CAPÍTULO QUATRO

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  Na terça-feira fui trabalhar péssimo, mal falei com os meus colegas de trabalho, e pedi por gentileza que a Gabriela Manzotti (parceira de bancada) fizesse umas planilhas pra mim, eu estava 100% sem paciência para fazer aquilo. Fui até o DP solicitar a antecipação das minhas férias para setembro, e falei o motivo. Por eu ser um coordenador exemplar, aceitaram o meu pedido numa boa.

  Até o dia primeiro de setembro foi um pesadelo, perdi o apetite e uns dez quilos. Não conseguia parar de pensar no que fizeram comigo, e o pior de tudo foi perder o amor da minha vida de um dia para o outro. Minhas noites eram mal dormidas, e o pensamento de no caso David querer voltar e se eu iria aceitar, me atormentavam. Por mais que ainda o amo ao mesmo tempo tenho ódio, e caía um raio em cima de mim que o não perdoo. É muita ousadia jogar pra trás tudo o que passamos juntos. E Talles? Assim que eu ver ele, vou quebrar aquilo que ele chama de cara. Queria muito entender o que o David viu em Talles? Eles não têm nada a ver um com o outro, e Talles não é bonito, é magro, sem bunda, cheio de espinhas e cravos.

  O depressivo mês de agosto passou, e no sábado, primeiro de setembro eu viajei para a chácara da minha vó que fica em Brejo da Madre de Deus no agreste pernambucano. Lá mora minha vó; meus tios Jairo e Rute; meus primos Roberto, Guga e Thalita. Desde 2006 eu não vou lá, acho muito chato e parado. Mas eu precisava ir para um lugar assim, se eu ficasse no Recife era certo que iria entra em depressão (ou se eu já não estava).

  Ainda bem que essa viagem repentina deu certo, minha vó, meus tios e primos me receberam de braços abertos, quando eles perguntaram se eu tinha casado ou estava namorando, eu inventava uma história maluca que estava (eles nem sonha que a minha orientação é por pessoas do mesmo sexo, só meus pais e meus irmãos que sabem, mas não comentam e me respeitam numa boa). Matei a saudade da infância comendo as delícias da minha vó, e levando bronca, pois eu e meus primos continuamos com a gandaia que fazíamos quando éramos moleques. Isso só acontecia no domingo, pois de segunda a sábado meus primos estavam trabalhando no centro da cidade.

  Eu não apaguei David da minha vida, mas tudo o que passei na chácara da minha vó, fez com que eu me distraísse e parasse de pensar nele a todo momento.

A cura da traição (Conto Erótico Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora