irresoluto

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O zíper da mala foi fechado. Louis ainda estava de pé na frente da cama, sua mala estava em cima do colchão e ele olhou pela última vez todo o quarto. Aquele lugar havia acolhido muito bem o tempo que precisou estar ali.

Agora, tinha a visão geral do quarto para saber se nada estava sendo esquecido, mas, assim como todos que já enfrentaram algum tipo de mudança, o garoto sabia que só depois de algum tempo iria sentir falta de algo.

Antes de morar ali, no Texas, ele vivia com sua mãe, irmã e pai em Nova Iorque, mais especificamente no condomínio Holmes Park, o metro quadrado mais caro de toda a cidade.

Sua família era dona de uma das maiores empresas no segmento de relações internacionais que os EUA já havia visto. Mas, foi por conta de tanto trabalho e dedicação que seu pai, aos 42 anos, foi parar em uma cama de hospital em estado crítico, sem ninguém ter a certeza do que ele tinha.

Cerca de um mês depois que isso aconteceu, Louis com apenas 14 anos, foi morar no Texas. Jay, sua mãe, achava que estar no ambiente de Nova Iorque junto com os problemas que seu marido estava enfrentando, iria o afastar o filho do seu principal objetivo: entrar em direito na Columbia. Por sorte seus pais ainda moravam no Texas e tinham uma casa calma que poderia abrigar o menino.

E foi exatamente assim que aconteceu.

Tomlinson se mudou para a casa dos avós há 4 anos atrás, estudou em casa, viveu naquele quarto cerca 16 horas por dia e não fez nenhum amigo na cidade - o que era bom por um lado, já que não seria difícil se dizer adeus ao ambiente.

O garoto nunca sentiu medo do Texas, pelo contrário, sentiu-se seguro com seus avós e sua vida ali, porém nesse momento faltando tão pouco tempo para voltar para "casa" começou a sentir pânico.

Sua mãe e irmã continuaram em Nova Iorque, já seu pai até hoje estava em estado de coma. Muitos médicos já tinham investigado o caso do homem, todos diziam a mesma coisa, era apenas questão de tempo para o corpo dele parar de responder. Ninguém sabia exatamente o que havia acontecido com Mark. Se algum dia seu pai voltasse à vida, provavelmente teria sequelas gravíssimas, como por exemplo falta de mobilidade nas pernas ou então nos braços, nem mesmo os médicos sabiam onde seria o maior dano.

Desde o início, quando se mudou para aquela casa, Louis sentiu que algumas pessoas o olhavam com pena e isso incluía seus avós. Todos sabiam quem era sua família, conheciam seu sobrenome, sabiam a importância deles e consequentemente souberam de seu pai.

As pessoas sentiam pena de Louis.

A maior parte dos que conviviam com ele achavam que o garoto havia se mudado, porque não teria aguentado a pressão dos problemas que a família estava vivendo em Nova Iorque. E, no contexto geral, aquelas pessoas não estavam cem por cento erradas.

O garoto aceitou a "oferta" de sua mãe para mudar de casa, porque tinha consciência do peso que carregava nas costas. Seu pai, sempre, deixou claro que Louis iria cuidar de tudo que houvesse relação com a empresa, então estar Nova Iorque poderia lhe distrair durante o processo de aprender o necessário para se estar no "topo" do negocio da família, por isso, ele saiu de casa, mas agora sabia que tinha que voltar.

Lembrando de toda a situação que era voltar para a cidade de Nova Iorque, ele começou a sentir medo, misturado com temor do futuro. Relembrava conversas e revia cenas em sua memória.

Seus olhos azuis penetravam cada pequeno espaço de seu quarto, que agora seria seu antigo quarto. Por mais que não tenha amado viver ali, de alguma forma sentiria falta. E, de uma forma, inteiramente estranha, sabia que teria um vida diferente  quando chegasse em Nova Iorque. Ele sentiria falta do Texas, dos seus avós, da tranquilidade de poder estudar de casa e, principalmente, sentiria falta de não viver problemas.

COLD. (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora