Vinnie
Fazia uma hora que estava esperando para poder falar com Kyo. Por mais insuportável que fosse a sensação de ficar sentado olhando para o teto, não sairia daqui enquanto não tivesse falado com o homem que estava dentro daquele pequeno escritório.
A secretaria que Kyo contratara ficava andando de um lado para o outro segurando alguns papéis, e pastas como se fossem a coisa mais importante do mundo. De vez em quando ela me olhava por cima de seus óculos, mas logo disfarçava. Depois de um longo tempo ouvi a mesma chamar meu nome, o som era tão baixo que por pouco escutava.
- O Sr.Cyr disse que você já pode entrar.
Assenti e segui meu caminho pelo resto do corredor, ao parar na frente da porta respirei fundo algumas vezes. Eu não podia me descontrolar, mesmo que tudo o que quisesse fazer era arrancar a cabeça dele, sei o quanto aquilo me custaria. Kyo tinha a mesma importância que eu no mercado, e não tinha o direito de tirar sua vida. Eram as regras.
Entrei por aquela porta e vi Cyr virado de costas, enquanto olhava algo pela janela. Joguei o enfeite de mesa em sua cabeça fazendo-o se virar na mesma hora.
- Que porra é essa cara?
- Que porra foi aquela Cyr, quem você acha que é pra ir até a minha casa, na minha ausência e transar com a minha mulher? Você tá louco seu desgraçado. - Eu gritava enquanto despejava socos por todo seu rosto, até fazer o mesmo cair no chão.
- Eu só fiz o que todos querem fazer. Você pega a filha do chefe e espera o que? Que as coisas sejam fáceis, então você é um idiota Hacker. Você pode ter sido o primeiro mas não é o único a querer ganhar vantagens em cima dela.
Parei de o socar e ele levou suas mãos até os lábios cortados e inchados, às coisas se misturavam na minha cabeça, todas as suas palavras e todo o ódio que vinha acumulando.
- Foda-se o que vocês querem, ela é minha. Isso também faz parte das regras caso não se lembre, não importa quem seja o pai dela, eu a escolhi porque quis e se você ou qualquer outro encostarem nela outra vez eu vou matar, quem quer que seja.
Sai de cima dele mas não antes de o dar um último soco e então seguir meu caminho para casa.
Sarah
Passei minha tarde com Lili, e ela me prometera de que quando Vinnie não estivesse presente, nós poderíamos conversar e tentar manter minha sanidade, talvez. Por mais que parecesse impossível.
Mesmo que aparentasse ter minha idade, ela conseguia ser graciosa como uma criança. Por mais que estivesse num mundo de assassinos, Lili conseguia parecer extremamente calma como se nada estivesse acontecendo. E eu a invejava por isso. Ela ainda se recusava a me contar como viera parar aqui, mas não imagino que tenha sido de uma forma espontânea mesmo que ela não deixasse transparecer.
Ao ouvir o barulho da porta, levantamos tão rápido que por alguns segundos me senti tonta. Vinnie entrou e seguiu em direção a escada, mas logo virou e começou a vir até nós.
- Arruma as suas coisas agora, você vai embora. - Minha primeira reação foi olhar para Lili, que também me encarava. Depois voltei a olhar para o homem que dava voltas pela sala, ele esfregava seu rosto como se aquilo fosse ajudá-lo a pensar. -
- Como assim, Vinnie? Eu vou pra casa? - A idéia me parecia tão reconfortante que estava a ponto de entrar em colapso. -
- O que? Você tá de brincadeira, lógico que não. Cala a boca e vai logo arrumar as suas roupas, ou você vai ir sem.
Meus olhos se encheram de lágrimas, não só por continuar vivendo nesse mundo podre, com pessoas como o Vinnie. Mas também por tamanha ingenuidade vinda da minha parte, em achar que deixaria voltar para casa. ele me
