13|A lista negra de Sarah Dmpsey

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Tem sido uma luta estar em detenção. Ficar até depois que as aulas terminam, fizeram meus horários ficarem uma confusão sem fim. Por exemplo, só essa semana perdi cinco capítulos do meu TV show favorito de culinária para estar com Eliot Samuel supervisionando a biblioteca. Uma tortura, posso descrever. Pelo menos, não batemos de frente como cão e gato, o que achei um milagre, já que afinal costumamos travar uma batalha sempre que nos encontramos.

Estou me sentindo mal, no entanto. Não em relação ao Eliot, longe disso. Mas sim, sobre o fato de ainda não ter contado aos meus pais sobre a detenção. Uma mentira minha nunca chegou a esse nível e sinto que logo, logo eles vão acabar descobrindo a verdade. E como não contei, meus dias de castigo no colégio se encerrarão e minha prisão perpétua em casa dará início.

Mas agora não estou preocupada com isso exatamente. Ao invés de estar pensando sobre como meus pais vão planejar o meu funeral, minha cabeça, na verdade, está imersa nas palavras de Billy alguns horas atrás. A lista negra de Sarah Dmpsey. Não me deixa de ocorrer a probabilidade de que talvez eu esteja nela, já que com frequência, o Gossip geek tem espalhado meus encontros com Piter.

Não temos nada, eu preciso reforçar toda vez que Sarah me abate com insultos e ameaças. Se existir mesmo essa lista, quem garante que não estou no topo dela? Ela pode me acertar com uma facada nas costas, qualquer dia desses. Isso é o que me deixa mais apreensiva. Morrer no auge da minha juventude. Tem tantas coisas que ainda não fiz. E no pós-vida eu seria taxada como a garota que foi assassinada por dar em cima do namorado de outra. Coisa que, obviamente, não estou fazendo. Mas a Sarah obcecada e paranóica acredita que sim.

Jogo o livro pesado dentro da caixa com violência. Nem percebi que usava muita força, mas foi o suficiente para Eliot erguer a cabeça a poucos metros longe de mim e murmurar um maluca audivelmente. Sentada sobre as minhas próprias pernas estou considerando fugir pela janela de incêndio da biblioteca e depois ligar para professora Carolina fingindo dor de barriga. Qualquer coisa seria melhor do que empacotar livros velhos e mofados para a doação com o Ser proveniente de todo o mal do universo. O som de fita adesiva me faz levantar os olhos outra vez na direção dele.

Ok. Não temos uma relação que se diga: Oh, minha nossa! Vocês são melhores amigos, né? Mas não custa nada tentar perguntar ao cara mais popular e sabe-tudo do Swin's se ele tem algum conhecimento sobre a lista negra de Sarah. Ele me odeia e a coisa é recíproca, para deixar claro. Mas, estou tão atordoada que se eu não conversar com alguém sobre isso, quem quer que seja, até mesmo Eliot Samuel, sinto que vou chegar ao ápice da loucura. E eu sou uma pessoa que gosta de estar lúcida, então…

Pigarreio, mas Eliot nem move a cabeça, focado apenas em fechar as caixas de papelão com fita adesiva em silêncio.

— Você sabe alguma… — Começo, receosa.

— Não. — Ele me corta depressa.

— Mas eu nem…

— Não.

Bufo. Ele e essa sua mania irritante de não querer conversar. Quanta maturidade. Esqueci de contar. No sétimo ano, Eliot e eu fomos dupla de mesa. Durante o semestre inteiro, não trocamos nem duas palavras. Eu não queria falar com ele e o idiota não queria falar comigo. Fim da discussão.

Eu sou uma matraca ambulante, então, insistir é meu segundo nome.

— Eu só queria saber se… — Seus dedos puxam um pedaço de fita e ela solta um chiado me impedindo de prosseguir. Desgostosa, estou atenta a falta de habilidade dele em cortar a fita e grudá-la adequadamente na caixa. Com um revirar de olhos, digo depressa: — Você sabe alguma coisa sobre a lista negra de Sarah Dmpsey!?

E Se Fosse Diferente?Onde histórias criam vida. Descubra agora