- Chegada do Saturno -

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Go-eun

   E com as semanas passando, eu consegui subir em alguns cargos. Devo dizer, mais rápido que o esperado. Eu estava costurando as minhas roupas, com certa dificuldade. Estávamos no mês de Toseong, então a minha barriga já estava enorme. Trinta e sete semanas. Ela me atrapalhava algumas vezes. Meu pequenino estava no tamanho de uma melancia. Eu coloquei a mão nas costas ao sentir uma espetada, mas continuei a trabalhar, já que isso era muito frequente. Eu só não esperava por uma coisa...

   — Merda... — resmunguei ao perceber o que havia acontecido. Minha bolsa havia acabado de estourar. — Por que agora, Toseong? — questionei, agoniada, sentindo a contração vir e me apoiei no balcão. Alguém pareceu ter percebido o meu desconforto. Ou talvez o líquido amniótico no chão da sala. 

   — Você entrou em trabalho de parto? Ah, meu Deus. Olha, fica calma. Eu vou chamar alguém. Não se preocupe com nada — avisou, Hye-won, colocando a mão nas minhas costas e eu concordei. — Fica aí, eu já volto — pediu, saindo da sala e eu peguei meu celular da bolsa, quando a contração parou e liguei para o Jungkook. Nada.

   — Atende. Merda. Por que você não atende? — perguntei, quando deu caixa postal e suspirei. — Seu filho está nascendo, é melhor você atender esse telefone — murmurei, tentando, novamente. Nada. Eu queria xingar aquele desgraçado, mas não era culpa dele. Jeon havia avisado que não conseguiria chegar perto do celular hoje. Toseong... por que você escolheu o dia de hoje?

   — Vamos. Tem um hospital aqui perto e a gente vai pra lá. Não se preocupe. Você vai ficar bem. Não entra em desespero! — gritou, assustada e eu arregalei os olhos, confusa. Ela parece mais desesperada do que eu, então suspirei, segurando em seus ombros.

   — Se acalma, está tudo bem. Não é um bicho de sete cabeças — contei, respirando fundo e comecei a ventilar, quando as contrações voltaram. — Só vamos pro hospital, tudo bem? — indaguei, então ela concordou com a cabeça, me ajudando a sair da empresa e fomos rápido para o hospital.

   — Não precisa se preocupar com nada, eu vou te ajudar em tudo que precisar. Me diga o que eu preciso fazer que eu faço — falou e eu segurei em sua mão, quando entramos no táxi. Eu mordi meus lábios. Um misto de ansiedade e medo se instalou no meu corpo, mas eu estava animada, porquê ia finalmente ver o rosto do meu filho.

   — Liga pro Jungkook. Não importa o que aconteça, traga ele pra esse hospital, me entendeu? — O taxista parou na frente do hospital e nós saímos do carro, entrando no local. — Não me apareça aqui, sem ele. Me traga ele... Puta que pariu! Alguém tira essa criança de dentro de mim! — gritei, assim que cheguei na recepção. Não demorou, até que eu estivesse no quarto do hospital.

   A dor para sentir o meu bebê sair de dentro de mim, foi pior do que eu imaginei, mas assim que vi o rostinho dele, quando a enfermeira me entregou, toda a dor que eu havia sentido pareceu nada. Ele era tão lindo que eu não poderia colocar em palavras a felicidade que eu senti, principalmente, quando meu rosto encheu de lágrimas. A enfermeira levou ele por um tempo e eu esperei, pacientemente.

   Foi aí que percebi pelo horário do meu celular que meu bebê havia demorado vinte e duas horas para nascer. Onde está o Jungkook? Baguncei meus cabelos, agoniada, mas sorri ao ver o dito cujo passando pela porta. Ele veio correndo até mim, preocupado e segurou em minhas palmas.

   — Vamos embora daqui, por favor — implorou, puxando as minhas mãos e eu estranhei sua reação, já que imaginei que ele falaria do nosso bebê, ou alguma coisa parecida. — Vamos embora. As pessoas aqui não sabem fazer as coisas, vamos em outro lugar, por favor. Vamos rápido. Eu não quero que você ou o Toseong se machuquem — pediu, desesperado e eu puxei ele para me abraçar. Ele me apertou tão forte que fiquei assustada com o seu medo.

   — Jungkook, se acalma. Se acalma. O Toseong já nasceu — avisei e ele me encarou com os olhos arregalados com medo da notícia. — Ele está bem. — Jeon vasculhou o lugar, como se procurasse ele, mas quando não o viu, voltou a me olhar, preocupado.

   — Onde ele está?

   — A enfermeira levou ele. Ela já vai voltar com o nosso Saturno. Agora respira fundo. Não se preocupa com nada. O nosso filho está saudável e nasceu com 52 centímetros e com 2 quilos e novecentos.

   — Tá bom. Ele está bem? — questionou, assustado e eu concordei com a cabeça, vendo ele suspirar, aliviado com a notícia. — Tudo bem... Desculpa. É que foi aqui que... o Mokseong nasceu e... — Segurei sua mão para que ele parasse de falar e alisei seus cabelos. — Pode dormir, eu sei que está cansada. Pode descansar, eu vou ficar aqui. — Assenti e me deitei, apagando, instantaneamente. Quando eu acordei, olhei para os lados, tentando entender o que estava acontecendo. Assim que voltei à mim, consegui ver Jungkook, segurando o nosso pequenino, o admirando como se ele fosse de ouro.

   — Ele não é lindo? — perguntei, animada e ele percebeu que eu estava acordada, então concordou com a cabeça, falando que o bebê se parece com ele. — Por que todo mundo diz isso? Eu que carreguei ele por nove meses, ele devia ter a minha cara — reclamei, quando Jeon era a terceira pessoa a dizer isso. A enfermeira, a obstetra e agora, o pai. Que maldade.

   — Ele é perfeito — confessou, então entregou seu dedo para o neném segurar. — E bem forte também. Olha a força dele, apertando meu dedo — avisou, mostrando a mãozinha dele e eu dei risada, concordando com a cabeça. Eu pedi para segurar ele e Jeon negou, afoito. — Não... você ficou com ele, durante nove meses, é a minha vez.

   — Mas ele deve estar com fome. Me dá ele pra eu dar o leite, ou ele vai começar a chorar — falei, então o homem cedeu, fazendo chilique, me entregando o bebê com cuidado e eu coloquei ele perto do meu seio e meu bebê rapidamente conseguiu começar a mamar. — Ele pegou — contei, animada, alisando os cabelinhos bonitos e escurinhos dele.

   — Ele é a coisinha mais linda que eu já vi — confessou, sorridente e suspirou. — Meus pais já estão chegando com a minha irmã. Eu estava trabalhando, quando você entrou em trabalho de parto e não atendi nenhuma ligação, até... eu estranhar meu celular tocar tanto. Você costuma saber que quando eu não atendo, eu estou ocupado. Na madrugada, eu resolvi ver o que eram as mensagens e entrei em desespero, quando Hye-won me disse que ele estava nascendo. Quando eu vi que vocês estavam aqui, eu entrei em pânico. Eu não gosto desse lugar. Quando eu entrei no quarto onde a Sae-rom estava, eu não pude fazer nada. Ela estava com aqueles... tubinhos, enfiado na garganta. Tive medo de te encontrar assim também.

   — Não... Eu estou bem — disse, tranquila e ele concordou, se aproximando para nos abraçar.

ACIDENTE DE UMA NOITE || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora