A batalha da cidade de Eterium

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Uma grande serpente rastejava pela estrada, lenta, arrastada, e sofrida, deixando partes de si pelo caminho, eventualmente parando para convulsionar em pequenas crises, ou crescendo, adicionando serpentes menores a si

Era a armada Nortanamita-Eterina ocidental, recuando de toda a costa oeste para o centro do país, as cidades eram abandonadas, de repente, a polícia e o exército desaparecem de onde antes eram a lei e a ordem, deixando para trás cidades saqueadas pelo próprio povo, abandonadas a própria sorte, e á senhores da guerra, piratas e bandidos

Os exércitos de Lillya e Sirion simplesmente andaram sobre a terra devastada, tomando o espaço deixado pelo vácuo de poder

Enquanto isso, o Comissário Kaspar guiava seus soldados, totalizando quase noventa mil homens, mais da metade do exército do império em Eterium

"Esta ilha está perdida, morreremos aqui ou devemos recuar para Northand"

Assim ele pensava, mas sabia que jamais poderia demonstrar tal fraqueza

-A costa oeste é terra do inimigo agora, devemos nos reunir com nossos aliados em Echenbad, ou seremos destruídos aqui

Disse o comissário, sendo respondido pelos gemidos de agonia e pelo som da mata ao redor

-E depois, comissário?

Os soldados pararam, e o comissário se viu cercado de olhares de dúvida

-Está questionando seu superior, oficial?

Disse Kaspar, olhando diretamente para quem lhe fez a pergunta, um homem de uniforme, óculos quebrados, nenhuma barba, e um bigode curvado para cima

-Quero saber se o senhor de fato tem algum plano de vitória, senhor comissário, ou se estamos lutando uma guerra perdida!

Kaspar estava enfurecido, acima de tudo que arruinava seu dia, um subordinado o desafiava abertamente, era um absurdo que normalmente renderia ao criminoso um tempo na prisão, ou mesmo a forca

-Oficial, estamos aqui a serviço de Sua Majestade, e lutamos em seu nome, então tenha mais respeito pela posição do representante da coroa

O militar torceu o nariz, deu dois passos à frente, e cuspiu no rosto de Kaspar

-O imperador nos mandou para a morte, para o inferno com ele e com seus representantes!

Disse o oficial, o comissário então apontou para aquele homem insolente e, num grito, ordenou que fosse imediatamente executado

suas ordens caíram em ouvidos surdos, vaias eram toda resposta que obteve

O comissário quebrou, era demais para aquele homem, Kaspar começou a puxar sua espada da bainha, ele próprio eliminaria aquele rapaz que destruíra sua liderança, mas foi tomado por uma enorme dor no torso

-Não!

Dizia um jovem soldado, enquanto enterrava sua adaga nas costas de seu comandante, todos assistiam atônitos

-Ora, seu...

dizia Kaspar, outros soldados também o esfaquearam na barriga e no pescoço, o fazendo escorrer em sangue

O oficial que começou a discussão se aproximou novamente, forçou os nós dos dedos de Kaspar para longe de sua bainha, tomou sua espada, e, usando sua própria lâmina, transpassou mortalmente o peito de seu comandante

De repente, todos foram de soldados imperiais, á inimigos do império, pouco mais que piratas sem pátria, e aquele sangue derramado embebeu os soldados num furor inebriante

-Vida longa ao general Gilbert!

Clamaram todos, erguendo o soldado que desafiou seu comissário como seu líder e senhor da guerra

A Coroa de CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora