A Invasão da praia de Erismé

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O prato arremessado se estilhaçou na parede, Lillya estava tremendo, seus olhos arregalados, ela tentava retomar a respiração apertando suas costelas, mas tudo que se ouvia era um grito contido, rouco, quase sem som, os olhos da elfa se enchiam de lágrimas, enquanto seu rosto inchava

Seu ouvidos eram tomados por um forte zumbido, e sua mente, normalmente afiada, estava confusa, preenchida apenas por medo,  a garota tentou encher um copo com água de uma garrafa, mas suas mãos tremidas não obedeciam sua vontade

Lillya socou a mesa, esmagando o copo debaixo de seu punho ensanguentado, a dor forçou sua voz para fora, como o rugido de um leão ferido

Mas o barulho despertou alguém, e do quarto ao lado o choro do pequeno Talphor preencheu a mente da elfa, expulsando seu medo e o substituindo por instinto maternal, Lillya se recuperou rapidamente, foi até o quarto, e abraçou seu filho, se permitindo um momento de legítima fraqueza, talvez ela também sentisse medo afinal

O abraço acalmou mãe e filho, Lillya o colocou novamente para dormir, e foi até sua mesa de escritório

A noite, não havia luz exceto a fraca chama alaranjada da lâmpada á óleo, iluminando o mapa aberto

Lillya soluçava, seu nariz escorria, ela preparou um copo de chá menquísio antes de se debruçar sobre as cartas náuticas

Ao norte, em vermelho, o império de Northand parecia fazer sombra sobre o pequeno reino de Agris, mas a principal pedra no sapato da aliança era Cobalt, as tropas da rainha Tarna impediam Menquísia de atacar Northand com força total, permitindo ao império atacar livremente um contingente muito inferior

Agris, como um país pequeno, jamais poderia verdadeiramente resistir á uma invasão tão massiva, com sua única dissuasão sendo as tropas de Menquísia e Albaplana instaladas na ilha, a elfa podia ouvir suas marchas na cidade mesmo tão tarde da noite, numa cacofonia de três línguas.

Após analisar o mapa por vários minutos, Lillya terminou seu chá, guardou seus materiais de cartografia, se espreguiçou na cadeira, e caminhou pelos amplos corredores refinados do palácio, iluminados por sua lâmpada á óleo, a luz da chama refletindo nos detalhes em ouro nas paredes

A deposta rainha foi até um lavatório, lavou sua mão ensanguentada e retirou os cacos de vidro ainda presos, estancando as feridas com uma toalha, a elfa suspirou

-O que está acontecendo comigo...

Enquanto a noite caía, o vento gelado do norte atingia a costa do ducado de erismé, o odor dos peixes voadores abatidos no porto se estendia por toda a região, mas logo, a névoa fria trouxe um novo tipo de criatura á cidade

Duzentos navios, portando o estandarte dourado e a cruz do norte, desembarcaram sessenta mil nortanamitas armados como eterinos, levando a guerra ao solo de Agris, haviam pouco mais de dois mil soldados na cidade

A noticia chegou primeiro no duque de Erismé, que marchou para o porto com um exercito de dez mil, não sem antes enviar uma mensagem para a capital

Quando o mensageiro chegou ao palácio, foi imediatamente convocada uma reunião dos ministros do reino

-Majestade, devemos agir rapidamente, os bárbaros estão em maior número, e se não fizermos nada, eles estabelecerão um porto para desembarcar ainda mais soldados em nossa costa!

Disse o ministro das relações exteriores

-Precisamos convocar os duques! É a única maneira de reunirmos a força necessária!

Gritava o ministro de perdas

-Não! Antes de agir, precisamos comunicar Menquísia! Precisamos focar em reforçar a capital!

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