No interior do veículo, a agonia dominava Jisung; suas unhas eram vítimas de sua ansiedade, enquanto a perna esquerda denunciava inquietação com movimentos incessantes. A tensão, tão asfixiante quanto a respiração em uma multidão sufocante, preenchia cada centímetro de seu ser. Han, por sua vez, nutria aversão a lugares lotados, uma sensação que rivalizava apenas com o temor de perder Minho. Nessa batalha interior, Jeongin e Changbin estavam ausentes, privando-os de habilidades vitais; Jeongin, hábil atirador, havia treinado ao lado de Minho na juventude, enquanto Changbin, a fortaleza do grupo, era insubstituível junto a Chan. Sem a força e perícia desses dois, enfrentar a guerra certamente seria mais árduo do que na última empreitada.
Desembarcaram um quarteirão antes, Felix e Jisung, enquanto Chan contornava com o carro para um local seguro. A missão consistia em neutralizar os capangas que mantinham a visão externa. Para tal tarefa, Felix e Jisung eram os ápices da destreza, munidos da Carabina Chiappa MFour-22 com silenciador do Acastanhado e do arco e flecha do habilidoso Sardento. Executaram sua ação com destemor: Felix extraiu a flecha da bolsa nas costas, sem hesitação, atingindo precisamente a cabeça de um dos homens armados à distância. Jisung, com mira aguçada, concentrou-se nos capangas no telhado do ferro-velho, enquanto seu companheiro eliminava o último, estrategicamente posicionado na ponta do local, em vigília.
- Os primeiros alvos foram neutralizados. Tudo está preparado para a próxima etapa. - Felix comunicou pelo rádio, firmando seu arco antes de correr até a esquina do ferro-velho, encontrando-se com Han e os demais membros do grupo.
Han soltou um suspiro pesado, depositando sua arma no capô do carro enquanto ajustava suas luvas com precisão. Recuperou sua arma e avançou decididamente em direção ao ferro-velho, todos os olhares convergindo para a residência com uma tensão palpável.
- Vamos lá. - Chan disse, passando por Jisung.
O grupo de cinco se dividiu em dois: Chan formou um duo com Hyunjin, enquanto Jisung se juntou a Seungmin e Felix. A dupla avançou primeiro, seguindo pela frente, enquanto os demais planejavam entrar pelos fundos. Com o portão do ferro-velho fechado, a única opção de entrada para a dupla era a janela, e Bang Chan foi o primeiro a invadir o local. Encontrou um capanga desavisado, agarrando-o por trás, tampando sua boca e apontando uma arma para sua cabeça.
- Vou deixar você ir, mas antes preciso de informações. - O loiro sussurrou, enquanto Hwang invadia o local também. - Onde está o Minho?
- Eu não sei quem é o Minho, senhor. - O homem murmurou, suando frio com a arma apontada para ele.
[...]
Minho despertou sob um balde de água fria, o líquido misturando-se ao sangue que escorria pelo chão. Lee desviou seu olhar do chão para Doona, que lhe mostrava imagens das câmeras de segurança. Seu melhor amigo e Hyunjin apareciam com um refém em uma imagem, enquanto Seungmin, Felix e Jisung surgiam em outra.
- Jisung... - O moreno murmurou, a voz fraca, mas audível.
- Eles querem te resgatar, uma pena... - Doona disse com sarcasmo. - Estão no lugar errado; tudo que encontrarão será meu irmão, não você.
Minho sentiu as palavras da garota ecoarem à sua volta, mas sua mente estava imersa nas imagens de seu namorado. Naquela cena, Jisung encarava diretamente a câmera que o filmava, como se estivessem trocando olhares intensos. Uma onda de emoção tomou conta de Minho ao ver o rosto de Jisung, seu coração apertando com a mesma intensidade da dor que havia experimentado horas antes. Ele não suportava a ideia de colocá-lo em perigo; afinal, estava ali justamente para protegê-lo. Com a cabeça baixa, Lee negou com veemência, suas lágrimas misturando-se às gotas de sangue e suor que caíam no chão.
- Jisung... - Minho murmurou, mas suas palavras se perderam na angústia que o consumia.
- Tem alguma religião, Minho? Será bom rezar para que eles fiquem bem e que meu irmão seja piedoso. - Doona deu dois tapinhas fracos no rosto do moreno, que ainda permanecia com a cabeça baixa, perdido em seus pensamentos torturantes.
Era uma sensação de impotência avassaladora. Tudo o que haviam enfrentado juntos, todas as batalhas travadas, pareciam ter sido em vão. Para Minho, Jisung era como um anjo, alguém puro demais para ser arrastado para o inferno ao seu lado. A ideia de continuar com ele significava condená-lo à própria morte.
[...]
Jeongin quebrou o silêncio tenso que pairava na casa do irmão desaparecido, chamando por Changbin. A atmosfera estava carregada, como se a preocupação e a incerteza fossem tangíveis no ar, envolvendo-os em um manto de angústia. Ambos estavam mergulhados em seus próprios pensamentos, cada um perdido em um mar de receios e suposições inquietantes.
Changbin levantou os olhos ao ouvir seu nome, encontrando o olhar preocupado de Jeongin. O suspiro cansado que escapou dos lábios do mais novo era acompanhado por um movimento negativo de cabeça, evidenciando sua frustração crescente.
- Você deveria ter ido... - lamentou Jeongin, a frustração evidente na sua voz. - Eu não tenho um bom pressentimento, Changbin! Você deveria ter ido com eles.
Seo permaneceu em silêncio, seu olhar fixo no rosto preocupado de Jeongin. Normalmente, a falta de resposta teria irritado o mais novo, mas naquele momento, o olhar de confiança e calma transmitido por Changbin trouxe uma sensação reconfortante, como um bálsamo para sua alma inquieta.
- Eles não precisam de mim lá - respondeu Changbin, sua voz serena contrastando com a tensão que permeava o ambiente. - Confie em mim. Quando precisarem, eu e você estaremos lá por eles.
Jeongin reconhecia a constante presença de Changbin em sua vida, desde os tempos em que moravam nos Estados Unidos. O mais velho sempre o incluía em tudo, nunca o deixando enfrentar desafios sozinho. Somente naquele momento é que Jeongin percebeu a verdadeira profundidade desse vínculo, a firmeza de uma promessa silenciosa que sempre esteve ali.
Seo o observou por alguns segundos e soltou um sorriso reconfortante, levando sua mão até a cabeça do menor, bagunçando seus fios azuis de forma carinhosa.
- Vai ficar tudo bem, Jeongin.
[...]
Jisung encarava a câmera que os filmava há um bom tempo, abaixando a cabeça e suspirando fundo, sentindo o peso da incerteza e da preocupação apertar seu peito.
- Aonde você está, Minho... - murmurou para si próprio, a angústia clara em sua voz.
- Ele não está aqui. - Uma voz desconhecida surgiu atrás de uma das colunas, fazendo os três rapidamente apontarem suas armas em direção à origem do som.
O dono da voz finalmente apareceu. Jisung o fitou, percebendo que era um homem alto, de pele clara e cabelos pretos, tatuado e com piercing. Seus olhos se fixaram no pulso direito do homem, onde avistou a tatuagem da família Kwon. O castanho abaixou a arma.
- Sou Kwon Kai, irmão do meio - o garoto soltou um sorriso simpático, mas Seungmin e Felix ainda o mantinham na mira, desconfiados.
- Se Minho não está aqui, eu quero saber onde ele está. - Han disse sério, sua determinação clara em cada palavra.
Kai sorriu, fitando Jisung dos pés à cabeça, avaliando-o.
- Então você é o garoto do Minho, o cara que matou metade dos meus homens... - O tatuado começou a andar lentamente em direção a Jisung, mas Felix o impediu, atirando de raspão e cortando sua bochecha.
Felix mantinha sua expressão séria; Minho havia protegido o que mais importava para si, então ele faria o mesmo por Minho.
- Relaxa, eu não quero briga - Kwon disse, limpando o sangue que escorria da sua bochecha. - Eu posso ajudar vocês a libertar Minho, mas tenho uma condição. Você, Han Jisung, trabalhará para mim.
Han se manteve em silêncio, processando a oferta, enquanto o maior simplesmente colocou seu cartão no bolso da jaqueta de Jisung e saiu andando.
- Tem muitos caras aqui, vocês não têm chances de ganhar sem que alguém morra, então saiam daqui logo - disse Kai antes de desaparecer de vez no meio das caixas, colunas e estantes, deixando uma sensação de urgência e incerteza no ar.
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Angels like You - Minsung
Fanfiction"Hannie, anjos como você não podem voar até o inferno comigo..."