Sarah
E então eu percebi que não estava pronta para aquilo, de todas as perguntas essa não era a que eu esperava escutar. Me mantive racional, pensei em tudo que ele havia me falado mas também em tudo que eu havia passado em suas mãos. Dei a ele o meu olhar mais sincero e compreensível possível.
-Não Vinnie . Me desculpe. Eu não sou capaz.
Esperei alguma reação de fúria, algumaagressão vinda dele, mas não. Ele apenas soltou sua mão da minha.
- Está tudo bem, eu entendo.
Me levantei do banco ficando parada a sua frente pensando mil e uma vezes no que estava prestes a falar e se aquilo sim poderia causar alguma reação nele, mas eu precisava o fazer.
-Eu quero te fazer uma proposta.
Vinnie me olhou no mesmo segundo, levantou-se e parou perto de mim, muito perto. Dei um passo para trás para que pudesse ao menos respirar, ele ainda me deixava muito nervosa.
- Eu ainda sei aonde é a casa do meu pai, se eu estiver certa lógico. Eu te ajudo a acabar com ele de uma vez por todas, nós faremos isso juntos, iremos acabar com todas essas mágoas. E quando tudo isso acabar você me dá a liberdade, sem seguranças, sem você, sem todas essas casas. A minha vida de volta.
Vinnie não falou nada, estava apreensiva, estava nervosa, mas quando eu o vi estendendo sua mão para mim soube o que era aquilo. Soube que eu finalmente poderia respirar outra vez. Apertei sua mão e dei um dos meus sorrisos mais sinceros, eu ainda tinha uma missão muito grande pela frente, e não poderia ignorar todas as mil chances de tudo isso dar errado, mas eu tinha que tentar.
Vinnie voltou a se aproximar de mim, mas não me afastei dessa vez. Ele colou nossas testas e sussurrou palavras inaudíveis. Senti suas mãos percorrerem minha cintura, fechei meus olhos recordando de quando namorávamos e nada disso tinha vindo a tona ainda, me lembrei também do que Senner havia me dito. Nossas famílias sempre tiveram problemas, nunca nos foi dada uma chance, de ser feliz ou de qualquer outra coisa. E então eu mesma o beijei, por livre e espontânea vontade, como havia feito quando estava bêbada, mas desta vez eu não precisei do álcool. Fiz porque quis, e porque sabia que Vinnie iria responder. Ele me segurou tão forte que imaginei que nunca mais iria soltar-me, entrelacei meus braços ao redor do seu pescoço e também o puxei para mim, senti seu rosto ainda molhado por causa das lágrimas e fiz questão de as enxuga-las.
Passamos tanto tempo nos focando apenas um ao outro que só notei o barulho da chuva quando de fato prestei muita atenção.
- E melhor nós irmos para dentro.
Vinnie concordou e fizemos o caminho de volta, o mais rápido possível já que estávamos ficando ensopados. Notei que eu estava de meia, com uma um camisola muito fina, e que alguém provavelmente iria ficar muito doente mais tarde.
Enquanto Vinnie abria a porta ouvi algumas conversas vindo da frente da casa, de longe pude enxergar Mark conversando com algum outro segurança, nesse exato momento ele olhou para onde estávamos, lhe dei um aceno sem nenhuma esperança de devolução, mas ele respondeu e então sorri.
- Você gostou dele? - Notei que Vinnis também estava o olhando, mas Mark não notara. -
- Ele foi muito gentil quando estava cuidando de mim.
- Te ajudando a fugir e mentir para mim? - Revirei meus olhos sem acreditar que ele estava mesmo falando isso. -
- Nós só fomos no mercado Vinnie. Como você pode ser tão idiota?
Ele ignorou meu comentário e entrou subindo direto, mas segui meu caminho em direção a cozinha onde as meninas estavam.
Elas conversavam, mas notei que pararam assim que eu me aproximei.
- E então? Ele falou com você? -Addison me perguntou. -
- Sim, as coisas estão mais claras agora, mas ainda tem algo que eu quero falar com vocês.
As duas se uniram a minha frente e então comecei a contar sobre a proposta que havia feito a Vinnie, mas eu havia escondido a parte em que eu iria embora, disse somente sobre o plano contra meu pai. Pedi que elas nos ajudassem mas apenas se quisessem, e no mesmo instante aceitaram. Mais tarde Vinnie se juntou a nós, e adicionou algumas idéias ao que tínhamos que fazer. Mas aquilo ainda estava incompleto, ainda havia mais uma parte. Thomas construiu um império, mas para isso ele irritou a muitas pessoas, está na hora de ir atrás delas.
Addison
Parei em frente ao lugar que passará anos, onde por muitas vezes vi garotas serem levadas por homens que acabariam com suas vidas. Respirei fundo e toquei a campainha, meu corpo gelou quando Anne abriu a porta.
-Addison? O que faz aqui? Pensei que tivesse ido ficar com seu irmão de uma vez por todas.
-Eu posso entrar, Anne? Acho que tenho uma coisa muito interessante a te dizer.
Vinnie
Esperei até que Kio terminasse de se despedir de sua nova namorada, alguma das mais de mil garotas que ele dizia amar pelo total de uma semana, no máximo.
- E então Hacker , o que foi? Você não estava por aí querendo me matar?
- Pois é Kio mas agora eu tô afim de matar outra pessoa, como as coisas mudam não é?
- E o que eu tenho com isso?
- É o Thomas, Cyr. - Foi visível o brilho nos seus olhos ao ouvir o nome pronunciado. Abri a porta do passageiro e sem perguntar ele entrou.
- Chegou a hora de alguém tirar esse homem do poder.
Sarah
Bati na porta umas dez vezes, mas deveria ser impossível escutar alguma coisa com o som tão alto que vinha dali de dentro. Procurei ver se tinha alguém no corredor, mas ao que me parecia estava vazio, me afastei um pouco da porta e então dei o chute mais forte que pude, ri orgulhosa quando a mesma se abriu.
Me deparei com umas cem mulheres dançando e bebendo, ao centro de tudo lá estava ele, sentado com duas ruivas no seu colo. Sempre tão estúpido.
Andei até ele tentando não esbarrar na diversa sujeira de festa espalhada pelo chão. Quando me viu abriu um sorriso debochado. Seus longos cabelos louros deram lugar a um topete penteado para trás perfeitamente arrumado.
- Sarah meu amor, você finalmente se cansou do Hacker?
- Olá Noah. - Falei afastando as garotas que o cercavam.
- Levanta dessa porra, eu preciso conversar com você.
