Concluindo, eu fiquei preso na delegacia e só fui solto dia 27 de dezembro, quase que me encaminharam para o presidio, meu pai pagou uma fiança e por ironia do destino, meu cunhado me defendeu. Não vou poder viajar durante um ano e nem ficar na rua depois das 23h. E ainda devo assinar todos os meses uma maldita declaração. A última vez que vi Walisson foi quando o levaram para o pronto socorro, fiquei sabendo que o induziram a prestar uma queixa contra mim por tentativa de homicídio e ameaça (nenhum dos moradores sabem sobre mim e o porquê da agressão de Walisson. Eu falei na delegacia que Walisson era o meu amigo, que estava bêbado e perturbando, por isso que bati nele). Dessa forma eu seria encaminhado para o presidio sem direito a fiança. Mas ele não quis. Todos os meus vizinhos se intrigaram de mim, pretendo mudar de apartamento o mais rápido possível. Além de os vizinhos e até o porteiro que era tão gentil comigo me detestarem (com razão), aqui me trará muitas lembranças de David e de Walisson também. Principalmente desse horrível acontecimento.Não sei como será daqui pra frente, fiquei traumatizado e acho que vou passar anos sem querer ninguém. O ódio me levou a uma situação extrema, a ponto de matar alguém ou mais. Sei que muitas pessoas que lerem essa história vão me julgar, compreendo, cada um tem sua opinião e devemos respeitar. Mas eu queria que alguém se colocasse no meu lugar: imagine você conviver com uma pessoa há oito anos, nunca brigarem e tudo concordam; imagine um amigo de infância que você considera como um irmão; imagine que depois dessas duas pessoas te traírem sem se importar o que vai acontecer com você ou o que irá fazer; você encontra uma pessoa e acha que ela foi o anjo, a cura, mas na realidade machuca e massacra mais ainda o seu coração sabendo tudo o que você passou. Será que você é forte o suficiente pra passar por todas essas emoções em tão pouco tempo?
Dessa vez eu não joguei a camisa e o cinto que Walisson me deu de presente, não vou mentir que sinto saudade dele e que nunca mais o verei. Quando ele falou “não me trata assim” fez uma carinha que deu pena, mas o ódio foi maior.
Agora vou viver assim: sozinho, perdido e às vezes chorando. Realidade inacreditável pra quem passou por tantos momentos felizes.
“Vento forte que a vida soprou, derrubou o ninho de amor/ hoje eu sou, um cigano que foge da dor/ um oceano sem navegador/ hoje eu sou, um fulano que a sorte marcou/ condenado a ser um sonhador/ hoje eu sou de ninguém.” (Cigano – Alexandre Pires)
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A cura da traição (Conto Erótico Gay)
Short StoryTraído covardemente pelo amor da sua vida e o seu melhor amigo, Jackson tenta seguir em frente, porém o destino coloca em seu caminho Walisson, será que este é a cura dessa cruel traição?