Charlie encontrava-se no colégio. Executava uma prova com a perfeição e agilidade que o colégio Elite exigia de seus alunos. Em sua mão direita, girava uma caneta minunciosamente entre os dedos, enrolando-a sutilmente nos cabelos castanhos enquanto calculava a equação de segundo grau da questão número dez. Os dedos da mão esquerda soavam rítmicos ao tamborilarem sobre a banca.
Ela pensava. As letras e números formavam uma linguagem compreensível; A resposta era notoriamente simples. Seus dedos cessaram o movimento da caneta e então, com toda a certeza possível, Charlie marcou a opção correta. A prova se encerrou no momento em que ela revisou todos os cálculos, três vezes. Tinha certeza, a nota era máxima.
Agora restava a Charlie esperar que o sinal informasse a liberação de todos os alunos, encerrando assim mais um dia no colégio Elite. O que poderia fazer enquanto aguardava o término das aulas? Ler um livro talvez? Charlie gostava de ler, era seu hobby favorito - E o único. Possuía uma enorme coleção de livros na prateleira de seu quarto, variavam de assuntos, tamanhos e cores. No geral, eram os antigos livros do seu pai. Charlie herdou vários hábitos dele. Afirmaria, sem êxito, que ele foi o maior homem que tivera o prazer de conhecer.
A garota girava a caneta entre os dedos e a enrolava no cabelo numa sincronia harmoniosa. O tempo parecia mais lento, as cores mais vívidas, os sons mais nítidos. Em momentos como este, Charlie costumava observar as pessoas.
Uma observação detalhada de cada pessoa e objeto presente em seu campo de visão. Nem mesmo o mais rápido movimento poderia escapar daqueles penetrantes olhos azuis. Seus sentidos se afloravam, provendo de seu máximo.
Ao seu lado encontrava-se uma pessoa com as mãos sobre as têmporas. Sua cabeça pendia para a frente, estava nervosa durante a prova. O ato era correspondido por mais de dez alunos; Exatamente treze. Do outro lado da sala, à sua direita, dois garotos trocavam respostas numa folha de papel propriamente codificada, o que não a impedia de ler com clareza. Atrás de si, alguém rabiscava a prova apressadamente; O tempo se esgotaria em breve.
Abruptamente, o sinal retiniu, mandando os alunos se apressarem em ir para casa. Charlie se levantou da banca e foi em direção ao professor com a prova na mão e a mochila erguida sobre o ombro. O professor Thomas recebeu a prova, assentiu e corrigiu as respostas à primeira vista. Estaria satisfeito? Talvez. Sua expressão era indecifrável.
O corredor estava um pouco mais vazio naquele dia, sem motivo aparente. Dobrou à direita e atravessou um longo corredor, repleto de salas e outros compartimentos. Ao final deste, um painel de vidro vislumbrava o pátio secundário, banhado de sol e com um refinado tom de bronze. Um curto corredor a sua esquerda e outro à direita. Aquilo se assemelhava mais a um labirinto que um colégio. Finalmente, à sua esquerda, as enormes escadarias interligavam o primeiro andar ao térreo.
Atravessando a entrada principal - Consequentemente a saída -, Charlie chegou ao pátio principal do colégio. O vento balançava seu cabelo, deslizando os fios negros levemente ondulados sobre a brisa.
O pátio era um local espaçoso. A dez metros da saída, havia uma fonte de mármore rodeada de arbustos verdes (ninguém ousava se aproximar daquela fortuna). O chão era ladrilhado com perfeição. Alguns caminhos se bifurcavam inúmeras vezes, formando uma figura perfeitamente simétrica e imperceptível quando vista daquele ângulo. O local era muito bem arborizado. Ouvia-se continuamente o farfalhar das árvores. Periodicamente, uma folha caía, e era varrida por uma simpática funcionária que já trabalhava no colégio há anos.
Haviam bancos distribuídos uniformemente abaixo das árvores. Sob elas, inúmeros grupos de alunos; Uns conversando, outros estudando, outros jogando e poucos simplesmente lendo. Era notável alguns casais que andavam sempre juntos. Sem se tocar, claro. O colégio proibia o contato físico entre alunos.
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Dark Place - The Madhouse
Horor[Volume 1 da saga "Dark Place" concluído] Dark Place narra sobre um mundo completamente arruinado. Todos os governos do mundo foram derrubados e uma quantidade incalculável de pessoas foram mortas em questão de poucos meses. O cerne da discórdia é c...