ACIDENTE DE UMA NOITE || JJK

- À nossa entrevista -

Go-eun

   Depois de me arrumar dentro dos padrões exigidos, eu desci as escadas e Jungkook sorriu já na sala, me estendendo a mão. Eu abri o meu sorriso e corri até ele, segurando em sua palma, logo vendo os repórteres dentro da casa. Eu os cumprimentei com a cabeça e logo foram chamados para tomar café na sala de jantar. Jeon soltou a minha mão, soltou como se nunca a tivesse segurado e o meu sorriso sumiu. Poxa... as nossas pazes, foram uma mentira?

   Resolvi deixar esse pensamento de lado e suspirei, agoniada, seguindo-o para a mesa também, quando ele me chamou com a cabeça. Assim que me sentei, tive que colocar a mão na boca. Refluxo, refluxo. Eu me levantei correndo e abri a porta do primeiro banheiro que encontrei, colocando tudo do meu estômago para fora. Eu não estava bem para uma entrevista. Ainda não. Não parece nada certo.

   — Você está bem? — perguntou, Jungkook, abrindo a porta do banheiro e eu o olhei, assustada. Não esperava ver ele aqui. — Me deixou preocupado, você saiu correndo — comentou e eu concordei com a cabeça, me levantando da privada, então neguei com a cabeça, despreocupada. 

   — Não é nada. É meu enjoo diário. Ele tem diminuído, mas às vezes volta pra me perturbar — contei, sorrindo e suspirei, lavando a minha boca. — Vamos só... fazer aquela entrevista idiota pra eu voltar a ser eu mesma — pedi, agoniada e Jeon concordou, estendendo o braço para que eu o entrelaçasse o meu ao dele.

   — Sua atuação melhorou — elogiou e eu concordei com a cabeça. Tecnicamente, eu não estive atuando em momento nenhum, eu achei que ele se importava. Ele só me chamou para segurar a sua mão, porquê os repórteres já estavam na casa. Eu me sinto tão idiota. O que eu estava pensando? Jungkook só me enxerga como sua amiga e uma possível foda.

   — Vamos voltar — pedi, saindo do banheiro e eu percebi que o homem estranhou a minha reação. — Me desculpe por sair assim. Eu acabei ficando enjoada. Início de gravidez é complicado — contei, me sentando na mesa, novamente, então os repórteres avisaram que iríamos fazer a filmagem no lado de fora, no jardim da casa.

   Eu me sentei no banco do jardim e suspirei, vendo que o meu noivo se sentou ao meu lado, colocando a mão na minha coxa e sorrindo para mim. Odiei ter sentido meu coração acelerar e retribuí esse sorriso. As pessoas arrumaram as câmeras e eu mordi os lábios em nervosismo. Jungkook segurou a minha mão e apesar de saber que era tudo pela mídia, não pude evitar de sorrir.

   — A pergunta que não quer calar: como vocês se conheceram? — Eu apertei os meus punhos. Podia não conviver com a família de Jungkook, durante tanto tempo, mas eu tinha certeza que os pais dele, não queriam que a gente contasse a real versão. Então, com isso em mente, deixei a resposta com o mentiroso.

   — Por que você não conta, amor? Você conta essa história, bem melhor do que eu — pedi, empurrando seu braço de leve e ele forçou uma risada, puxando minha cintura para beijar a minha bochecha, então voltou a olhar para a repórter.

    — Ela está sendo modesta. Tem certeza que não quer contar? — perguntou e eu concordei com a cabeça. Jamais conseguiria inventar uma história, enquanto a conto. — Bom, eu gosto bastante de ler, então resolvi ir pra uma biblioteca e conheci o amor da minha vida, lendo um dos meus livros favoritos — contou, me olhando sorrindo, apaixonadamente. Não pude evitar de morder os lábios para conter um sorriso.

   — É... Eu me lembro do escândalo que fez ao me ver lendo aquele livro.

   — O que posso fazer? As obras de Shakespeare foram as melhores que já li — retrucou, negando com a cabeça e eu acabei rindo de sua declaração. Acabei de conhecer um novo fato sobre meu noivo: ele gosta das obras de Shakespeare. 

   — Eu já conhecia esse seu lado vitoriano — falei e ele concordou com a cabeça, como se rendesse ao fato que eu havia dito e sorri. — Eu entendo. Eu adoro ele também. — Nunca li um livro desse cara. Na verdade, acho que nunca li um livro. Ponto. 

   — Vocês são lindos, de verdade. Agora, o bebê de vocês foi planejado? — Quer mais perguntar mais nada? Qual é o número do meu CPF? Com quantos anos perdi a virgindade? Qual é a cor do meu sutiã? São várias perguntas e todas, igualmente, invasivas. Eu me encostei no banco, tentando continuar com a expressão gentil que eles pediram. Porra. Será que Jungkook se sente assim também?

   — Com certeza. Depois que a pedi em casamento, nós dois tínhamos o mesmo sonho, ter um bebê. Então... pra que esperar? — questionou, puxando minha mão para perto de sua boca, onde ele a selou com um beijo casto. — Estamos muito ansiosos pra conhecer o nosso pequeno polegar — confessou, verdadeiro e eu concordei.

   — Agora, sobre o casamento. Sabemos que vocês vão se casar, daqui a dois meses, como está sendo a preparação feita tão às pressas? — A sua pergunta me preocupou. Eu não havia terminado a costura do meu vestido, mas essa é uma boa oportunidade para falar sobre isso. 

   — Bom, com certeza, está muito corrido, mas vamos dar um jeito e... eu estou falando demais. me diga você, amor. Como está sendo pra você? — questionou, Jungkook e eu tomei aquela pergunta para, simplesmente, desabafar. Como estava sendo para mim tudo aquilo? O que eu estava sentindo? 

   — É... assustador. Tanta coisa pra arrumar em tão pouco tempo e eu ainda quero costurar o meu vestido de noiva, mas... tem tanta coisa acontecendo que eu não sei se vou conseguir, mas espero que sim. Tenho boas sensações pro meu casamento — confessei, animada e ele percebeu que eu dizia a verdade, mas não demonstrou uma reação muito explícita. 

   — E quanto aos pais, vocês devem estar muito felizes. 

   — Com certeza, Jungkook sempre nos deu muito orgulho — contou, o pai do Jungkook, colocando a mão em seu ombro e o filho, o olhou sorridente. Senti sinceridade nos olhos do mais novo. Então, eu percebi. Apesar do meu noivo dizer que não liga para o seu pai, o motivo de fazer tudo que ele manda é que ele ainda quer que o seu pai diga isso à ele. Sem estar em uma entrevista, apenas entre os dois.

   Jungkook queria se sentir amado.

   No final do dia, eu me arrumei, colocando meu pijama para ir dormir. Eu tenho ficado no quarto do pai do meu filho todas as noites. Eu não sabia o motivo, mas me sentia confortável ali. Talvez, seja pelo bebê. Eu não tenho certeza. No meio da noite, senti os braços de Jungkook me rodearem e ele começou a beijar o meu pescoço.

   — Não, Jungkook. Sai — pedi, tirando seus braços que estavam em volta da minha cintura e ele me olhou, confuso, mas não questionou a minha decisão. Eu fechei os meus olhos, chateada, segurando as lágrimas que eu queria soltar. Eu estava me sentindo tão sozinha e mesmo assim... eu estava cercada de pessoas. Não podia me entregar assim. Eu era só uma foda para ele.