Formatura (Novo Ciclo)

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Capítulo 2

     Enfim, minha formatura estava chegando. Não tinha dinheiro para o vestido, d. Letícia, uma senhora de 70 anos, morena, olhos verdes, muito bonita, elegante e viúva, que me deu o vestido novo, gostava de mim como uma filha, sempre me incentivou a estudar, o que eu fazia com gosto, diferente da Melissa, que todos chamavam de Mel, uma morena de olhos mel, corpo esguio, alta, 25 anos, sua filha que só gostava de esbanjar dinheiro em festas, baladas. Não tive condições de participar do baile, mas isso também eu não me importava, embora d. Letícia insistiu para me dar de presente, mais não achei justo e também não queria confusão com Mel, tinha ciúmes da mãe comigo, embora nos déssemos muito bem, o importante é que eu estava formada, poderia arranjar um emprego melhor e ajudar minha família, nossa vida não era tão ruim comparada a muitas famílias que tinha no morro, porque meus pais tinham chefes ótimos, viam serem de boa índole, tinham caráter e faziam de tudo para ajudar as pessoas necessitadas também.

     Chegado o grande o dia, ansiosa para pegar meu diploma, estávamos sentados após ouvir as palavras do Reitor, nosso paraninfo foi o professor Lucas, que Simone, minha amiga de sala, 24 anos, ruiva, olhos castanhos, bem magrinha, super extrovertida, insistia em dizer ser doido por mim, mas não acreditava nisso, ele não me atraia, nunca olhei para ele com toda essa atenção, coisa que Simone e a Céia achavam um absurdo, só de lembrar delas me atormentando, já reviro os olhos. Só esperando a hora de ouvir o meu nome, então, eu escuto Sara Aparecida dos Santos Silva, meus pais em pé, chorando com muita emoção, porque nós 3 sabíamos do esforço, da batalha para chegar até o final. Quando cheguei perto de Lucas, me entregou o diploma, me deu um abraço e disse:

      — Você é a formanda mais linda da turma, aceita jantar comigo? -Levei um susto, porque não esperava, fiquei olhando para ele e logo atrás de mim, estava Simone, que só me olhou e disse sem som "te falei". Não respondi e sai, afinal tinha que entregar o diploma para os outros e não sabia o que responder.

     Depois, da colação de grau estávamos conversando. Simone era de família de classe média alta e não tinha preconceito comigo por ser morro, pelo contrário adorava isso, porque amava funk, vivia subindo o morro para curtir o baile e dormia em casa ou na casa da Ceía, meus pais a adoravam. O Lucas se aproximou, perguntando a resposta para seu convite.

     — Não posso aceitar.

     — Por quê? — Lucas pergunta sendo incisivo.

     — Simone e Céia querem que eu vá com elas ao baile para comemorar a formatura.

    — Vai jantar com ele Sara, depois ele te deixa em casa e vamos ao baile! Levo seus pais para casa, vamos d. Maria e seu João! — Disse já carregando meus pais, me dando uma piscadinha, eles ficando sem ação, sem saber o que dizer, mais seguiram Simone.

     Naquele momento fiquei sem graça, mas não tinha como recusar mais. Chegamos ao restaurante italiano, adoro massas foi a melhor escolha, ele pediu um vinho, não estou acostumada a beber muito, mas me disse que a ocasião merecia, afinal eu estava formada.

     — Somente uma taça para brindarmos! — Disse sorridente.

     Conversamos animadamente, falamos da faculdade, de futuro profissional. Até que ele fica parado me olhando, comecei a sentir um frio na espinha, nunca fiquei sozinha com homem algum, com exceção do Joca me prendendo na parede e ainda mais me olhando daquele jeito. Chegou nossos pratos dele spaghetti com porpeta e o meu de nhoque. Começamos a comer, concentrada em meu prato, até que ele não resiste e quebra o silêncio.

    — Sara, nunca te falei nada, mais gosto muito de você. — Diz me olhando firme nos olhos.

    Fiquei estática olhando para ele sem reação nenhuma. Não sabia nem o que eu podia dizer naquele momento, Simone com certeza saberia como agir. Peguei minha taça de água e dei um grande gole como se isso fosse me ajudar em algo.

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