- Grandes mudanças -

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Go-eun

   — Posso te perguntar uma coisa? — questionei e o vi assentir. — Você se... arrepende? Sabe... Daquela noite — perguntei sobre a noite que transamos a primeira vez, então ouvi seu suspiro e me virei para ele, vendo ele encarar o teto, como se pensasse na resposta que daria.

   — Quando você contou pros meus pais que estava grávida, eu fiquei com raiva. Fiquei irritado, porquê não queria que tivesse contado pra mim e pra ele ao mesmo tempo. Eu sabia que poderíamos ter tido um destino diferente, eu poderia ficar com o bebê, sem casar com você — contou, negando com a cabeça e eu concordei.

   — Por isso que me repudiou tanto.

   — A gente podia ter feito algo. Talvez, eu quisesse te esconder dele, eu sabia que aquele egocêntrico odiaria ter um neto. Eu sei o quanto ele odiou, quando Mokseong nasceu e com o nosso bebê não foi diferente — disse, olhando para o meio da cama, parecendo se perder ali, por alguns segundos. — Casar com você me irritou no começo, mas vejo agora o quanto foi bom pra nós dois.

   — Eu acho que foi, mas não respondeu a minha pergunta.

   — É... Não respondi.

   — Você se arrepende — falei, perplexa e ele apertou os olhos.

   — Arrepender é uma palavra muito forte. Só acho que foi irresponsável e desnecessário. Aquela camisinha... Por que teve que estar furada? — Sua pergunta doeu o meu coração, mas ele se virou, sorrindo e passou a mão no meu cabelo. — Eu me arrependi no primeiro momento. Quando me contou da gravidez. Hoje, eu repetiria de novo e de novo.

   — Tudo bem — falei, então o abracei, sabendo que o meu bebê acordaria em algumas horas. No dia seguinte, minhas amigas, se despediram e foram embora, mas pelo menos, arrumaram suas camas, antes de ir. — Bom dia, amor — cumprimentei, quando o vi descendo as escadas e ele olhou ao redor.

   — Vamos tomar café em um lugar aqui perto? — convidou, então eu concordei, pegando meu filho, vendo ele sorrir e Jungkook se aproximou, curioso. — Eu estou vendo esse dentinho nascendo — comentou, carinhoso e eu dei risada, enquanto ele enchia a bochecha do nosso bebê de beijinhos.

   Quando chegamos no lugar, ainda do lado de fora, seu olhar se focou em um homem que estava sentado na mesa do lado de fora da cafeteria, então ele se aproximou, curioso e o senhor pareceu reconhecê-lo.

   — Jungkook, quanto tempo eu não te vejo.

   — Não imaginava te encontrar no Japão — respondeu, segurando a mão para o homem, como se pedisse uma benção e se curvou, demonstrando respeito. Eles pareciam próximos.

   — Bom, depois do que aconteceu com Sae-rom, decidimos nos mudar pro Japão. Ela adorava esse café — disse, o senhor e Jungkook sorriu, olhando ao redor do lugar. — É bom te ver, de novo, filho. Só nos falamos por telefone. Contou que se casou, não é? — Ele concordou e eu franzi o cenho, mas imaginei que eles se conhecessem.

   — É bom te ver também. Faz muito tempo — contou e me olhou, me estendendo sua mão, como forma de me chamar. — Young-chul, essa é a minha esposa, Go-eun e o nosso filho, Toseong. Resolvemos dar uma homenagem ao Mokseong. — O homem me olhou e eu me curvei, segurando meu bebê de maneira segura.

   — É um prazer te conhecer.

   — Ele é o pai da Sae-rom — contou, carinhoso e eu abri a minha boca e voltei a olhar o homem.

   — Sua filha era maravilhosa.

   — A conheceu?

   — Não, mas pelo que Jungkook fala dela, ela parecia ser tão incrível — avisei, então meu marido sorriu, dando de ombros, sem graça. — Esse é o nosso bebê. Todo mundo da família dele, diz que ele é muito parecido com Mokseong — disse, me aproximando com o bebê e ele o segurou, o encarando como se ele fosse de ouro.

   — Estavam falando a verdade. Os dois puxaram muito ao Jungkook — contou, esperançoso e eu sorri, animada com as suas palavras.

   — Queria muito ter conhecido ela. Sae-rom parecia ser tão incrível — confessei e ele concordou, me devolvendo Toseong. — Sinto muito pela sua perda. Quando eu conheci Jungkook, ele ainda estava tão abalado, nem imagino o que o senhor deve ter passado — lamentei, verdadeiramente e suspirei, tristonha.

   — Eu sei que ela deve estar com a minha esposa e o filho agora — disse e eu concordei. — Jungkook é um bom garoto. Tem sorte de tê-lo como marido — contou e eu sorri, contente. Saturno estendeu os bracinhos em direção ao pai, esse que o segurou, carinhosamente e deu um beijinho na bochecha do pequeno.

   Quando voltamos para casa, ele pegou seus cadernos, se sentando na sala e apoiando suas folhas na mesinha, começando a desenhar o bebê que tentava ficar de pé apoiado na mesa. Um sorrisinho se formou no rosto do bebê que, apoiado, foi até o papai e olhou o papel com curiosidade.

   — Você gostou? Quem é esse? — perguntou, Jeon, mostrando o papel à ele é o bebê bateu palmas dando risada, acabando por perder o equilíbrio e cair sentado. Toseong não consegue ficar em pé sem ter algo para segurar. — Esse aqui é o nenê — avisou, deitando no chão e mostrando o papel à criança.

   Com os meses passando, fui obrigada a pedir demissão. Não conseguiria trabalhar para uma empresa coreana, estando no Japão. Jungkook pediu para que eu começasse a administrar a minha própria marca, mas digamos que... nada tem dado certo e aquilo me agoniava. Eu estava sentada no chão do cômodo que eu usava para trabalhar, brincando com Toseong para me distrair.

   — Quem sou eu, hein? Quem sou eu? — questionei, curiosa. Eu e meu marido temos tentado encorajá-lo a falar algumas coisas, já que ele apenas balbuciava algumas coisas.

   — Mamãe — disse, atrapalhado e eu arregalei os olhos, sorrindo, animada.

   — É, amor. É a mamãe — falei e chamei Jeon que estava em seu ateliê, esse que correu, desesperado. Acho que usei emoção demais para chamá-lo. — E ele, bebê? Quem é aquele? — indaguei, apontando para o homem, esse que se acalmou e sentou ao meu lado, vendo o filho, sorrindo se mostrar os dentes nascendo.

   — Papai — contou, embaralhado e Jeon sorriu, pegando a criança no colo e enchendo o rosto dele de beijinhos.

   — Achei que estaria trabalhando, amor — disse e eu dei de ombros, chateada. — O que aconteceu? Conta pra mim — pediu e eu fiz um biquinho, sem esperanças.

   — Eu não me sinto com esperanças. Fiz uma coleção inteira e ninguém dá a mínima. Como você conseguiu? — perguntei, vendo ele sentar Toseong em seu colo e ele me deu um beijo na bochecha, como se me encorajasse a algo.

   — Você acha que eu consegui tudo da noite pro dia? Eu vendo quadros, desde que eu tinha quatorze anos, só agora começou a dar certo. Não seja tão dura com você mesma — avisou e eu mordi os lábios, incerta. — Vai conseguir algo, mas precisa ter paciência pra isso. — Concordei com a cabeça e suspirei, me levantando.

ACIDENTE DE UMA NOITE || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora