ESSA OBRA ESTÁ REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL E TEM OS DEVIDOS DIREITOS AUTORAIS RESGUARDADOS.
EVELYN
PASSEI A TARDE NO Baked errando os pedidos. Queria colocar minha mente no modo automático e simplesmente cumprir meu expediente, mas não era boa em me "desligar" e Chloe já estava ficando nervosa com as reclamações dos clientes:
"Eu pedi um expresso simples e isso aqui está com gosto de baunilha."
"Era sem chantilly."
"O que tenho que fazer para comer um maldito waffle sem mel?"
"Não vou pagar por isso!"
Será que aquelas pessoas não podiam se esforçar para ter um pouquinho de paciência? Era pedir muito? Santo Deus!
Rose e Megan iam encontrar com uns caras depois do trabalho e me chamaram, mas mesmo antes de saber que Derek estaria entre eles eu dei uma desculpa qualquer para ir para casa.
A van de Carl estava estacionada do lado de fora da casa de Jenna. Parei o Corolla de frente para ela, sem me preocupar muito em não ser espaçosa, e rezei para não interromper nada na sala. Mas então me lembrei de que Jenna e Carl eram adultos, pessoas sensatas e contidas e que o tipo de cena que eu esperava condizia mais com dois adolescentes. Por uma fração de segundos me vi no sofá da minha casa embaixo de Ian, e minha mãe chegando de repente, nos
flagrando e derrubando no chão as compras da semana. O pensamento foi tão engraçado quanto quente, mas o suprimi depressa porque não queria que Jenna me visse com cara de boba quando eu entrasse em casa.
Ela estava na cozinha preparando uma salada enquanto Carl lhe fazia companhia sentado no banquinho do balcão, com duas taças de vinho pousadas ao lado de seu cotovelo. Ele acenou para mim enquanto eu pendurava meu casaco no vestíbulo.
"Oi, querida!", Jenna deu um de seus sorrisos radiantes. Estava corada e sua pele tinha um brilho bonito, e não soube se era por causa da agitação da cozinha, do vinho ou por Carl, "Lizzie acabou de ligar."
Servi uma taça de vinho para mim. Então larguei a bolsa na mesinha de centro e me encarrapitei no sofá. Apanhei o telefone sem fio ao lado e disquei para ela. Ela atendeu no primeiro toque, e tive a impressão de que estava de tocaia ao lado do telefone. Quase pude imaginá-la em nossa sala lendo uma revista com Marie no colo.
"Noah está surtando aqui sem você", ela confessou depois que trocamos algumas banalidades, "Ele veio passar o fim de semana comigo."
Fiz um barulhinho suave com a garganta. Não entendi como me passou pela cabeça que eu conseguiria ficar tanto tempo longe dele. A rotina em Whitehorse era corrida demais para me dar conta da saudade que eu sentia do meu irmãozinho, mas ela veio com tudo assim que ouvi a voz da mamãe. Depois ela colocou Noah na linha.
"Oi, mana", sua voz soou descontraída.
"Oi, monstrinho. Contando os dias?"
"Na verdade, nem um pouco. Vou ficar um mês longe do meu Xbox", ele suspirou tristemente, "Mas pelo menos a tia Jenna contou que nas montanhas tem competições de trenós nos festivais de verão, com cães e tudo! É verdade que dá para ver auroras bonais?"
"Boreais", corrigi com ternura, "É, dá, mas só em certas épocas do ano."
"Caramba", ele parecia impressionado, "Você já viu os lobos? Jenna disse que você tem medo deles."
Aquilo soou como uma provocação maliciosa, e estreitei os olhos para o telefone, imaginando que o motivo de Jenna dizer isso era eu ter abandonado o carro dela na neve por causa do lobo mal encarado. Bufei.
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Série Whitehorse - Volume I
Fantasy[Instagram: @whitehorse_saga] VOL. I Aos 17, Evelyn decide se afastar dos pais problemáticos e ir viver com a tia na minúscula e invernal cidade de Whitehorse, Canadá. O trabalho de meio período e a faculdade na Yukon College preenchem todo o seu te...