta de um homem atrás da porta.

Meu corpo congelou, eu não sabia o que fazer.

- Amor, vamos brincar de esconde esconde tá? O papai vai achar a gente mas tem que ficar em silêncio!

Ele concorda com a cabeça e com dificuldade, entramos para debaixo da cama.

Alguns minutos depois escuto o som do vidro sendo quebrado e o homem anda pelo quarto. Ele para em frente a cama e se abaixa.

- Aí estão vocês! "

- AAAAAH SOCORRO! - Grito desesperadamente e a porta do quarto se abre, Massimo segurava uma arma.

- O que aconteceu? - Ele procurava por alguém no quarto e vem até mim. - Você teve um pesadelo?

Concordo com a cabeça em meio a um choro. Que coisa horrível! Massimo me puxa para seu colo e passa a mão em meu cabelo.

- Está tudo bem! Você está bem!

- Não deixem machucar nosso menino, por favor! - Suplico.

- Eu prometo, baby! Vou sempre proteger vocês! - Deposita um beijo em minha testa e dá um sorriso sem mostrar os dentes.



Chamas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora