12| Comunicados, eventos e amassos

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Lembra do que eu disse sobre as coisas piorarem? Pois é. As notícias ruins são as primeiras a chegar.

O Gossip geek fez um novo post sobre a galinha Howard. Dessa vez, me chamaram de stalker. Quando rolei o perfil hoje pela manhã, uma foto minha seguindo Piter Samuel, a nova celebridade do Swin's, era a que mais tinha comentários. Para alguém diagnosticada com impopularidade, eu ando bem famosa essa semana.

Afundo o celular no bolso traseiro, erguendo os olhos para a multidão de professores no meio do ginásio. Não dá para entender sobre o que eles estão conversando, mas parece algo importante. É uma pena eu ser péssima em ler lábios. E não adianta nada eu forçar os olhos e tentar decifrar. A minha cabeça está dolorida, um vestígio da noite mal dormida que tive. E só piora estar aqui nesse espaço lotado de alunos barulhentos. Esses comunicados semanais do diretor Burgess são exaustivos.

— A noite foi horrível ontem, né? — A voz branda de Maureen questiona ao meu lado, me fazendo lembrar do desconforto que é estar usando absorvente.

— Isso é um eufemismo? — Brinco, massageando as têmporas. Billy cutuca minha barriga.

— Por que não postou no Twitter? — Ele está digitando alguma coisa no celular. Até seus dedos batendo na tela, me causam dor de cabeça. — Hashtag... o pior dia da minha vida.

Se eu fizesse um post toda vez que pago um mico, meu perfil, provavelmente, seria bloqueado. Será que o Twitter aceita mais de cinco mil publicações de uma vez?

— O que aconteceu com você ontem? — Pergunto, usando a tática de mudar de assunto. Estou curiosa. Como o único gay assumido não é visto durante o resto da festa inteira? Depois do Piter, Maureen me levou para casa, mas sem o Billy. Ele devia ser o mais falado do Gossip geek, não eu. — Você simplesmente sumiu.

— Tive que resolveu umas coisas. — Ele responde, sem me encarar, os olhos ainda submersos na tela do celular.

O diretor Burgess está entrando no ginásio a passos pesados, acompanhado da nossa professora de teatro, a senhorita Monroe. Ele está claramente apressado e um tanto aborrecido. Deve ser porque o festival do filme está se aproximando e talvez os Tigres percam o jogo. O diretor se preocupa muito com a reputação do futebol. Fanático, eu diria.

Ele se localiza no centro da quadra mais rápido do que a velocidade da luz.

— Bom dia, caros alunos. — O microfone solta um chiado ensurdecedor. A platéia geme de dor em um coral digno de ópera.
— Nos reunimos hoje para os comunicados da próxima semana. — Ele limpa a garganta, estudando silenciosamente os alunos a sua frente. — O comitê de planejamento estão vendendo os ingressos para o festival do filme que acontecerá na quinta. — Maddie e outras meninas levantam-se dos seus assentos, acenando. — Para mais informações, o Sr. Keller é o responsável. — É a vez do nosso professor de artes ficar de pé, sorrindo como quem ganhou medalha olímpica.

— Eu acho que ele é gay. — Billy solta de repente em um sussurro. Eu e Maureen nos viramos para ele ao mesmo tempo e acho que estamos pensando a mesma coisa.

— Como você sabe? — Perguntamos em uníssono.

— Dá para perceber por causa dos shorts curtinhos. — Ele diz em tom malicioso, passando a língua pelo lábio inferior.

Nunca notei os shorts que o Sr. Keller costuma usar. Mas agora, olhando bem, suas cochas estão muito amostra. Sinal de quem gosta que determinadas pessoas adimirem seu esforço na academia. Em outras palavras, na visão de Billy, homens.

— ... o baile de fim de ano está sendo organizado por Evelyn Piper. — Engasgo, intuitivamente, meus ouvidos capturando a voz do diretor Burgess anunciar. Podia ser qualquer um no mundo, menos ela. — O terceiro ano também está planejando a viagem de encerramento. A coordenação discutiu e aprovamos a ação como um meio para agradar vocês uma última vez.

E Se Fosse Diferente?Onde histórias criam vida. Descubra agora