Minho, com apenas 17 anos, pisava novamente em solo coreano, retornando a Busan para finalizar os estudos. Havia deixado sua cidade natal aos 13 anos, levando consigo promessas e lembranças que o tempo e a distância não apagaram. Agora, ao ter a chance de cumprir o que prometeu, um sentimento misto de entusiasmo e preocupação o invadia. Ele finalmente reveria alguém especial, alguém que nunca saiu de sua mente. Mas junto com a animação, surgia a apreensão quanto à sua reputação e ao histórico escolar. Nos Estados Unidos, onde passou os últimos quatro anos, as aulas pareciam um obstáculo dispensável. Suas notas, apesar de altas, foram fruto de uma presença intermitente, limitada a provas, e sua ficha de frequência exibia uma longa lista de ausências. Não era um aluno exemplar e, pior ainda, sua reputação o precedia.
Resolver os negócios inacabados do pai, um ex-integrante de uma das máfias mais conhecidas da Coreia, consumiu grande parte de sua adolescência, forçando-o a amadurecer e encarar perigos cedo demais. Envolvido em brigas, confusões e até algumas detenções, ele carregava as cicatrizes – visíveis no rosto e ocultas na alma.
A caminho do portão da escola, Minho mantinha o rosto impassível, indiferente aos olhares curiosos e cochichos que o seguiam. Alguns estudantes o encaravam com espanto; outros, reconhecendo o nome e as histórias por trás dele, hesitavam entre admiração e temor. O filho de um ex-mafioso, famoso em Busan, agora era um aluno ali. Para alguns, a sensação era de estar em frente a um herói lendário; para outros, um fantasma perigoso.
— Realmente, essa escola não mudou nada — murmurou, enquanto atravessava o corredor familiar, sentindo uma mescla de nostalgia e estranheza. Tinha estudado ali no ensino fundamental, e, agora, observava os corredores cheios de adolescentes desgastados e desinteressados. Isso já o entediava apenas de olhar.
Depois de encontrar sua sala, parou na porta, respirando fundo e sentindo a adrenalina pulsar, embora tentasse parecer relaxado. Bateu levemente no batente, atraindo a atenção de todos para si. A professora, uma mulher de sorriso gentil, ergueu o olhar, surpresa.
— Bom dia! Você é o aluno novo, certo? — Ela parecia uma boa pessoa, o tipo que recebia todos com entusiasmo genuíno. — Entre, por favor, e se apresente à turma.
Minho assentiu e caminhou até o lado dela, voltando-se para os alunos. Enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta de couro preta e inclinou levemente a cabeça, estudando os rostos curiosos à sua frente.
— Meu nome é Minho — disse com desinteresse, olhando então para o fundo da sala, onde um rosto familiar o observava. O olhar encontrou o dele, e Minho sentiu uma onda de nostalgia e estranheza no peito. — Mas sou mais conhecido como Lee Know.
Ao ouvir o apelido, alguns alunos arregalaram os olhos, outros recuaram levemente. "Lee Know" era um nome significativo, criado na infância e adotado como sua alcunha nos círculos em que o pai um dia estivera. Não era apenas um nome; carregava histórias e uma certa reverência.
A professora riu, com um leve nervosismo. Aquele nome causava efeito, mas parecia que alguém ali não estava impressionado ou assustado, mas sim... intrigado. Era o garoto da última carteira, cujo olhar parecia diferente.
— Professora, como líder do grêmio estudantil e da sala... posso mostrar a escola para ele? — O garoto disse, atraindo ainda mais olhares surpresos. Ele não era alguém que se envolveria com esse tipo de situação, especialmente com alguém como Minho.
A professora, encantada com a sugestão, olhou para Minho, esperando sua resposta. Ele apenas assentiu, e o sorriso dela se iluminou.
— Perfeito! Vocês podem ir então. — A professora esperou o garoto acastanhado se aproximar de Minho e os acompanhou até o corredor, contente com a possibilidade de ver a opinião dos outros mudando. Sabia da fama de Minho, mas acreditava que ele não era o que todos diziam; precisava apenas de uma chance.
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Angels like You - Minsung
Fanfiction"Hannie, anjos como você não podem voar até o inferno comigo..."