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Romana

Faltava um dia para a véspera de Natal e eu estava sentada em uma poltrona ao lado da cama de Massimo, todos os finais de tarde eu vinha fazer uma visita e ficava até o anoitecer.

A chuva caia rigorosamente lá fora, os repórteres do outro lado da TV acompanhavam a tempestade nas ruas de Sícilia e pediam para ninguém sair de casa.

- Acho melhor você fazer companhia para ele esta noite! - O doutor Fernando entrou no quarto e me entregou um cobertor. Ele era um homem de 58 anos, tinha cabelos grisalhos e uma expressão facial de quem havia trabalhado horas.

- Obrigada, doutor! - Sorrio carinhosamente. - Não sei o que seria de Massimo sem o senhor.

- Minha querida, é por você que ele está vivo! Você é persistente e merece muito por isso. - Ele retribui o sorriso olhando em seu relógio. - Infelizmente tenho que ir, o dever me chama! - Ele sai da sala.

Pego meu celular e mando uma mensagem para a babá avisando que irei ficar no hospital. Me encolhi na poltrona e consegui dormir alguns minutos depois.

" - ROMANA! - A voz grossa de Massimo ecoava por uma enorme floresta escura e sombria. - ROMANA, CADÊ VOCÊ?

Eu olhava para todos os cantos da floresta mas não o encontrava, conseguia ouvir apenas a sua voz gritando desesperadamente.

Os gritos continuavam até que vi minha mãe alguns metros de distância de mim.

- É apenas um pesadelo, minha querida! Acorde! - Ela estava em um vestido branco e em sua testa havia um buraco de bala.

- Desligue os aparelhos! Ele não vai acordar, vai morrer e terá seu fim. - Meu pai aparece do outro lado.

- Filha, não ligue para ele! Isso é um pesadelo, Romana! ACORDE! "

- MÃÃÃEE!! - Pulo da poltrona desesperada.

Passo meus olhos rapidamente pelo cômodo e lembro que estou no hospital. Me sento na poltrona passando os dedos entre meus cabelos suados e olho para o chão até que a porta do quarto se abre e uma enfermeira aparece.

- Está tudo bem, Sra. Torricelli?

- Eu tive um pesadelo mas estou bem, obrigada!

- Trouxe um remédio para fazer você dormir, eu sei que não é fácil passar a noite aqui. - Ela me entrega um copo de água e aceito o remédio.

- Obrigada!

Ela checa os aparelhos de Massimo e sai em seguida, me ajeito na poltrona e sinto um apagão depois de fechar os olhos.

No dia seguinte...

Acordo com dificuldades em levantar, aquela poltrona acabou comigo e com minha coluna. Pego meu celular e vejo que há mensagens das meninas e algumas ligações perdidas de Domenico.

Olho pela janela para ver como estava o tempo, a chuva havia parado mas o céu acinzentado e o vento forte permaneciam lá fora.

Caminhei até a cama e me aproximei de Massimo.

- Volta logo, por favor! - Dou um beijo em sua testa e sigo para casa.

Ao abrir a porta de casa, Bernardo me vê e corre até minha direção.

- MAMÃE, VOCÊ CHEGOU! - Pego meu neném no colo e o encho de beijos.

-  A mamãe estava com saudades, meu amor! - Sorri e caminhei com ele no meu colo até a mesa do café.

Coloquei Bernardo em sua cadeira e fiquei observando os traços de Massimo fazendo bagunça com suas frutas picadas em seu prato.

Chamas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora