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— Mãee! Cadê o meu suéter?! — Emily está gritando desesperada do quarto. E eu detesto o fato da nossa casa ter dutos de ar, porque de onde estou, consigo ouvir ela choramingando sem parar. E ainda mais, dá para escutar Maddie resmungar dizendo o quanto a irmã mais velha é tão sensível a ponto de ser patética.
A torradeira faz plin e pães queimados pulam para fora.
— Mãe! — Minha vez de reclamar. — Oliver vai comer pedras no café da manhã!
Eu sei que eu deveria me levantar do sofá e colocar novos pães na torradeira para o meu irmãozinho, mas mesmo que me paguem mil dólares não vou fazer isso.
Sabe o que mais odeio na minha família? Não, especificamente, na minha família, mas no fato de todos ao nosso redor terem a certeza de que somos perfeitos. A família da foto. Daquelas de molduras, composta por três filhos sadios e sorridentes, pais padronizados, típicos de filmes clichês dos anos 90 e um cachorro para completar.
Para esclarecer, eu preciso que risque da lista de coisas que compõem a família Howard, a parte que fala dos três filhos, dos pais apaixonados que não discutem por nada e do cachorro, certo? Ok.
Desde dos primórdios, lá na época em que eu nem sonhava em nascer, a família Howard já se formava, do primeiro feto até o papai. Nós sempre tivemos descendência de família grande. Eu costumo chamar de gênio fértil. Ou seja, os Howard não tem apenas dois ou três integrantes por família. Nós somos, no mínimo, seis ou oito. A quantidade de primos que tenho, nem me lembre. Dá para dizer que a casa vira uma creche quando a família inteira se reúne no natal.
Na minha, por exemplo, tem a mamãe e o papai...
Jane Clarkson. A mais jovem aluna da turma diplomada em medicina e administração. O futuro reservava um grande destino para ela. Ah, com certeza reservava! Mas ao invés disso, ela resolveu mudar um pouquinho a rota da sua vida e se envolveu com um garçom humilde de bar, que nem sequer concluiu o primeiro semestre de faculdade. Frankie Howard trabalhava aos domingos, mas o cupido daquele tempo, fez com que ele pegasse um turno na sexta feira à noite. E assim, com os destinos traçados, a tímida Jane colocou os pés no Marc's e foi amor à primeira vista.
Tudo bem. Sei o que está pensando. Às vezes, eu também lembro a minha mãe as coisas incríveis que ela deixou para trás. O amor faz isso com a gente, ela diz em meio aos meus questionamentos. E eu acho que entendo. Quando pego os dois se olhando vez ou outra, a resposta dela se torna suficiente.
Voltando ao tópico, meus pais são doces e verdadeiros salvadores da pátria na maioria das situações, mas se pisar no calcanhar deles… o estrago é grande. Principalmente, quando quem faz burrada são os filhos. Por esse motivo em especial, ainda não contei que estou em detenção e isso já faz dois dias. Ignorei todas as ligações do diretor Burgerss no celular de ambos. Ele só não invente de enviar um telegrama, não tenho meios de evitar isso.
