Sarah
Cada dia está mais difícil conseguir manter minha atenção em qualquer coisa que não fosse as ameaças do Vinnie. Todos os dias às 19h em ponto, uma foto nova da Ali chegava em meu celular.
Seu estado físico parece piorar a cada dia . As manchas espalhadas por seu
corpo aumentam, e seus fios alaranjados já não eram mais tão extensos como antes.Eu não sabia mais o que fazer, e a cada momento em que me lembro de sua situação, uma onda de culpa inundava todos as míseras partes do meu corpo.
Pensei por milhares de vezes, na possibilidade de dizer algo para Monferrato e simplesmente deixá-lo tomar conta dessa situação. Como se dizer-lo sobre tudo isso, fosse resolver as coisas num pequeno toque. Ao invés de somente piorar tudo.
Eu não conseguia mais racionar, mas no fundo, a solução para tudo isso ainda estava guardada em uma parte do meu cérebro que eu temia em manter trancada. Voltar para Vinnie. Era isso que Vinnie queria.Saber que todos os dias quando acordasse, eu estaria lá para que ele pudesse fazer tudo aquilo que sua mente completamente e incomparavelmente insana elaborar dentro de si.
Um lado de mim, aquele que queria ajudar Ali, votava nessa opção. Mas o outro; que estava ganhando intensamente. Tendia em me manter aqui. Por mais sincera que minha amizade com a garota poderia ser. Eu tinha que vir em primeiro lugar.
Roselie estava a nos ensinar alguns passos novos. Ela era a mais velha aqui. Não conseguia sequer imaginar por tudo que ela deve ter passado até chegar no lugar onde estamos.
- Sarah , você está prestando a atenção? -A mulher, que mais parecia francesa por toda sua extensão e beleza, me olhou firme afim de conseguir minha atenção. - Venha, repita os passos comigo.
O nervosismo me dominou no segundo que percebera que não, eu não estava prestando atenção. Minha cabeça estava prestes a explodir, e sinto muito, mas passos de dança, não era uma coisa que conseguira focar agora.
Senti o olhar das outras meninas a perfurar minha pele. Elas estavam esperando alguma reação vinda de minha parte.
- Perdão Rosalie, não irei dançar hoje.
Sua expressão confusa foi a última coisa que vi antes de sair da enorme sala de ensaio. Segui até meu armário, onde peguei as poucas coisas que ainda estavam aqui. Desbloqueei meu celular e busquei o único número que me mandara mensagens nos últimos dias.
"Onde quer que esteja. Venha me buscar." Eu precisava acabar com isso.
Vinnie
Observava a garota ruiva quase morta a implorar por ajuda em minha frente. Eu podia fazer um milhão de coisas com ela. Mas nada se comparava ao prazer de ver Sarah gritar ao céus por misericórdia.
- Uma pena, não é mesmo? - Disse enquanto me sentava ao lado da garota praticamente nua, ela me olhava com indagação. - Que você não seja o suficiente amor. Você é muita bonitinha, mas você não é a minha garota.
- E então, por que não está com a sua garota ao invés de me torturar a troco de nada? - Era nítido em sua voz, que sua forca não existia mais. Alguns ferimentos teimam em continuar sangrando, fazendo com que o líquido vermelho escorresse por seu corpo. -
- A minha garota não estava a venda. E ela não quis vir. - Seu olhar agora estava mais confuso. Talvez se perguntando como eu poderia receber o não de uma garota. Não estou afim de arrumar briga com o Monferrato.
- Apenas uma garota não esta a venda. A favorita dele. Sarah. - Suas pupilas logo estavam dilatadas, arrisco-me a dizer que o ódio havia gerado isso. Sorrio ao perceber tal coisa. - Vocês se conheciam não é? Eu sabia, eu tinha certeza disso. Ela nunca disse de que comprador havia vindo, nem para mim, ninguém nunca comentou nada sobre isso.
- Se a Sarah fosse tão sua amiga, ela teria vindo no seu lugar. Mas ela optou por permanecer no conforto, enquanto você estivesse aqui, sofrendo. - Apenas pela feição da garota, eu pude perceber o quão fácil era plantar intrigas em sua cabecinha burra. - É isso que ela faz. Ela só pensa no bem dela própria.
Deixei o quarto onde a garota se rebatia, ainda tentando sair de suas algemas para talvez, matar aquela que costumava ser sua amiga.
Caminhei pelos longos corredores da casa, ainda não havia me acostumado por completo com o lugar. Fui obrigado a deixar minha casa, para poder vir para cá. Todos aqueles que trabalham comigo me fizeram inúmeras vezes a mesma pergunta; Por que ainda insista nessa garota, quando pode ter todas que quiser?. Em todas as vezes procurei as palavras certas para responder isso, mas depois de algum tempo percebi que elas não existam. Eu simplesmente insistia. Era uma obsessão. Era o ódio. O ato de possuir. Não era o suficiente, se não fosse ela. Não me sentia satisfeito em torturar alguém, se não fosse a pele dela a qual estivesse rasgando. Não era grandioso fuder com alguém, se não fosse a voz dela que estivesse gritando meu nome. Por algum motivo, apenas, não era.
- Senhor! A garota está de volta. - Antes que pudesse raciocinar sobre o que o homem estava falando, vi a imagem da garota a qual tanto pensava, ela estava no final do corredor, numa distância maior do que a que eu gostaria. Seu medo, estava misturado com ódio, e sua velha dose de deboche. -
Sem nem ao menos perceber, me peguei caminhando em sua direção.
- É bom saber que você continua voltando para mim, Sarah.
- Eu estou aqui pela Ali , Vinnie. Eu quero que você solte ela.
Não espere agradecimentos. Acho que Olivia não está muito bem com você agora, mas de qualquer forma.
Sarah
Minhas mãos soavam enquanto Vinnie abria a porta de onde muito provavelmente, a jovem ruiva devia estar. Não havia entendido o que Vinnie quis dizer com "Não espere agradecimentos. Acho não está muito bem com você agora."que Ali
Senti meu coração esmagar ao ver o estado decadentes a qual Ali estava. Suas mãos e tornozelos estavam presos em correntes, o chão manchado pelo seu próprio sangue, enquanto vestia o que sobrara de uma lingerie. Quando seu olhar se encontrou com o meu, corri para tentar ajudá-la de alguma forma. Pulei para trás com o rangido das correntes a se mexerem
violentamente.-Não toca em mim, sua vadia. Você mentiu pra mim, você me jogou no fogo pra poder se salvar. Você é um monstro, Sarah. Um monstro, eu te... - Antes que a garota terminasse seu discurso de ódio, um barulho alto pode ser escutado. Vinnie havia atirado. -
A temperatura morna das lágrimas a descerem, foi o que precisei para só então perceber que eu estava chorando. Respirei fundo diversas vezes, na tentativa de ter alguma relação a tudo aquilo. Lentame me virei para trás e naquele momento eu soube que tudo estava prestes a começar novamente. Dois homens enormes me cercaram, e me prenderam no lugar onde antes estava minha falecida amiga.
Olhei em seus olhos, e lá estava ele. Seus olhos ardiam em chamas.
Eu nunca havia tido tanto medo de um ser como tenho do homem a minha frente.
- Está pronta, querida? - Neguei com a cabeça, pedindo para aquilo. - ele que não fizesse
Nós podíamos ser apenas um casal normal se preparando para um jantar a dois. Mas estamos aqui. Nos preparando para mais uma seção de tortura.
