Sarah
Fazia mais ou menos duas horas que Vinnie havia ido embora. Algumas das garotas permaneciam perplexas olhando para mim, enquanto outras apenas conversaram, e uma minoria parecia nem ter me notado. Eu estava sentada num banco no canto da sala, sentia um olhar em específico vindo da cadeira quase ao meu lado.
Eu estava irritada, queria correr daquele lugar, mas nada estava me tirando mais do sério do que aquela garota me olhando.
- Você está bem? - Perguntei a pegando de surpresa, mas desta vez para minha surpresa ela apenas continuou parada, perplexa, e me olhando. - Garota, você tem algum problema?
- .Vi.Vincent. Eu o conheço.
Era o que me faltava.
- Sim, muitas pessoas o conhecem.
- Não. Mas eu o conheço muito, muito bem.
Estava tentando entender o que ela queria dizer com aquilo, e principalmente o porquê de ela achar que eu me importava. Então apenas acenei e concordei com o que ela dizia.
Escutei um estrondo por trás de mim, e todos se viraram para olhar. A garota havia jogado a cadeira em que estava sentada contra a parede.
- Você não está me escutando, não é? Você não está dando atenção. Ele é um monstro, você precisa se afastar, ele vai matar você, é isso que ele sempre faz.
Ela gritava descontroladamente, e batia seus dedos em sua cabeça, como se tentasse me mostrar o que estava pensando. Ela estava vindo em minha direção, mas em questões de segundo a garota caiu no chão e por trás dela pude ver a mesma mulher que havia me recebido. Ela estava com uma agulha na mão, agora vazia.
- Está tudo bem meninas, voltem a rotina.
A mulher puxou a garota pelos braços e começou a arrasta-la pelo chão até um corredor escuro.
Eu estava chocada. Não conseguia me mover, nem mesmo respirar estava sendo fácil. Que tipo de lugar o meu pai criara aqui, que pessoas eram essas. Qual o tipo de tratamento era dado a essas garotas?
Um sinal tocara e de repente todas as meninas se levantaram e começaram a andar em fila indo para uma escada, acelerei o passo até que conseguisse entrar em um lugar da fila e segui-las até onde quer que estivessem indo.
A primeira garota abriu uma porta e todas começaram a entrar, era um quarto. Com diversas camas e um criado mudo ao lado de cada uma. Não sabia se teria cama para mim, mas notei que uma estava vazia até então. Devia ser da garota cujo havia tido o surto.
Arregalei meu olhos quando notei que de um minuto para o outro todas as garotas estavam apenas com suas roupas íntimas, e então elas começaram a por uma espécie de camisola branca e longa, apropriada para uma mulher de oitenta e nove anos. Todos os seus movimentos eram tão sincronizados que me davam raiva, até a maneira que elas entraram em fila perfeitamente organizadas e em ordem, como se fizessem isso milhões de vezes todos os dias.
Me sentei na cama e comecei a tirar a bota que apertava meu pé. Vi dois pés parado a minha frente, pronto devia ser outra louca.
- Olá, meu nome é Anna. - Tudo bem, talvez essa ainda estivesse sã. - Seja bem vinda, e nos desculpe pela Addson. Às vezes ela tem esses surtos, mas depois ela fica bem. A dona Anne cuida dela.
Addison. Eu já tinha visto esse nome em algum lugar longe daqui, não me lembrava aonde ou quando mas não me era desconhecido.
- Prazer, Sarah. Me desculpe a pergunta, mas você sabe o porquê de ela ter essas crises?
