XXIX

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Massimo

- E então, Massimo? O que você tem a nos dizer? - O velho rabugento Enrico ajeita sua gravata.

Todos da famiglia me olhavam na espera de uma resposta.

- Como todos sabem, eu tenho um filho de 3 anos e não tive a oportunidade de vê-lo nascer...

Que melancólico, Massimo! Quem mandou querer fazer filho, hein?

- Vou ser direto... Eu estou quebrando a tradição da famiglia, meu filho não terá negócios com a máfia!

Os múrmuros começam baixinhos e aumentam a medida que mais pessoas falam e discordam do meu pensamento.

- Você não pode fazer isso, Massimo. Quem nasce na máfia, morre na máfia! - Um dos homens se levanta e fala autoritário mas logo em seguida se senta quando Antônio cochicha algo no seu ouvido.

- Massimo, Massimo... Perdeu a noção do perigo? Você e sua família irão passar por mais ameaças do que já passam e não só de inimigos, da nossa famiglia também. - Enrico abre a boca.

- Eu sou o Don, eu que mando nessa porra e vocês fazem o que eu mando. - Me levanto da cadeira. - Quantos de vocês queriam seguir outras profissões mas não puderam porque seus pais não deixaram? A época era outra! E quem está no comando dessa época sou eu.

Caminho até a porta.

- Alguém não quer dessa forma? A porta está aberta... É só sair!

Enrico se levanta mas Bruno puxa ele para sentar novamente. Ninguém foi capaz de ir embora, sabiam que iriam levar um tiro na cabeça assim que colocassem o pé para fora da sala.

Pego meu paletó na cadeira e deixo os homens na sala. Eu não quero perder minha família novamente, me lembro do que eu passei na infância e não quero que meu filho passe pela mesma coisa.

A Maserati MC20 me esperava na porta da empresa, entrei nela e liguei a máquina esportiva. O ronco de seu motor com 630 cavalos ecoou pelo hall de entrada.

Coloquei uma playlist de rock clássico e segui a estrada para casa. Mais cedo, Romana havia me mandado um vídeo de Bernardo correndo pelo gramado.

Eram seis da tarde, o céu claro estava tomando tons escuros e algumas estrelas já estavam brilhando. Estacionei o carro na garagem, peguei a pasta de documentos e fui para dentro de casa.

As luzes estavam acesas mas não havia ninguém no andar debaixo. Tirei meu paletó e coloquei em cima da bancada da cozinha junto com as chaves, carteira, cartela de cigarro e minha pistola.

Subi as escadas e posso sentir o cheirinho de shampoo infantil que vinha do banheiro do quarto de Bernardo. A porta estava entreaberta, me aproximo e ouço um canto doce e sereno. Caminhei até o banheiro e pude ver Romana cantando e dando banho no Bernardo.

Era bom chegar do trabalho cansado e ver isso!

- Papaaii! - Bê grita de felicidade ao me ver.

Romana para de cantar e olha para trás. Ela estava com o cabelo amarrado em um coque, alguns fios estavam caídos no seu rosto e sua roupa estava molhada.

- Oii amor, você está aí há muito tempo? - Sorri envergonhada.

Nego com a cabeça e me sento ao lado dela. Ela era uma ótima mãe, tinha um cuidado gigantesco com seu filho e eu a admirava muito por causa disso.

- Eu termino aqui. - Pego o sabonete de sua mão. - Vai lá tomar seu banho e se arrumar!

- Aaah amor, obrigada! - Ela se levanta e vai para o banheiro do nosso quarto.

Termino de dar banho no Bernardo, enrolo ele em sua toalha e vou procurar algo para vesti-lo. Eu nunca vesti uma criança, isso era uma grande missão! Abro a porta de seu guarda roupa e pego algo que vi pela frente. E ele parece ter gostado do conjunto de moletom cinza escuro.

Hoje iríamos sair para jantar em família! Pego Bê no colo e levo ele para brincar com seus carrinhos no nosso quarto

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Hoje iríamos sair para jantar em família! Pego Bê no colo e levo ele para brincar com seus carrinhos no nosso quarto.

- Mas que criança mais linda! - Romana sai do closet enrolada em uma toalha. - Papai tem bom gosto, é filho? - Sorri. - Até que você se saiu bem!

Ela se aproxima e me dá um selinho.

Aproveito para tomar meu banho e me arrumar. Enxugo meu corpo com uma toalha, amarro-a na cintura e caminho para o closet. Ao entrar, levantei meu olhar e Romana estava vestida com uma lingerie preta e de costas procurando por algo.

Vou até ela e envolvo meus braços em seu corpo.

- Isso é para mim? - Beijo seu ombro.

- Quem sabe para mais tarde. - Ela se vira. - Agora tem uma criança no nosso quarto.

Ela me dá um beijo na bochecha e coloca um vestido curto preto e de botões, que logo mais eu iria faze-los voarem. E eu visto uma calça preta social e uma camiseta social branca. Penteio meu cabelo para trás, passo meu perfume e pego meu blazer.

Estávamos caminhando pela calçada da praia principal, como pessoas normais. Olho para trás e meus seguranças caminhavam um pouco mais afastados.

Na verdade, único normal era Bernardo.

- E então, o que aconteceu hoje na reunião? - Romana quebra o silêncio.

- Já está resolvido, Bernardo não vai entrar para a Máfia! - Olho para ela e sorrio de canto.

- Que bom! Quero ver meu filho longe dessa criminalidade, e se tornar alguém que ele realmente quer ser... Né filho? - Olha para o menino que caminhava entre nós.

- Quero ser policial, mamãe!

Um silêncio permanece por alguns segundos e Romana me olha com cara de quem queria rir. Não fazer parte da máfia até tudo bem, agora ser policial é pra acabar literalmente comigo.

Chamas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora