Todos já haviam voltado para o carro. O silêncio, pesado e sufocante, parecia encolher o espaço dentro do veículo, como se a tensão entre eles fosse palpável. Jisung estava mergulhado em seus pensamentos, seus punhos cerrados com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos. Felix, ao seu lado, o observava atentamente, ciente do turbilhão de emoções que o maior estava enfrentando. Ele sabia exatamente no que Jisung estava pensando... Se entregar a Kai para salvar Minho era a única solução que pairava em sua mente, uma ideia que o consumia. Felix desviou o olhar para os bancos da frente, buscando alguma distração, e encontrou o olhar de seu irmão Chan pelo retrovisor. A expressão de Chan era uma mistura de tensão e tristeza, os ombros rígidos como se carregassem o peso do mundo.
Finalmente, chegaram à casa de Minho. O carro parou suavemente, mas a tensão entre eles não diminuiu nem um pouco. Quando Jisung se preparava para sair, Felix, decidido, anunciou que ficaria com o garoto. Seu irmão assentiu, aceitando sem palavras. Jisung se despediu de Chan com um breve toque de mãos, um sorriso triste no rosto, e observou enquanto o carro desaparecia lentamente na escuridão da rua, deixando um vazio opressor em seu peito.
— Jisung, vamos salvar o Minho. — Felix sussurrou, a voz baixa e determinada, enquanto esperava que Han abrisse a porta da casa.— Ligue para o Kai e diga que aceita a proposta, mas que eu também vou.
— Você não pode fazer isso, Chan e Hyunjin enlouqueceriam se soubessem. — Jisung respondeu com seriedade, a expressão fechada enquanto finalmente abria a porta, entrando na casa seguido por Felix.
— Eu sou o cara que traiu vocês uma vez, o mesmo que atirou no próprio irmão. Se alguém tem que se arriscar, sou eu! — Felix começou, a voz carregada de uma dor antiga e um peso que ele carregava há muito tempo. — Por tudo que já fiz, não estou fazendo isso por você ou pelo Minho, mas sim pelo meu irmão. Ele já perdeu muita gente, lidou com tanta merda... não pode perder o melhor amigo também. Diferente de mim, Minho sempre esteve ao lado dele. Mas também sei o que significaria se você estivesse em perigo. Seu namorado ficaria louco, e por ele ter protegido o que era mais importante para mim, eu vou proteger você.
Cada palavra saía de Felix como uma confissão há muito reprimida, algo que ele precisava dizer, como se estivesse exorcizando os próprios demônios. Jisung o encarou, seu rosto inexpressivo, mas seus olhos traíam a confusão e o tumulto de emoções dentro dele. Ele não sabia o que dizer, como responder àquilo. Tudo que ele queria, naquele momento, era ver Minho.
— Certo, vou ligar para ele.— Disse, sua voz soando mais firme do que ele realmente se sentia. Jisung então pegou o celular e ligou para Kai, marcando o encontro que selaria o destino de todos.
Na manhã seguinte, antes do sol sequer se levantar completamente, Jisung e Felix pegaram suas coisas e desapareceram sem deixar rastros. Deixaram apenas uma carta para trás, uma despedida silenciosa. Encontraram-se com Kai, e após uma longa e tensa negociação, o tatuado finalmente cedeu, aceitando que Felix também trabalharia para ele. A única exigência de Han era ver Minho, uma condição à qual Kai concordou relutantemente.
[...]
Minho estava tonto, sua cabeça latejava como se estivesse sendo esmagada por dentro. Ele ouvia Doona gritar com seus subordinados, a voz aguda e irritante perfurando seus ouvidos. O moreno revirou os olhos, tentando ignorá-la, e abaixou a cabeça novamente, buscando algum alívio na escuridão por trás de suas pálpebras fechadas. Quando finalmente houve silêncio, ele soltou um suspiro aliviado, mas o breve momento de paz foi interrompido pelo som da porta se abrindo. Ele levantou a cabeça lentamente, a visão embaçada. Pisquejou algumas vezes, tentando focar, e quando finalmente conseguiu, avistou Jisung ali, ao lado de um homem desconhecido. Confuso, Minho deixou escapar uma risada fraca, acreditando que estava alucinando.
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Angels like You - Minsung
Fanfic"Hannie, anjos como você não podem voar até o inferno comigo..."