Capítulo 17

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SINA

A manhã seguinte começou da mesma maneira que a noite anterior terminou, com Noah dentro de mim.

Embora algo tivesse mudado entre nós.

Em vez de uma corrida frenética para cruzar a linha de chegada, aproveitamos o tempo para explorar os corpos um do outro. Havia uma intimidade agora que não existia antes.

Eu descansei minha cabeça em seu peito e tracei o comprimento da fraca cicatriz em seu abdômen.

— Você disse que isso era de uma cirurgia renal, certo?

Noah acariciou meu cabelo gentilmente.

— Sim, o teste para esta cirurgia foi realmente um dia após o nosso baile.

— Foi? Não me lembro de você ter mencionado nada sobre uma cirurgia próxima.

— Nós não conversamos muito na noite do baile, se bem me lembro.

Pensando bem, eu sorri.

— Sim, acho que você está certo. O que havia de errado que precisou de cirurgia?

Noah ficou quieto por um momento.

— Nada. Eu doei um rim para Sofya.

Virei a cabeça para olhá-lo, apoiando o queixo nas mãos.

— Oh, uau. Eu não fazia ideia. Isso é incrível.

Noah encolheu os ombros.

— Na verdade não. Três anos após o transplante, ela começou a mostrar sinais de rejeição. A princípio, achamos que ela estava gripada. Mas não era gripe. Os médicos tentaram conter, dando-lhe imunossupressores, mas tudo o que fez foi enfraquecer seu sistema imunológico. Ela lutou contra a doença por muitos anos. Eventualmente, ela morreu de uma infecção porque os medicamentos antirrejeição que estava tomando para o meu rim de merda a tornaram suscetível a muitas coisas.

Eu senti uma dor no meu peito.

— Eu sinto muito.

— Nada para se desculpar. Não é sua culpa.

Claro que não era. Mas algo me disse que ele culpava alguém.

— Você sabe que também não é sua culpa, certo?

Noah desviou o olhar.

— Certo.

— Não. — Toquei seu queixo e inclinei seu rosto para trás em minha direção. — Você sabe que não é sua culpa, certo?

— Eu tinha uma tarefa na vida, tornar minha irmã saudável. E eu não consegui nem fazer isso.

Eu procurei seu rosto.

Ele estava falando sério.

Balançando a cabeça, eu disse:

— Não era sua tarefa tornar Sofya saudável. Eu acho incrível que você doou um rim. Mas tenho certeza de que fez isso porque a amava, não porque se sentiu obrigado.

Noah saiu.

— Não, Sina. Esse era o meu trabalho. Eu sou um bebê salvador.

Minhas sobrancelhas se uniram.

— Um bebê salvador?

Ele assentiu.

— Sofya foi diagnosticada com um ano de idade. Meus pais me conceberam por fertilização in vitro. Apenas zigotos geneticamente compatíveis com minha irmã e livres de todas as doenças genéticas foram implantados em minha mãe. Eu era um inventário ambulante de peças de reposição.

The Rivals /Noart AdaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora