Capítulo 17 - O caramelo

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Faltava uma hora.

Melissa havia saído de casa sete horas atrás, e não havia nenhum sinal dela. O céu estava escuro, muito escuro. O vento soprava com força, as árvores balançavam violentamente. O mundo estava um caos.

"Uma hora. Ela ainda tem uma hora", Charlie repetia para si mesma. Estava nervosa, muito nervosa. Uma mão apoiava a cabeça no braço do sofá, a outra fazia gestos repetitivos.

Já havia imaginado Melissa chegando em casa várias vezes, de todas as formas possíveis. Mas não havia sinal dela.

Na tentativa de relaxar, decidiu tomar um banho. Charlie tirou as roupas na lavanderia e entrou no banheiro.

As primeiras gotas de água quente relaxaram seus músculos. Charlie se sentiu um pouco mais calma. Uma nuvem de vapor a impedia de enxergar mais de meio metro a frente.

Ela fechou os olhos e respirou fundo. Houve silêncio, nada além do êxtase de um banho quente.

Um estalido na porta do banheiro despertou Charlie rapidamente.

Ela ouviu passos no interior do banheiro.

A névoa quente a impedia de ver quem - Ou o que - era. Houve silêncio novamente. O som do chuveiro impedia Charlie de ouvir melhor.

O vidro do box começou a se abrir, e alguém adentrou o local de banho.

Em uma nuvem espessa de vapor, os cabelos loiros de Jessie resplandeceram. Charliee levou alguns segundos para lembrar que estava nua. Virou-se de costas para a amiga, tentando disfarçar. "Ela não percebe que estou aqui? ".

Ah, ela percebeu, mas finge que não.

Jessie ligou o chuveiro da outra extremidade do box e começou a se banhar sem dizer uma palavra.

Ela tratava a situação com tamanha naturalidade que Charlie questionou se a retrógrada não era ela própria.

Era normal duas garotas tomarem banho juntas? Jessie já havia feito aquilo antes? Por que caralhos...?

- Um simples banho te incomoda tanto? - Ressoou a voz dela.

O coração de Charliee disparou subitamente. Foi como ser flagrada cometendo um crime.

Ela se voltou rapidamente para sua interlocutora, esquecendo-se novamente de que estava nua. Jessie a fitava com um sorriso fechado, quase como um deboche. Charlie foi tomada por uma leve vermelhidão.

Era um sorriso cativante.

O corpo dela... ah! O corpo dela! Sua pele era como cor de mel, enfatizado pela luz amarelada do banheiro. Tão puro, tão angelical! E os olhos... aqueles olhos verdes! Indecentes, fitavam-na de maneira majestosa. Seus lábios... delicados e finos. Curvas aqui, curvas ali.

Maldito vapor que dificultava a visão!

Charlie piscou algumas vezes e retornou à realidade. Seu corpo tremeu um pouco e ela engoliu em seco.

Então Jessie começou a rir.

Charlie virou-se de costas e terminou o banho o mais rápido possível. Uma sensação muito estranha tomou conta de si. Sentia-se nervosa, muito nervosa. Queria sair correndo, pular, gritar ou socar alguma coisa.

O mais excêntrico é que não era uma sensação ruim.

Dark Place - The MadhouseOnde histórias criam vida. Descubra agora