A história musical da Cinderela onde diz que seus sonhos podem se realizar é história para boi dormir. E eu tenho a merda de uma má sorte do caralho.
Jogo a mochila sobre o ombro antes de fechar a porta do armário com força, o som do metal contra metal ecoa pelo corredor. Maureen e Billy estão cada um do meu lado, pensativos e de expressões indecifráveis.
— Você precisa de uma macumba, Zoe. — Billy afirma, coçando o queixo mal barbeado. — A minha tia Josephine consegue fazer uma das boas.
— E que tal fazer um pacto com o demônio da encruzilhada? Sam e Dean fazem isso no Supernatural e eles conseguem umas coisas. Se bem que o tempo é limitado. Você consegue aproveitar só dez anos, não é? - Maureen suspira, cruzando os braços.
— Acho que consigo. — Digo, considerando.
Iniciamos uma caminhada pelo corredor. Como sempre, carregados de olhares relutantes, interrogativos e mesquinhos. Parece até coisa de filme. Três adolescentes cheios de hormônios e espinhas, marchando no piso encerado, carregando nas costas o peso que é ser esquisito, enquanto o resto do Swin's se resume a artistas, celebridades e futuros gênios da ciência.
Deixe-me explicar a situação e porque estou tão puta da vida.
Era uma vez... o garoto mais bonito do mundo. Era como se o Logan Lerman e o Shawn Mendes tivessem um bebê. Ou até, se o planeta tivesse cuspido um arco-ires mais perfeito.
Ah, mas existe um porém. As bruxas o enfeitiçaram do pior jeito possível. O príncipe encantado é irmão do Shrek.
— Por que um Samuel? Tantos sobrenomes possíveis no universo e a família do Piter decidiu que ele deveria ser um Samuel? — Pergunto, irritada ao fazermos uma pausa nas máquinas de comida para pegar uns salgadinhos. Mentalmente, estou calculando quais eram as probabilidades de Piter nascer numa família poderosa e ter como irmão o ser proveniente de todo o mal do universo.
— Essa família a qual você se refere é a mesma que a do Eliot, Zoe. — Maureen faz questão de lembrar.
— Eu finalmente achei que a minha sorte tinha mudado. Mas aí ele falou, oi pessoal, eu sou o Piter. Piter Samuel. — Me surpreendo até comigo mesma ao imitar a voz do garoto perfeitamente bem. — Aí minha cabeça fez pleft e se destruiu em mil pedacinhos. Parecia que eu estava presa no desenho do Pernalonga.
— Não seja tão dramática. — Billy adverte, mastigando alguns Cheetos.
— Eu não sou. Só imaginei que no meu último ano, eu ia... sei lá, viver um conto de fadas.
— Mas está mais para pesadelo. — Maureen reconhece.
— E você não é a Cinderela. — Billy completa.
— Mas também não quero ser a Fiona. — Escondo o rosto entre as mãos, me encostando na máquina de refrigerante.
— Relaxa, Zoe. Não é como se ele tivesse apaixonado por você e vocês estivessem vivendo um romance proibido. — Maureen assegura, descendo e subindo a mão pelo meu braço, tentando da maneira dela me confortar.
— Estamos bem longe de ser considerados Romeu e Julieta. — Billy abre uma pequena frecha entre meus dedos para encarar meus olhos enquanto resmungo. — Meu Deus, eu ainda tenho que encontrar o irmão dele na detenção! — Deixo meu corpo escorregar pela parede até minha bunda atingir o solo e eu acabar sentada sobre as minhas próprias pernas.
— Hey, Zoe, cuidado com a cabeça! — Sinto algo duro acertar minha testa e abro os olhos a tempo, encontrando Evelyn Suzie Piper atravessar o corredor com o braço enlaçado ao capitão do time Marcy Evans. A mini saia de líder de torcida brilhando com a luz florescente enquanto ela caminha para longe. Massageio a região, encarando a bolinha de papel sobre o meu colo.
— Eles são uns idiotas. — Billy segura a minha mão, me fazendo ficar de pé. Maureen agarra a maldita bolinha de papel nas mãos, estudando as costas de Evelyn Piper. Se ela tiver uma mira certa, talvez consiga acertar a bruxa. Mas minha melhor amiga não tem coordenação alguma e a bolinha acaba rolando para o lado oposto ao de Evelyn.
O sinal da próxima aula me faz encarar os dois.
— Eu tenho aula de espanhol. — Maureen arruma a mochila no ombro, caminhando de ré.
— Slides sobre napoleão me aguardam, garotas. — Billy resmunga, me fazendo lembrar da sua aula chata de história. A multidão de alunos já começa a entrar nas salas.
— Eu tenho in...
— Zoe Howard? — Estremeço ao som da voz do diretor Burgerss. Giro nos calcanhares e o encontro a alguns metros longe de mim.
Lá vem. Meu castigo vai aumentar ou vou ser expulsa? Não consigo lembrar de mais uma burrada que tenha feito.
— Sr. Burgerss. — Arrasto o nome com cautela, observando meus amigos se afastarem. Com o típico olhar de autoridade, o diretor os dispensou. — Estou encrencada de novo?
— Não, não. — Ele se explica. — Apesar de estar na detenção, você ainda é responsável por receber alunos novos, lembra?
Engulo em seco, recordando do dia em que me escrevi no clube de guia dos calouros, onde basicamente temos que fazer uma recepção, causar boas impressões e blábláblá. Não lembro o motivo. Acho que queria mostrar que sou responsável, mas só acabou lotando minha carga horária.
— Então, eu preciso dos seus serviços. — Ele dá meia volta, caminhando na direção da sua sala. — Me acompanhe, Zoe. Você ficará responsável por Piter Samuel hoje.
Estaco, engasgando. O Sr. Burgerss arregala os olhos, interrogativo. Apresso o passo, puxando o ar depressa para acompanhá-lo.
Eu devia estar feliz, certo? Mas minhas mãos estão suando e meu pulmão está prestes a explodir como uma bomba cheia de oxigênio.
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Zoe, tu acabastes de entrar numa marmelada! O nosso príncipe encantado virou um sapo. Ou melhor, ele tem um irmão sapo.
Zoeira, meus piticos. Eliot também é um príncipe.❤ Do jeitinho dele.
Já compartilharam a história pra um amigo hoje?
O que acharam do capítulo?
Acham que a Zoe precisa mesmo de uma macumba? Ou ela é exagerada demais? Kkkk
No próximo capítulo, vou postar um edit perfeito que fiz pra apresentar o Liberty Swin's pra vocês. 😁
Um gif para mimar vocês.
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