- Tokyo é uma opção -

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Go-eun

   Já haviam se passado uma semana, desde que decidimos ir para Tokyo. Eu não estava completamente de acordo, mas o plano era bom. Ficar por lá, para encontrar um lugar para morar. Seria melhor e mais saudável para o nosso Toseong. Ele teria uma vida mais normal por lá. Era o que eu mais queria para o meu filho.

   — Tudo pronto? — perguntou, apoiando-se no batente da porta, enquanto eu arrumava tudo que eu tinha para fazer.

   — Quase tudo. Eu vou fechar as bagagens e colocar uma roupinha no Toseong, aí já vamos poder ir — contei, fechando as malas, enquanto o bebê estava chupando a bubu de olhos fechados, mesmo que estivesse acordado.

   — Que roupa você vai por?

   — Essa aqui — avisei, mostrando a peça à ele.

   — Deixa que eu visto — contou e eu concordei com a cabeça, indo pegar as coisas e descer com elas. — Vou sentir falta desse lugar. Pelos menos, não vamos mais ter que lidar com ele. — Eu já sabia o que aconteceria, eu não demoraria a ter que pedir demissão. O que eu não me importava, verdadeiramente. Eu queria abrir minha própria marca de roupas, isso pode me dar uma alavancada, já que é um recomeço.

   — Vejo você lá embaixo — avisei, dando um beijo na sua bochecha e fazendo cócegas na barriguinha do meu bebê. — Que bagunça — disse, agoniada com a situação. Analisando a situação: engravidei; fui forçada a casar; meu filho nasceu, agora querem nos separar.

   Eu suspirei e Jungkook não demorou a descer as escadas com o nosso bebê no colo. Ele me entregou o pequeno, pegando as bagagens e descendo para o carro. Eu me sentei no banco do passageiro, enquanto Jeon arrumava seus últimos desenhos no carro, já que ele queria levar algumas coisas para o novo país.

   — Não se preocupe, Toseong. Nós vamos pra um lugar bem melhor que aqui — disse, como se ele pudesse entender e o pequeno colocou a mão na minha camiseta, a puxando, como se quisesse pedir algo. E eu sabia o que ele queria. — Tudo bem, você venceu. Aqui — falei, arrumando a minha roupa e o dando de mamar, esse que fechou os olhos, enquanto bebia o leite.

   — Tudo pronto — avisou, entrando no carro e eu sorri. — Vamos no aeroporto agora. As passagens já estão compradas. Não podemos deixar rastros — disse e eu suspirei, chateada. Não queria que ele tivesse uma ação tão extraordinária, quanto mudar de país para fugir dos seus pais.

   — Espero que a gente esteja fazendo a coisa certa.

   — Eu sei que é assustador, mas acho melhor. Não vamos embora pra sempre, vamos visitar sua mãe, suas... — Quando ele percebeu que citaria minhas amigas, parou a sua fala. — Deixa pra lá. — Voltou sua atenção para o volante e deu partida no carro.

   — Vamos ver o nosso novo lar — avisou e eu concordei com a cabeça, sorrindo, esperançoso. — Está animada? — perguntou, então eu concordei. O bebê não demorou a terminar a sua comida e eu deixei ele sentado no meu colo, já que fazia algum tempo que ele havia aprendido a fazer isso.

   — Eu... estou animada, mas estou com muito medo também — confessei, arrumando a roupinha do bebê. — Você tem medo? Sabe, é outro país. Uma linguagem diferente. Eu não sei como sobreviver à isso. É assustador — disse, ansiosa e ele segurou a minha mão, mantendo a outra no volante.

   — Eu não posso dizer que não estou assustado, mas estou fazendo o melhor pela minha família — contou e eu concordei com a cabeça, fechando os olhos para me acalmar e não demoramos para chegar ao aeroporto. — Prontinho. Já podemos pegar o nosso voo. Você vem? — questionou, quando eu fiquei muito tempo parada, depois que ele terminou o check-in.

   — Vou — respondi, indo com ele até o nosso voo. Eu respirei fundo, nervosa pela decisão tão repentina. Ela aconteceu do nada, mas parecia fazer sentido para nós dois. — Parece que tudo que acontece com a gente é de repente.

   — Gostamos do de repente. — Eu sorri e entramos no avião, nos sentando em nossas cadeiras da primeira classe. Eu fiquei incomodada com algumas coisas e roí as unhas o caminho inteiro, imaginando o que aconteceria com a gente, agora que estávamos mudando tanto. Jungkook disse que seu avô havia o presenteado com uma casa e ambos não contaram ao pai dele, era nela que iríamos ficar.

   — Sabe... eu sei que só estamos adiando o fato de que vou ser demitida em breve — avisei, assim que pousamos e nos levantávamos dos assentos. A coisa boa era que o meu filho não havia acordado muitas vezes, durante o voo e consegui resolver rapidamente, todas as vezes que ele abriu a voz para gritar por alguma coisa.

   — Eu acho que isso vai acontecer alguma hora, mas também pensei nisso. Amor, você é talentosa — falou, enquanto íamos em direção à um táxi. — Consegue fazer coisas que ninguém mais faz com uma agulha. Então, por que não abre sua própria marca? Vai conseguir ser CEO da sua própria marca. Sem ter que trabalhar pra outra. Não sonha em ter um lugar no mercado?

   — Claro, mas... não sei se consigo.

   — Você consegue fazer qualquer coisa. Se você consegue sonhar com isso, consegue fazer — aconselhou e eu concordei, incerta, mas com muita vontade de tentar, mas por enquanto, eu tentaria manter o meu emprego, enquanto puder. Afinal, o dinheiro não estava caindo do céu. Nunca caiu do céu.

   — Um táxi. Vamos conhecer nossa nova casa? — Concordei com a cabeça e ele abriu a porta para mim, enquanto colocava as malas no carro. Basicamente, não tínhamos uma vida de luxo na nossa antiga casa, ele não queria. Então, me prometeu que nessa nova moradia seria a mesma coisa e eu escolhi acreditar. Sabia o quanto Jungkook preservava a privacidade. — Pronto. Prometi que não seria luxuoso, nem grande. Fecha os olhos e confia em mim — pediu, esperançoso e eu concordei com a cabeça, enquanto ele tirava Saturno de meu colo e saía do carro.

   — Eu espero que não esteja me abandonando — falei, fazendo piada e ele riu, enquanto segurava em minha mão. — Vou confiar em você — disse, sentindo ele puxar as minhas mãos e ele parou de andar, me deixando confusa, mas ele logo me disse o que queria.

   — Pode abrir os olhos. — Eu obedeci e vi a casa mais linda do mundo. Visto de fora, parecia grande. Dois andares, cercada de plantas e um quintal com grama. Eu já conseguia ver a felicidade do meu filho em correr por esses lugares e só isso me deixava imensamente feliz. — Bem vinda à nossa nova vida. — Eu olhei para ele e sorri, animada, o dando um selinho.

   Vamos brindar à isso. À nossa nova vida.

ACIDENTE DE UMA NOITE || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora