COLD. (l.s)

repercussão

[p.o.v Louis]

Entrei no carro com pressa, sem direção ou razão.

Com o celular na mão, busquei o número da Lauren e disquei.

"Lou? Tudo bem?" - Lauren respondeu a chamada que fiz.

"Não. Eu posso, por favor, te ver?" - Disse segurando na garganta um nó do tamanho do mundo, não sabia se precisava chorar ou gritar.

"Sim, pode vir, meu turno acaba em 20 minutos."

"Vou te esperar na porta." - Desliguei e parei na frente do volante.

O que tinha acabado de acontecer naquela mesa?

Harry se lembra de tudo, mas não era só isso.

Harry passou os dois anos depois que fui embora se remoendo e querendo aquilo que tivemos apenas uma vez. E se, o fato dele hoje ser como é, é minha culpa? E se, eu o estraguei para o mundo? E se, eu prometi algo que jamais serei capaz de cumprir?

Poucas vezes senti meu coração apertar tanto como agora.

Senti o desespero correr pelas minhas veias de forma como nunca antes senti, era muito além de dor, era desesperador. Imaginar que eu posso ter tido uma porcentagem considerável nos traumas na vida de Harry me atingia como uma faca no estômago.

Styles pra mim era alguém que eu guardava com carinho e afeto, mas que não tinha a pretensão de descobrir mais sobre aqueles sentimentos e sequer alimentá-los. Um dia, eu gostaria de amar alguém, gostaria de sentir toda a ânsia e desejo de ter alguém com quem contar, mas hoje, em Nova Iorque, aos 18 anos, não era o momento.

Dessa forma, achei que o melhor era me esconder o mais longe possível de qualquer humanização que Harry me causaria. Mas, depois de ver seu rosto na mesa, seus olhos fechados como quem implora pra que um momento só passe rápido, sua mão longe do corpo e todos rindo de algo que claramente o afetava. Ver todos aqueles detalhes me trouxe de volta.

Harry ainda era o Harry. O mesmo Harry que eu confiei meu apelido mais carinho, esse que só minha família chama. Harry era o Harry.

E o principal, Harry estava sozinho.

Eu era o único em uma mesa que tinha a mínima sensibilidade sobre tal assunto. Isso significa que Harry ainda tinha o mesmo sangue e não compartilhava seus pensamentos mais profundos com ninguém.

[...]

- Ok, eu definitivamente não estou entendendo nada - Lauren murmurou, já estávamos naquilo a mais de 1 hora. Agora eu tinha acabado mais um monólogo onde tentei explicar tudo, desde os acontecimentos de hoje até meus sentimentos por Harry. Sua mãos estavam em suas têmporas massageando a pouco mais de 2 minutos e agora eu percebia que todo meu monólogo havia sido confuso e nada direto, Lauren não tinha compreendido uma palavra que eu disse. Que merda! - Vamos por partes.

- Ok... - Respirei fundo. Naquele momento eu precisava da visão dela, por isso não disse nada mais e esperei por suas perguntas.

- Harry, o mesmo Harry que você beijou há quatro anos atrás, implorou por você em uma festa a dois anos atrás e depois saiu contando para todo mundo que você era o único?

- Sim... - Queria conseguir definir o que passava na feição da garota naquele momento, mas ela só parecia muito confusa.

- Então, o que você está me dizendo é que aquele cara tem sentimentos verdadeiros por você-

- O que? Espera aí! Eu não falei isso em momento algum-

- Disse implicitamente, Louis.

- Não disse não.