Capítulo 20 - Sherlock

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Quando os ânimos se acalmaram, Melissa foi tomar um banho. Ela parecia bastante abatida.

As outras duas foram comer algo na mesa da sala.

- Por onde será que ela andou? - Perguntou Jessie, curiosa.

Charlie limpou a boca com um guardanapo.

- Não tenho certeza, mas pela demora, acho que ela rodou a cidade inteira.

- Seja o que for, agradeço por ela ter chegado em casa. - Comentou Jessie. - Ela não parece muito bem, o que será que ela viu?

- Não sei... mas pela cara dela, acho melhor não perguntar.

- É... tem razão.

Melissa saiu do banheiro na ponta dos pés, coberta por uma toalha, entrou no quarto e fechou a porta. Charlie teve a impressão de que aquela toalha não era dela.

- Não está com medo? - Jessie perguntou.

- Por que eu estaria?

- Sua mãe estava suja de sangue quando chegou.

Charlie recostou-se na cadeira e pensou por alguns instantes.

- Hm... não. - Respondeu.

- Não? - Jessie parecia surpresa. - Não acha perigoso?

- Por que seria?

- Você sabe tão bem quanto eu.

Ah... Charlie sabia, sim.

Aconteceu alguma coisa com Melissa lá fora.

Melissa saiu do quarto e voltou ao banheiro. A cabeça baixa expressava certa angústia.

- Vocês duas são um pouco parecidas.

- Que? - Charlie não entendeu direito.

- Sei lá... vocês se parecem um pouco.

"Do nada", Charlie pensou.

- Deve ser porque ela é minha mãe...?

Jessie riu, Charlie a acompanhou. Então voltou a falar:

- Ela sempre me disse que pareço mais com meu pai, principalmente na personalidade, embora ele não fosse muito presente...

Jessie acenou em compreensão e apoiou o queixo entre as mãos.

- Sabia que eu sempre quis conhecê-lo?

- Meu pai?

- Sim. - Respondeu. - Você não fala muito dele, mas ele parecia ser uma pessoa incrível.

- É... ele era.

Jessie estava um pouco motivada.

- Marques era um detetive e tanto. Seria legal se tivesse algum livro sobre os casos dele, tipo Sherlock Holmes.

- Você já leu Sherlock Holmes?

- Um pouco. Acho que tem alguns livros dele na sua estante.

- Ah, sim, meu pai amava livros de mistério. Ele ficava com raiva porque sempre descobria o vilão antes do final.

- Ele era genial! Se lembra do caso Lanny Hammer, quando ele rastreou um cartel clandestino de alto nível poucos dias?

- Lembro...

Jessie contou um pouco da história detalhadamente. A cada frase, fazia questão de exaltar o todo-poderoso Marques Nova Starlin.

- Ei, um momento, como você sabe de tudo isso? - Charlie perguntou.

- Ah, vi nos jornais...

- O caso Lanny Hammer foi dois anos antes de você nascer.

- Meu pai guardava recortes das notícias sobre os casos de Marques, ele o admirava bastante.

- Ah... - Charlie estranhou a resposta.

Um silêncio voltou a perdurar entre as duas. Melissa saiu do banheiro e foi na direção de ambas.

- Então... como estão as duas? - Perguntou.

"Bem", responderam ao mesmo tempo.

- Ótimo... eu vou para a cama, estou exausta.

- Boa noite. - Disseram ao mesmo tempo.

- Boa noite... - Balbuciou, logo antes de sumir no quarto.

Normalmente, Melissa as abraçaria e se despediria com mais cerimônia, mas aquele dia já estava farto de despedidas. Ambas também foram dormir cedo aquela noite. Não tinha mais nada para fazer.

Charlie estava inquieta. Rolava de um lado para o outro, com um mau pressentimento.

Havia algo errado dentro daquela casa.

Dark Place - The MadhouseOnde histórias criam vida. Descubra agora