10|Boas vindas, britânico

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Uma boa festa é composta por muitas coisas. Desde adolescentes armados de bebida até caixas de som estourando música alta. A de Eliot Samuel então, é semelhante a um show num estádio lotado. É claro que a casa estaria cheia de gente. Não pode se esperar menos do cara mais popular de Indiana.

Eu já fui a muitas festas. De todo tipo, para ser sincera. Aniversários, Ação de graças, natal, bailes do colégio, mas nunca presenciei nenhuma como essa. Não sei se é a batida ruim ou o fato de não se encontrar comida descente na geladeira. Eu não estou achando chato, eu juro. É até libertador. Se eu respirar bem fundo, consigo absorver a loucura que é estar numa festa de verdade.

Maureen puxa a manga da minha camisa, chamando minha atenção ao garoto que adentra a sala de estar. A multidão grita de uma vez: Bem vindo, britânico! Piter acena, sem graça, aparentando estar desconfortável com a situação.

Eu mordo outro pedaço da barrinha de cereal que achei jogada entre as garrafinhas de cerveja, observando as luzes néon típica de festa, disputando espaço no rosto dele. Estou distante de onde ele se encontra, mas ainda assim é suficiente para observá-lo se afastar da multidão eufórica, subindo as escadas.

— Ele é anti-social? — Billy é quem comenta e sei que não há necessidade nenhuma de responder a sua pergunta, claramente, retórica. Mas mesmo assim, sinto que devo dizer algo.

Estamos os três atrás da bancada que separa a cozinha da sala de estar. A minha direita, um menino que acredito ser da minha turma de física, enfia a língua na boca de uma garota. Maureen estuda a cena, admirada. Ela parece querer muito um beijo nesse nível.

— Não acho que ele seja anti-social. Eu ouvi ele dizer ao Eliot que não gosta de festas. — Explico, jogando a embalagem da barrinha dentro do copo. — As pessoas tratam ele como se fosse uma celebridade. Muita pressão, talvez.

Argh! — Maureen resmunga de repente, frustrada. — Por que estamos aqui, Zoe? Amanhã tem prova de química.

— Eu disse que precisava encontrar alguém namoravel. — Dou um salto da bancada em que estava sentada e tenho um breve desequilíbrio. A batida da música está começando a danificar meus ouvidos. — Onde encontrar garotos senão numa festa?

Billy revira os olhos, entornando sua bebida num só gole.

— Lá vem mais uma das suas idéias de jerico.

— Não, não é. — Declaro, observando o contanto visual que Maureen troca com Billy. É uma coisa do tipo: era sua vez de dopá-la. — Eu já troquei mensagens com três garotos que estão na festa.

— Tem certeza de que você não estava só sonhando? — Ela ergue a típica sobrancelha duvidosa dela. Coisa que Maureen faz com muita frequência que sempre me dá nos nervos.

— Eu tenho provas. — Ergo o celular, mostrando as mensagens.

— Steve meleca!? — Seus olhos são uma mistura de descrença e surpresa. — Ele é nojento, Zoe. Você desceu demais o nível.

— Eu tenho que avaliar minhas opções. E elas não são muitas. — Esclareço, desligando o aparelho e afundando no bolso da calça jeans.

— O Piter não era uma das opções?

— Ma, nem morta vou namorar o irmão do meu arque inimigo. — Minha cabeça dói só de pensar. — Prefiro enfiar uma estaca no meu peito do que me apaixonar pelo Piter.

— O que tem eu? — Eu paro de respirar por um segundo. É automático quando minhas mãos começam a suar. Cruzo os dedos, torcendo para ele não ter escutado nada, enquanto me viro devagar para observá-lo parado bem atrás de mim. Ele espera sorridente a resposta.

E Se Fosse Diferente?Onde histórias criam vida. Descubra agora