Dois anos após o ocorrido.
Charlie vestiu o colete amarelo e jogou os ombros para trás. Três pulos de aquecimento e estralou os ossos dedos de cada mão.
Ela estava pronta.
Sua raiva era justificada, mas tinha em mente que não deveria fazer nada precipitado. Não se lembrava da última vez que jogou basquete, mas Charlie conhecia as regras.
Charlie foi para o meio da quadra com as outras jogadoras; era estranho não conhecer ninguém direito. Com algumas orientações do treinador e todas ficaram em posição.
Era aquilo que Scarleth queria; colocar Charlie numa posição vulnerável. Ah, e ela conseguiu.
O treinador levantou o braço e apitou. A bola foi levada ao ar e então o jogo começou. A partida seguiu com uma exímia troca de passes entre a equipe adversária, dando tempo suficiente para que duas pessoas avançassem.
A bola foi lançada num passe longo para uma jogadora que se localizava à direita da área da equipe amarela, mas foi interceptada por outra jogadora que não mediu esforços em passar a bola.
Um contra-ataque foi realizado com maestria, e foi então que, após alguns passes curtos, a bola estava na posse de Charlie. Rapidamente, ela interceptou a bola e avançou para a área da equipe adversária. Desviou de uma garora que tentou roubar a bola e fez um passe curto para alguém dois metros às esquerda. Num momento de descuido, seu time perdeu a bola.
Outro contra-ataque foi realizado e a equipe adversária avançou novamente pela direita. Charlie recuou rapidamente afim de defender a própria área, já que toda a equipe adversária veio ao ataque.
Um passe longo foi efetivado na direção em que estava, mas antes que pudesse interceptar a bola, alguém surgiu de sua lateral e recebeu a bola num pequeno salto. Quando percebeu quem era, já não era possível impedi-la de avançar.
Scarleth sorria afrontosa para Charlie. Quando ia se mover, Scarleth fez uma manobra com a bola e passou-a rapidamente por debaixo das próprias pernas. Envolta em confusão, Scarleth conseguiu transpassar sua defesa e avançou o suficiente para que lançasse a bola e fizesse uma cesta de um ponto.
A equipe azul veio aos gritos, comemorando o ponto assim que o treinador apitou indicando o mesmo. Um suspiro partiu dos pulmões de Charlie. Frustrou-se com o resultado.
O placar estava dezessete para a equipe adversária e quatorze para a equipe de Charlie. Não restava muito tempo até o fim da partida. Precisavam de uma resposta rápida à equipe adversária.
Antes que percebesse, já estava em sua posição novamente, e então o treinador fez o apito ressoar pela quadra. Num rápido movimento, Charlie tentou interceptar a bola, mas a tentativa veio a falhar quando Scarleth tomou a bola.
Havia uma diferença abismal na habilidade das duas.
A equipe adversária avançou novamente e, com passes curtos, pôs-se a consumir o pouco de tempo que restava da partida. Um passe longo foi efetivado e, com profissionalismo, Scarleth recebeu a bola e esquivou-se no nomento em que uma pessoa investiu sobre ela.
Um rápido preparo com a bola entre as mãos e a bola foi arremessada novamente, pronta para dar mais três pontos a equipe azul. Por muito pouco, a bola não entrou na cesta.
Charlie lançou a bola num passe longo para uma pessoa a aproximadamente três metros de distância. Recebendo a bola, a equipe amarela avançou euforicamente.
Alguns passes curtos entre si, e a equipe amarela se viu cercada pela equipe azul. De relance, Charlie agilmente compareceu a uma zona livre e esticou os braços afim de pedir a posse da bola. Alguns segundos de êxito e a bola foi lançada num grito.
O passe foi bem efetividado e Charlie se viu quase que perfeitamente livre para um lance que traria empate à partida.
Antes que pudesse lançar a bola, Scarleth colocou-se em sua frente e bloqueou qualquer movimento possível.
Seus olhos se encontraram rapidamente. Scarleth estava satisfeita, verdadeiramente satisfeita.
"Hum". Ela sorriu de novo. Scarleth avançou na bola num momento de descuido de Charlie.
Um reflexo instintivo se acendeu no interior de Charlie. Foi então que, sem grandes dificuldades, passou a bola por trás do corpo e recebeu-a com a mão direita; em seguida, esquivou-se ligeiramente da investida de Scarleth, que acabou por passar direto por ela.
Num acesso de fúria, Charlie cogitou derrubar Scarleth com o pé, assim como ela fez com Jessie.
Não. Charlie não iria se rebaixar àquele nível.
De imediato, se focou em seu lance e, com precisão, lançou a bola na direção da cesta.
Olhos se arregalaram, as respiração se tornou ofegante.
A bola acertou o aro da cesta e rodou por ela duas vezes, para então cair no interior da mesma e vir ao chão.
Um grito de comemoração veio segundos depois, já que foi meio difícil acreditar. O treinador apitou e levantou o braço direito, para em seguida sinalizar com os dois braços o final da partida.
Charlie não quis comemorar, mesmo que tivesse sido ela a fazer aquele ponto. Não queria comemorar com Jessie ferida na enfermaria.
De soslaio, virou-se e viu Scarleth de costas, batendo as mãos pelo corpo, como se estivesse se limpando. Momentaneamente, seus olhos se encontraram com os de Charlie.
Scarleth estava sorrindo, como sempre.
Charlie ignorou o gesto. Tirou o colete e entregou ao treinador, jogando sobre ele. Coitado, não tinha culpa de ter aquele emprego.
Sem medir esforços, dirigiu-se até onde estava sua mochila e colocou-a nas costas. Acabou esquecendo o livro no banco. Dirigiu-se ao vestiário, onde deveria tomar um rápido banho antes de voltar para a sala.
Na enfermaria, um leve ruído semelhante ao grito de várias pessoas ressoou pelo lugar, como se estivessem comemorando. Jessie virou-se para Sasha com um olhar duvidoso, e a mesma sorriu para ela.
- Ela conseguiu... - Comentou Sasha.
- Conseguiu o que?
Em resposta, recebeu outro sorriso. Jessie não entendeu porra nenhuma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dark Place - The Madhouse
Terror[Volume 1 da saga "Dark Place" concluído] Dark Place narra sobre um mundo completamente arruinado. Todos os governos do mundo foram derrubados e uma quantidade incalculável de pessoas foram mortas em questão de poucos meses. O cerne da discórdia é c...